Coleção pessoal de matheusperes

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A ansiedade é como uma maré. Sem perceber, estamos sendo sutilmente puxados e envolvidos por elas. É preciso se desprender dos vícios que aprisionam numa rotina instigantemente prejudicial. É necessário respirar o agora, e fazer um grande esforço para se soltar de um futuro idealizado que clama em se fundir no presente.

E aí um momento ruim vem, nos joga pra baixo. O voltar para cima é o que chamamos de felicidade. Só que estar sempre em cima faz com que este cima vire em baixo. Assim como estar descalço só é prazeroso logo depois de tirar um sapato apertado. O fato de estarmos mais para cima do que antes nos contenta temporariamente. É aí que percebemos que a felicidade não depende das coisas ao nosso redor, mas sim de como estamos em acordo com elas.

Podemos esperar. Mas também, em vez de esperar, existe a Véspera... O momento em que as distâncias são quase nulas, porém ainda não o são. Nas vésperas ocorre a convenção das emoções, que têm como uma das pautas embrulhar estômagos como folhas de papel. É nas vésperas que tudo quase é, só que ainda não.

Procura-se o assunto na conversa ao vivo! Mas o que o diluiu? O que o diminuiu?
A bastante tempo se ouviu falar em conversas longas acompanhadas de gargalhadas que terminavam em lágrimas de tanto se gargalhar. Onde está o papo descontraído, o papo cabeça, o tema espantador? Na verdade esses assuntos já estão expostos a todos no livro das caras, não são mais novidades. E o que se conversa então? Se fala do enjoativo clichê de ultimamente, uma noticía injetada, um acidente aumentado. E assim vão os repetidores... com repentinos papos, todos iguais, todos padrões.
Não, não é apologia ao tradicionalismo, muito menos apego exclusivo ao passado! É questão de dosagem, o velho equilíbrio pregado por muitos sábios. Afinal, podem ter inventado diversos imãs de humanos, mas ainda não mudaram, nem mesmo entenderam, a definição do que é viver.

O pior dos instintos, necessário à sobrevivência humana, ou melhor, necessário para sobrevivência dos animais. Mas o herdamos, corre nas veias, um vírus no nosso DNA. Um vírus pior do que a aids. Sim, pior que ela! Porque não escolhe os atrevidos, escolhe os que nascem. É ele, o interesse. Quem nunca, quem nunca se achegou a alguém por saber que daquela fonte poderia ser aproveitada muita água? Quem nunca, quem nunca sofreu dessa maldita?

É sarcástico como os usuários de dinheiro, quer dizer, as pessoas, se dizem tão contrárias à vingança [...] até que alguém lhe pisa o pé de propósito, de implicância. Termina tudo. Incontrolavelmente se quer vingar. E o pior, vinga-se conscientemente, sabendo dos males, esquecendo dos princípios. A vingança é como a ideia fixa que sobe à cabeça.
Repudio a vingança. Só não maldiga meu texto, porque aí... a coisa muda!

Acordei disposto a ser feliz. Chamei os amigos para fora do portão, seis bons dias, cinco abraços de urso, três gargalhadas, um futebol, banho com direito a cantaroladas, quinhentas palavras sopradas no vento, dois selinhos, quatro beijos na boca demorados, três suspiros fundos, um sorvete, cochilo, passeio de mãos dadas, bate-papo na praça, quatro minutos contando as estrelas maiores [...] Boa noite, vou ali pedir a conta. – $1.50 da casquinha, senhor. – Ainda dizem por aí que ser feliz custa caro. Vai ver...

Difícil é tentar contar as uvas de uma vinha, uma vez que ao chegar na última uva da última videira grandes serão as chances de alguma uva ter amadurecido e caído ao chão. Assim podemos parabolizar a tentativa de entender a fórmula da felicidade: as situações que me causaram bem-estar ao 12h36, elas mesmas, poderão me abalar e varrer minhas dopaminas ao 12h37. É como se a felicidade tivesse autonomia suficiente pra decidir quando entrar e quando sair, quando aceitar a proposta e quando recusá-la. O que a gente pode fazer é estar sempre fazendo boas propostas pra que ela permaneça, não é? — Aceita mais um cafezinho, Felícia?

Caí na rotina de sempre buscar sair da rotina.

Manhã cedo, tempo aberto, o vento gelado ainda suspirava noite, o ônibus sacolejava como um despertador. Um senhor se enreda aos passageiros. Uma bolsa descaia de seu ombro sobre sua lateral, blusão de cor clara abotoado, aparência contagiante, queixo acima do pescoço, olhou nos olhos do motorista através do espelho avisando que ficaria na estação de trem, deveria estar indo viver. procurou o assento mais próximo e o tomou. Sentou-se no canto, passou toda a viagem olhando a rua, admirava as coisas mais simples, coisas que naquela condição sonolenta que eu estava talvez não fosse possível perceber. Aquele homem, talvez anjo mensageiro, parecia uma criança sem qualquer preocupação, era feliz como um isqueiro aceso, sua paz de espírito entranhava o ambiente como fumaça branca. Estava perto que ele saltasse, confirmou com o passageiro mais próximo se era ali realmente seu ponto. Se aproximou da escada e roucamente soprou - "Obrigado! Bom serviço. Vai com Deus." - Desceu devagar o cego e em passos médios, leves e constantes se distanciou procurando por desvios no chão, já que em sua vida problemas não achara algum.

