Coleção pessoal de mariedevalski

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Maldito seja esse tal resto da existência de algo que nem existe mais. Maldita é a tua marca que se acomodou em mim. Tão profunda. Um buraco onde o bourbon se acumula, evapora, retorna. Há algo amargo na ponta da minha língua. Recito poesias que passam violentas pela garganta e acabam socando o ar. Eu preciso de um médico, mas não hoje. Enquanto tua incoerência arranha as minhas costas, eu durmo na sarjeta. E me pego implorando que a tua marca seja apenas uma palavra do poema que um dia eu inventei…

O começo é sempre a parte mais difícil. Pensei três vezes até pegar a caneta. A escrita anda temendo essas saídas inesperadas, esses dias melancólicos de lembranças que eu não suporto reviver. Não tenho mais firmeza nas mãos, ando de saco cheio de tudo e meu humor está decadente. Tentei ir ao médico, coisa que tu sempre insistiu, mas acabei ficando pela porta, sozinha, dando meia volta e entrando no bar da esquina. Eu precisava mesmo era de bourbon e de você. Precisava. Queria de novo beijar os teus lábios e sentir o resto da bebida que acabara. Se eu pudesse ao menos abraçar teu corpo, que me era familiar, e não morrer mais de frio. Queria minha língua percorrendo cada canto do teu ser, como uma serpente que ainda busca espaço, apenas para relembrar o gosto de uma velha conhecida. Mas a vontade é um pardal no jardim. Distante.

Porque eu te amo e não amo. Amo só por merecer.

Você exala poesia.