Coleção pessoal de Marivaldopereira
Rasgue o ódio
Liberte-se da vaidade
Apague seu ego
E suas atitudes arrogantes
Sem a intenção
De subir velozmente ao pódio.
Abra o sorriso
Doe-se por inteiro
Seja generoso de alma
E sempre libere o caminho
Para o combatente vitorioso.
Fuja da guerra raivosa
Sua dor da derrota passará
Pois o fracasso é uma escola
Aceite sua escolha
Reconheça seus defeitos
Lute por uma nova glória.
Feche seus olhos por instantes
Medite na oração
Do escuro surgirão novos sonhos
Suas ações devem ser amorosas
E encantadoras
Como ensina lá do alto
A linda lua cheia
Iluminando a todos
De forma esplendorosa.
Marivaldo Pereira Mperza
Menina sapeca
Eu quero te vê
Com os pés descalços
Pelos cantos da casa
Na varanda
Na sala
Debochando da ilusão
Contemplando leituras
Até mesmo as de Charles Bukowski.
Quero a pureza do som
Com seu violão
Sua Gaita
Numa melodia
Que arranca sorrisos da alma
Como cantos dos pássaros
Ao amanhecer do dia.
Haja como outros seres
Tire as asas deste corpo
Assopre forte pelo escuro
Faça delas memórias de um tesouro
Pois a vida é curta
E lindo é a liberdade
Deixe ser levada por vários caminhos
E liberte-se desse casulo de medos.
Marivaldo Pereira Mperza
Eu não sei viver os dias
Sem pensar em ti
Não sei.
Se corro pelo tempo
Vivo os momentos
Das mágoas
Dos sonhos
De encontrar a paz.
Eu não sei viver os dias
Sem pensar em ti
Não sei.
Não sei morrer
Sem viver para ti.
Não sei cantar o canto
Sem cantar para ti
Todo meu sofrimento
Que a distância causou.
Sei que fui ingrato
Com seu choro de sentimento
Fui ausente
Fui intenso
Como um estranho
Em lágrimas correntes
Vivendo na alma a própria dor.
Marivaldo Pereira Mperza
Já que não tenho medo
Das suas intenções insanas
Na beira do riacho escuro
Possa ser que eu fuja de vez
Num gostoso mergulho
Pra perto dos teus pés
Apreciar tua suave nudez
Com o fogo da minha paixão.
Marivaldo Pereira Mperza
Ficar perto de você
Pode ser perigoso
Seu sorriso esperançoso
É muito venenoso
Leva a praticar tolices
E a viver embriagado de amor.
Marivaldo Pereira Mperza
Ela faz
Tudo o que eu gosto
Todo meu gosto
Se ela sai
Sinto falta
Do seu cheiro
Sinto falta do tempero
Sinto falta de atentá-la por inteiro.
Marivaldo Pereira Mperza
Ao piscar da luz matutina
Nasceu Delcina
Uma flor menina
Criança curiosa
Traquina como uma felina
Quebrando regras da natureza.
Mas foi crescendo com o tempo
Perdendo às pressas a inocência
Numa façanha para sobreviver
Ao frio noturno
E a crueldade da fome
Aprendendo a lutar desde a infância
Para conquistar cada sonho.
Sendo o primeiro da lista
Sepultar a pobreza de sua rotina.
Com a força divina foi plantar
Com coragem tratar e colher
Suar rotineira na labuta
Buscar a água na fonte
Lascar a lenha para a fogueira
E na canseira da noite
Assar a caça para o jantar.
Como uma peregrina sofreu
Na cabruca da mata selvagem
Machucada padeceu
Debruçada de joelhos
Fervorosa rezou ao céu
Ele imediatamente a ouviu.
Descobriu que o amar
Vive em sua doce alma como um dom.
Conheceu um certo moço
Brotou um forte sentimento feminino
Amou intensamente o cheiro daquele homem
A flor desabrochou em desejos
Tornou-se mulher
Como uma cápsula expelindo sementes
Vivenciou a maternidade
Uma contemplação de mãe
Nesta grande mudança humana.
Na vida em ampla liberdade
Delcina descobriu o símbolo de sua sina
Amar como mãe, perpetuamente
Numa realização ideológica feminina.