QUASE HERÓI

Um dia desses, sol forte, bom clima, cidade grande, euforia, passava eu em meio de uma pequena multidão de pessoas alegres e cantantes, que trovavam o hino do seu time, que saudavam umas as outras. Abraços, sorrisos, pareciam irmãs, íntimas apesar de nunca terem se visto antes. Era a explosão de ser campeão Brasileiro de futebol.

Mas o que realmente tomou minha atenção foi um objeto ambulante que vinha de qualquer lugar e parecia estar andando em direção à terra do nunca. Caminhava devagar, como quem espera pela morte, fazia ziguezagues como quem não tem pressa de chegar a lugar nenhum. Em sua cabeça uma peruca "Black Power" colorida como aquelas de palhaços parecia ser uma forma de gritar bem alto com a voz baixa "Eu ainda existo! Olhe, olhe, sou como você, sou um ser humano!" Vai ver decidira não mais gritar para poupar que o julgassem maluco, para evitar que corressem de sua presença. Em sua pele o cinza berrava o amargor da tristeza. Em seu ombro descaia uma bolsa da cor de sua pele que substituíra sua solidão até então. Seus olhos pareciam não ver ninguém, como quem aceita ser um poste, que nada interfere, que não encara, que não interage. Era um ser humano que nasceu como eu, que chorou como eu, que tentou ser como o seu super-herói da liga da justiça, mas que justiça não fora feita para com ele e lhe sobrara o cinza do mundo, a escuridão da noite fria. Sua peruca, vai ver, fosse um tentativa se tornar um quase super-herói. A vida sem piedade criara um autista forçado. Se bobear em sua mente haviam sonhos e ideias mirabolantes, que vazavam apenas colorindo sua frontal da cabeça.

"-Qual é? chega aí. Aí, vê se esse bagulho é bom, é só puxar, vai ficar nas nuvens que nem um super-herói!" - Está criado, mais um zumbi a vagar nas ruas do Rio.

Certa vez um gato branco de olhos azuis chamado Felicidade, por não estar recebendo os devidos tratos e cuidados fugiu de casa. Os donos, que viviam sempre tristes com suas vidas rotineiras, se desesperaram e foram em desepero atrás do felino. Tentativa em vão, o gato já estaria longe de casa, senão morto. Desacreditados, os donos do bichano começaram a refletir por que ele teria saido assim de casa, de uma hora para outra. Perceberam que não estavam o alimentando de maneira correta e não davam o desejado carinho ao animal. Uma semana depois, percebendo que na rua estaria em condições ainda piores que em casa, contentado com a situação, o gato voltou.
Alimentemos nossa felicidade para que ela seja constante em nossas curtas vidas. bajule-a! faça festas para ela, sinta a brisa gelada de manhã cedo no rosto. A felicidade é mimada, oh se é. Quando a gente aprende a agradá-la ela se torna nossa parceira, e nos acompanha até ficarmos velhinhos.

Mais um ano que se vai. Talvez o termo parabéns não seja o mais adequado se quisermos prestigiar um aniversariante. Um aniversário é mais que bolo, bolas e docinho. É a lembrança de que "o tempo não para", que os dias são únicos, que nunca mais passaremos por aquela idade novamente, que os anos voam e as horas correm por caminhos sempre novos. Talvez o melhor termo para se colocar no lugar do clichê parabéns seja "viva a vida pois ela não volta".

Quando não estiver certo do que fazer, faça o que é certo. Quando não estiver certo do que é certo, analise as consequências.

Tratemos, pelo bem-estar, os maus sentimentos como sujeiras que contaminam nosso interior. Usemos nossas audácias de raivas e rancores, ações explosivas e vontades de colocar tudo para fora como nossos garis que passam vassouras de dopamina dentro de nós. Só não esqueçamos que explodir nossas raivas muitas vezes é perda de tempo e pode causar sentimentos piores. E que guardar demasiadamente a raiva pode criar uma bomba atômica interior e, quando tentarmos limpar, pode causar uma imundice generalizada. Saiba explodir na hora certa e a paz de espírito se tornará constante, ou quase constante.

Assim como o céu e o mar se fundem em uma mistura homogênia de azuis, que a felicidade beije a minha vida e esse toque entre elas nunca se separe. Mesmo que não se tenham raios solares que motivem a minha "feliceudade", o céu se escurecerá e acompanhará meu mar nos dias escuros.

Tire inspiração do que outrora não te inspirava para realizar os sonhos que te inspiram.

Faça o bem e dê gargalhadas de compaixão dos que fazem o mal. Porque são apenas animais que têm como instinto base o amor, mas que se adaptaram ao habitat da maldade.

Em um relacionamento duradouro, é bem provável que o Primeiro Amor se acabe. Mas nada impede que, ao invés de lamentar o seu fim, você comece o segundo amor, o terceiro, quarto, milésimo[...] O que termina é a nossa vontade de amar.

Não espere o bom tratamento dos outros, trate-os de modo a forçá-los a generosidade.