Coleção pessoal de MariMarques
Resgate da Paz...
Ah, momento despercebido
do adeus, em sua sutileza...
Partiste, silente como o voar,
deixando a triste surpresa
de um ladrão, rasteiro, furtivo,
que veio minha paz... roubar!
Fui, aos poucos, te esquecendo
e a saudade se desvaneceu.
As lembranças foram morrendo,
e, de mim, o amor se desprendeu.
Às margens do longo caminho,
enterrei, sem pranto e sem flores,
o sentimento que um dia foi teu.
Arranquei o doloroso espinho,
aquele que me deu tantas dores...
E, ao rasgar o véu da cegueira,
é que pude enxergar a ilusão:
meu sofrer foi pura besteira,
uma dessas falhas do coração,
que nos faz perder a vida inteira,
agarrada... a um sonho vão!
Mari Marques
Na solidão dileta não preciso de par.
Mesmo incorreta, sou completa,
visto que para ser... me basto.
Tenho tudo! Sou repleta...
e, se não tenho, me faço.
Se excedo, desfaço.
Se me falta, eu caço.
O caminho não traço,
mas passo a passo...Passo!
É intransferível:
o crer, as asas, e o sonhar.
Não há, nas almas alheias,
minha outra metade.
Sou cingida pela realidade,
minha vida é praia de imensas areias.
Ou tenho conteúdo e bramo como o mar,
ou sou vida roubada, despojada de tudo
e sem nada inventar.
Só eu mesma e mais ninguém poderá me moldar.
Só eu mesma poderei ficar, ir além...
cair e me levantar.
Ah, minha conduta!
Só eu e mais ninguém pode viver minha vida
e lutar minha luta!
Se desisto...
sou areia escorrida.
Se esquecida...
não existo!i
Mari Marques
Amigos Virtuais-Reais
Meus amigos virtuais...
prezo pela vossa existência.
Embora sejam invisuais
tem tudo para ser presença.
A voz de quem está ao lado...
ás vezes, são levadas pelo vento.
Prefiro a voz que digita o teclado,
textualizando o sentimento.
E deixo salva as airosas palavras
na grande pasta dos favoritos...
primorosas cartas que são lavras
dos momentos bons, e infinitos.
Meus queridos amigos virtuais:
não julguem meu jeito disperso,
nem meus pensamentos banais,
e os instantes que não converso.
Tem dia, que não vos chamo
em outro, pareço ser ausência
Mas é certo que vos amo...
não se fiem na aparência.
Creiam no meu escrever sincero,
posto, que as palavras são laços.
Tem rimas de um Amor eterno...
imersas, nesses versos que lhes faço!
Mari Marques
Primeiro Amor
Nas páginas do meu caderno,
Onde escrevia o nome teu,
luzia como estrelas no céu.
Tudo era de um brilho sincero
Até que o vento levou.
Já não é mais, passou...
A dor que em mim, cravou.
Morrendo a jura veemente,
Do Amor puro e adolescente
Que no deserto da vida, secou.
Eu sinto pelos que não esquecem
Que pelos dias de sua vida, padecem
Levando consigo a mesma dor
Daquele encantado primeiro amor,
E diz, suspirando de infelicidade:
Ah, como pesa essa saudade!
É ferida que fica, da injusta desilusão,
E quanto mais alta é a idade
A esperançá embaça e cobre-se de pó...
As paredes tristes do envelhecido coração!
Mari Marques