Marivaldo Pereira Mperza
Fugindo da rotina
Se tudo está numa rotina chata
Pego minha bicicleta e rumo às estradas
Sigo pelo caminho mais difícil
Conversando mental com a solidão
Pedalo falando sozinho
Fugindo da mesmice da cidade
Em busca das ladeiras
Da incerteza das descidas
Sem medo das quedas
Encantado com o longínquo dos montes
Sol forte queimando a pele
Suor salgando os olhos
Surge a chuva intensa
A lama na cara é uma constante
Quando chega a um riacho
Lava-se a alma com o frescor d’agua
A sombra da mata é linda
Acalma o homem
Que se deita sobre as folhas secas
O desafio é intenso na distância
A boca seca de sede
A barriga ronca de fome
As pernas sentem a fraqueza
O gostoso é saber que tudo vale a pena
Quando o homem respeita a natureza.
Marivaldo Pereira Souza Mperza
Minha mãe terra
Eu planto em teu chão
Para colher o verde
Para colher do doce do mel
Para sentir o cheiro do açafrão
Que exala no tempero da panela
Meu suor rega o plantio
Do hortelã
Do Alecrim
Do manjericão
Do feijão guandu
Como a chuva faz com o rio
Meus sonhos surgem como ventos
Sonho dormindo
Na cama quente,
Sonho acordado
Semeando girassóis
Pelo árduo caminho do destino no campo
Mãe terra
Esperança sagrada
Divina habitação da atmosfera
Planeta que luz irradia
Universo em que tudo se transforma
Sob seu manto de flora
Soam lamentos de vidas
Do Homem, do bicho, do Sanhaço da Serra.
Marivaldo Pereira Souza Mperza
Terremoto mental do medo
Você sabe o quero dizer?
Se ocorresse agora um forte terremoto
E você estivesse deitado na cobertura do prédio
Olhando para o iluminado céu estrelado...
Sentiria o pico do medo?
Derramaria lágrimas como orvalho
Ou clamaria para o sagrado
Para curar a sua fobia?
Desejaria um novo amanhecer
Clamaria para ver a mamis
Ou para ouvir novamente
O canto dos pássaros
Na beira do rio?
O que você faria
Com esta desagradável angústia?
Desejaria o direito por um novo dia
Para ter seus desejos hostis
De viver agradáveis amores doentios?
Desejaria
Sentir-se vivo
Em liberdade
Ousando na criatividade
Como os voos dos sábios?
Se tudo ao seu redor tremesse fortemente
O que você faria para não se perder
No universo mental do medo
Sentindo-se desamparado?
Lutaria bravamente para vencer o caos ou
Morreria sentindo o medo do fracasso?
Marivaldo Pereira Souza Mperza
Na mata não tinha flor
Tinha o ronco do motor serra
Passarinhos indo embora
Em busca de novas florestas
O que antes era verde
Um cinza se tornou
Na fonte que jorrava água
Riacho límpido secou
A Jaguatirica partiu
Caminho de pedregulho se formou
A bruta ignorância do homem
À terra Desertificou
Agora vem um estranho
Dizendo ter a salvação
Pois é um ilustre doutor
Um notório conhecedor
Do sistema ambiental
De joelhos eu pergunto
Meu senhor,
Meu senhor
Para esta mata atlântica
Este bioma em dor
Onde mora o salvador?
Marivaldo Pereira Souza Mperza
Eu, Você, a vastidão do Cerrado
Por aqui,
Eu quero o doce do fruto,
Eu quero o cheiro do mato,
As cores das flores,
Eu quero o barulho dos ventos,
Os cantos dos pássaros,
A paz corrente nas águas.
Neste Cerrado,
Quando eu passar
Por estes vastos caminhos,
Passarei em breve passagem,
Deixarei raízes,
Seguirei grato,
E por esta terra
Encantado.
Deixarei para você,
O conforto do meu abraço;
Pois o que é sagrado
Deve a todos
Ser com amor ofertado.
Marivaldo Pereira Souza (Mperza)
Bruto,
Assim é o meu humor.
Como a longa caminhada,
Por caminhos sem destinos;
Como o sal do suor,
Chovendo em meus lábios;
Como a sede d’agua,
Sem poço mineral;
Como o calor infernal,
Sempre escaldante,
Sem o alívio do frio rio;
Como a brava fome,
Sem o doce dos araçás;
Como a primavera sem flor,
Como a solidão na insônia noturna,
Assim é o meu humor.
