Coleção pessoal de Meirice

Encontrados 10 pensamentos na coleção de Meirice

Atenção senhores passageiros! Está na hora de renovar o passaporte!

Estaremos dentro de pouco tempo começando mais uma viagem com um tempo previsto em todo o trajeto de 365 dias. Carimbem o passaporte, definam o destino e embarquem na plataforma 2017. Quem tiver mágoas, ressentimentos, pendências e tristezas antigas na bagagem, favor descarregá-las no Balcão 2016, ao lado dos banheiros. Recomendamos o uso dos sapatos da boa vontade e as camisas do otimismo, evitando, durante a viagem, as saias justas da competitividade insana e os nós da gravata da ambição desenfreada.

Os passageiros que portarem sorriso nos lábios, coração aberto e mãos prontas a construir terão assento preferencial ao lado da janela da felicidade. Solicitamos a todos que apertem o cinto da esperança e recomendamos que ninguém, em hipótese alguma, utilize a saída de emergência durante a viagem.

Caso haja períodos de turbulência, mantenham a calma e a confiança no piloto desta aeronave, o Grande Comandante Universal. Em qualquer situação de medo ou desespero, contem também com nosso atendimento de bordo realizado permanentemente por nossos anjos do espaço que estarão ao lado de cada passageiro. Recomendamos durante todo o trajeto, atitudes de solidariedade, de atenção e carinho, principalmente, com as crianças e idosos, o que garante a participação em nosso programa de milhagem.

O ar das cabines, em virtude das ações do homem, está extremamente seco, por isto, sugerimos a ingestão de água durante toda a viagem. Além disto, moderação com os alimentos gordurosos. Recomendamos também exercícios físicos como exercitar as pernas, braços e pés, evitando os inchaços prejudiciais à saúde.

Importante lembrar, que embora tenhamos pessoas viajando em classes diferentes, nada assegura que na próxima viagem os passageiros terão direito aos mesmos assentos. Portanto, respeito e bom relacionamento com cada companheiro de viagem, independente da classe a qual pertença, será motivo de avaliação no momento do check-out. Para isto lembramos utilizarem o crachá da amizade e palavras de agradecimento e compreensão.

Teremos, como já é de conhecimento de todos, muitas escalas durante o trajeto, o que implica na necessária entrada e saída de pessoas, valendo recordar em todos os momentos da contínua confiança no Grande Comandante Universal.

A todos, uma excelente viagem!

Uma criatura tratada a vida toda como lixo, descartável, sem utilidade, julgada, maltratada, por pessoas que em nenhum momento a conheceram e que se pretendem boas, perfeitas, melhores. Um ser que deveria sumir, fugir, desaparecer como em uma cortina de fumaça.

Parece que tudo que faz, proponha-se a tentar, mais um pouco, talvez só mais um esforcinho, não ter medo daquilo que nem viveu, nunca passou de uma ilusão, um delírio, uma pessoa que tem alucinações de uma vida que jamais, nunca, te pertenceu.

Seu lugar ser relegado longe da luz do sol, nas trevas, sem água ou alimento, a morrer na míngua, no isolamento. Um ser que não serve, o tempo todo não serve, não tem função, base, coluna, sustentação para se manter em pé.

Longe ainda disso, qualquer ar que respire, ser sufocada, amordaçada, enxotada, repelida, rechaçada, espantada, afugentada, expulsa, excomungada, sem salvação para sua alma. Que deus tenha misericórdia de seu pobre espírito. Pessoa sem luz!

Tenho medo de ficar sozinha? Tenho. Talvez meus genes buscam produzir cópias de si mesmos de uma geração para a outra, e biologicamente, essa força é maior que minha própria vontade. Assim mesmo, a ideia de ser sangue do mesmo sangue também pode ser rechaçado, visto que os sentimentos também são livres para gostar de quem quiser. E mesmo ao estar do lado, eu prefiro quem me procura e fala comigo, do que aquele que diz ser meu amigo, prefere não falar nada. Eu olho em minha volta e quem eu vejo é quem está presente, não o sangue nas veias.

Sou romântica como a própria Julieta à espera do seu Romeu. Pode até ser que eu não seja ingênua, mas sempre vou dar essa impressão. Tenho ar de quem está sempre sonhando com o lado poético da vida. Vivo apaixonada e para a conquista sou discreta, mas não espero a iniciativa. Sou exigente e idealizo ao máximo minha paixão, por isso já amarguei algumas decepções. Em certas situações, acho lindo sofrer por amor. Às vezes, acho que tenho dom para rebeldia, questionando a tudo e todos!

Que eu não perca a vontade de doar este enorme amor que existe em meu coração, mesmo sabendo que muitas vezes ele será submetido a provas e até rejeitado.

Os Três Mal-Amados

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.

Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.

O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.

O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.

O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.

O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.

QUADRILHA

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi pra os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

Não preciso ter ambições. Só tem uma coisa que eu quero muito: que a humanidade viva unida... negros e brancos todos juntos.

Melhor amiga, foi contigo que passei bons e maus momentos.

Quero e não quero me conhecer,
Não sei quem eu sou e não consigo descobrir quem eu sou,
Para que tenho que compreender se ninguém me compreende,
Para que nascemos? Para que morremos? Para que vivemos?
Quem é Deus? E por que ele nos deixa sofrer?
Por que as pessoas são como são?
Se Deus tem um proposito qual é ele?
Por que somos impulsivos? Quer dizer por que será que sou impulsivo?
Como controlar meus sentimentos?
Duvidas e mais duvidas me cercam ...