Coleção pessoal de marianaester
Amar-te-ei até no fundo do oceano, se preciso for. Mostrar-te-ei o lado prezeroso do amor que ofereço-lhe, senhorita. Levar-te-ei a navegar por outros mares e a saborear diversas emoções. Saíremos juntos, se permitir , deste marasmódico e relativo abismo teu. Escrevo-te então para saber : Aceitas tu, amar-me também, tão bem ?
Tenho sim uma imensa vontade de por para fora tudo o que me corrói. Tenho sim vontade de fugir, seja para onde for. Tenho sim vontade de enfrentar meus medos e acabar com as mágoas. Tenho mesmo vontade de fazer tudo que coloco no papel. Mas ainda estou presa. Presa à algo que não me deixa ir, que gosta da minha presença sem sal. E esse “algo” me ensinou a deixar tudo guardado aqui dentro, por que se expor é perigoso. E o melhor em todos os casos, sem exceção alguma, é não se expor. Por mais que a vontade ultrapasse a barreira da razão, o melhor a se fazer é ficar quieta. A tristeza, amargura, nostalgia, chame como quiser, pode doer, mas um dia você se acostuma e não sente mais. Talvez até sinta, mas não com a intensidade de antes. Chega de parafrasear. Chega de eufemismo. Porque tentar amenizar o peso das palavras? Chega de medir esforços também minha querida, eles não valeram de nada.
Certa vez arriscou-se, mas saiu esfolada e estraçalhada ..A partir daí começou a ter medo. E por medo ela não arriscava, e por medo ela não amava. E por culpa desse medo ela nunca conseguiu viver uma verdadeira historia de amor, e nem sequer um breve romance.. Isso a chateava, a matava por dentro. Os anos se passaram e ela continuava naquela vida chinfrim, sem ambição alguma. Tinha se acomodado, o salário era "bom" , a casa era "boa", o restaurante que almoçava de segunda à sexta era "bom"... Mas no profundo daquele coração rasgado ela alimentava uma faísca de esperanca. Isso que toda mulher boba tem.
Hoje sairei da minha entediante rotina. Nada de trabalho, nada de assistir mais episódios de Friends, nada de por comida para o gato, nada de visitar a mamãe, nada de preocupação, hoje não. Vou tirar do fundo do guarda-roupa aquela saia estilo “hippie chic” e na pressa de sair sem rumo fazer aquele coque bagunçado que é minha marca. Ir para onde tiver vontade de ir e sem hora de voltar.Deitar sobre a grama verde do parque e olhar para o céu e sentir tranquilidade. A trilha sonora desse momento seria “Find My Way Home - William Fitzsimmons” que de certa forma, me lembra um pouco você, mas não é uma lembrança-saudade , é outro tipo de lembrança, que ainda não tem nome.
Hoje bem cedinho me deparei com quem mais me fez sofrer nessa vida. Estava ali, o causador de todos os meus problemas, culpado de todas as lagrimas derramadas em vão, daquelas tantas noites mal dormidas munidas de terrivel sensação de frustração, por escolher sempre as pessoas erradas, e amá-las como se fossem as certas.
..Olhando para ele com tamanho rancor, percebi que não passava de mais uma vítima de sí mesmo.
Dei uma ultima olhada naquele sujeito estranho, respirei fundo e saí da frente do espelho.
É nesses dias secos e frios que as lembranças parecem ter vida própria . Não mais aceitam ficar guardadas no meu íntimo. Aliás, os sentimentos também resolveram se rebelar. Por um bom tempo os mantive intactos, cheguei a pensar que tinham morrido. Mais não são como animaizinhos de estimação, que se você deixa de alimentá-los, eles morrem. Infelizmente, não são..
Permita-se transbordar o copo da afeição. Permita-se esquecer o que te atrasa. Permita-se confiar. Permita-se começar sem pensar no trágico fim. Permita-se demonstrar carinho e laços de afeto. Permita-se ser livre. Livre de qualquer coisa que não lhe deixe enfim, permitir.
Sente-se. Que bom vê-lo outra vez depois de todos esses anos. Como têm sido sua vida, agitada ou monótona ? Ah, não se preocupe com o barulho dos pássaros na janeja, eles só querem comida. Acostumei-os mal. Assim como você fez. Acostumou-me mal. Ninguém poderia imaginar aquele desfecho, foi como num conto fantástico. Eu era a ave pequena que indefesa e você deixou do lado de fora, sem atenção e com a asa quebrada para aos poucos morrer de fome.