Cinzento!
Marivaldo Pereira Souza Mperza
Nina,
Subo às pressas, uma ladeira longa em curvas.
Vou fugindo do ódio;
Vou me libertando da dor;
Sou um ser em seu sofrimento;
Batendo asas, voando,
Querendo chegar,
Onde haja o amor.
Sou as lágrimas correndo em meu rosto,
Sou o soluço,
Que a crueldade causou.
Sou a tristeza da saudade,
A solidão sem você,
Sou o coração frágil,
Da mente cansada,
Eu sou o vazio querendo resposta,
Por que isto aconteceu com você?
Gratidão e saudade!!!
Mperza
Não parti em vão,
Tampouco parti por covardia,
Com o coração partido, parti.
Com muita incerteza,
Em não rever o que constantemente via.
Quanta dor eu senti,
Machucado, ferido,
Sem destino, sem rumo,
Sem a sintonia do amor.
Impotente me vi,
Na ausência do seu abraço,
Na perda da sua presença,
No adeus ao seu sorriso,
Bela pequena.
O desespero segui,
Numa solidão angustiante,
Fui me banhando em águas de lágrimas,
Fui nadando mar adentro em águas salgadas,
No destino, na distância.
Esta infância se foi,
Bem de longe,
Sequer vi passar a juventude,
Daquela que muito amei.
Mperza2016
Me leve para o mar
Oh menina me leve,
Me leve para o mar,
Leva me pelas areias,
Tenho saudade da praia,
Dos contos de sereias;
Das estórias dos jangadeiros;
Das redes fartas de peixes;
Dos sorrisos faceiros;
Do samba de roda a beira mar;
Das vozes das caboclas a cantar.
Me leve menina para o mar.
Queira Deus que eu mereça
Conseguir caminhar bem devagarinho,
Para ver e sentir as ondas molhar os meus pés,
E o vento brando,
Refrescar a minha cabeça,
Antes que uma forte chuva aconteça.
Oh menina da beira do rio,
Me conduza nesta canoa,
E leve me para o mar.
Sou neto de pescador,
Levo flores,
Sou um devoto de Yemanjá,
Me leve para o mar.
Mperza
Gratidão!
Iluminados,
O que tenho hoje para vos oferecer,
É um cálice transbordando de gratidão.
É o meu gentil amor em expressão:
Da verdade,
Serenidade,
Numa precisão sentimental do coração,
Da alegria por viver.
Brinde comigo e a vida será uma partilha,
Numa sintonia em acordes celestial.
Mperza
Como ser incapaz de homenagear as rosas?
Rosas que desequilibram meu olhar,
Pela delicadeza,
Na infinita beleza da cor,
No abrir, no murchar
Perfumam tudo ao redor
Perfumam até no altar.
As rosas que surgem em frases
Fazem o amor ecoar
Ecoou em mim
Jorrou gotículas
Como o orvalho matinal.
Já até atravessei as nuvens d’aguas,
Em busca do seu perfume pelos rochedos.
Rosas que ao vento se vão,
Rosas do além,
Rosas belas num simples vaso,
São rosas para o meu bem.
Rosas que vem despidas,
São rosas que pousam sobre mim,
Transformam-se em rosas despedaçadas,
Rosas que despertam famintas,
Sangrando em pleno vermelho,
São as rosas que me envenenam pelo espinho,
Infiltrando-me ardentes desejos.
Às Rosas, meus diversos beijos!
Mperza
Paraíso subterrâneo
Venha,
Entre pelas fendas,
Em raios de luzes,
Iluminando a minha bela solidão.
Mas,
Deixe-me explorar este paraíso complexo,
Pouco desconhecido.
Brota das rochas,
Vai por águas subterrâneas,
Escoando rumo ás nascentes.
Ponha-me contra tudo que está de cabeça pra baixo,
Me sinto no secreto universo mágico,
No profundo do mundo subterrâneo,
Deste planeta terra,
Vou vivendo momentos.
Mperza
Fuja para a paz
Fujas tu, da usura dos lobos,
Nego Lico.
Fuja dos insultos
Pois sua dignidade
Não estará na morte.
A vida o iluminará,
Com raios de grandeza,
Numa colorida manhã
Regada por belos acordes
Dos Curiós, Acauãs e Uirapuru.
Mperza 2016