Coleção pessoal de MatteoGiusti

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⁠Patinho

Patinho lindo, patinho assado
Filhote da Dona Pata, nunca foi amado
Seu sabor eu senti
Parece até que eu nunca menti

Me saboreei naquela gostosura
Como se nunca tivesse errado
Minha imperfeição se tornou formosura
Enquanto empanturro-me do coitado

Pato que já fez quaque e já fez bico
Me aproveito desse raquítico
E ceifo-lhe o resto de sua vitalidade
Sentindo-me o rei da cidade

⁠Cova

Cavando a minha sepultura
Utilizando apenas a falangeta
Quebrando a terra dura
Banhando à lama o poeta

No meio do toró da meia-noite
E mesmo assim o sangue aparece
Nessa forma de auto-açoite
Em que a dignidade empobrece

Braços vermelhos e roupas escuras
Um homem na sua cova e nada mais
Será um importante com as suas nomenclaturas?
Ou é mais um de nós: Animais?

⁠Hoje Eu Chorei

Idiotices me consumiram
Problemas desimportantes entraram
Mas, se algo for realmente importante,
por que se atentar ao insignificante?

Talvez seja porque somos seres medíocres
Enxergando reflexos de mártires
Portanto, nesse falso heroísmo,
talvez só exista o egoísmo

Porém, nada mais importa,
pois agora eu decifrei
Me escondi atrás da porta,
já que hoje eu chorei

⁠⁠Me Engravatei

Os furos eu tapei
O colorido eu queimei
O cabelo eu cortei
A gravata eu apertei

Os olhos eu fechei
O sorriso obliterei
Normal eu me tornei
A morte eu aceitei