Coleção pessoal de MarcosTatsuoAIHARA
"Só temos uma luz e sem ela não sobrevivemos.
A luz se esconde e aparece para que possamos pensar no dia em que ela se for, e tudo se tornará sem luz.
Podemos criar a luz.
Ela existe em outros lugares.
Talvez não exista e nem haverá noites frias.
Fazer e acreditar."
Aleijado sem prótese.
Um doente sem tratamento.
Um apaixonado sem um amor.
Um formado sem profissão.
Um grito sem som.
Palavras sem compreensão.
Um ultimo adeus, suspiro de uma paixão.
Para que?
Exposição daqueles que riem e usurpam.
Sobio é a sapiência.
"O que se faz não é por melhorias, é pela inexistência ou degradação.
O que se faz por necessidade não é por melhorias, é pela sobrevivência."
Tudo junto.
O que era igualdade racial virou miscigenação.
O que era liberdade de gênero virou pluralização.
Quem disse que o que disseram?
O que você ouviu.
Quem disse que era pra você?
Quem disse que o que você rezou era pra você.
Quem disse que o que você pediu era pra você.
Quem disse que o que você sacrificou era pra você.
Quem disse que o que você desejou era pra você.
QUE PAÍS É ESSE.
Democracia prostituída.
Governo fascista.
Regime comunista.
Economia capitalista.
Cultura do bem.
Educação duvidosa.
De um povo sofrido.
Fiz um aquário lindo, apenas com pedras, areia e rochas coloridas. Acrescentei luzes, água cristalina, bolhas de ar e movimento.
Coloquei-o em um lugar tranquilo, onde todos pudessem admirar.
Por um tempo, tudo parecia perfeito. Mas aos poucos, começaram a surgir problemas. Primeiro, apareceram musgos e manchas estranhas no vidro, obrigando-me a limpá-lo de tempos em tempos. Depois, o problema se espalhou, as pedras, as rochas e até a areia foram tomadas pela sujeira. A cada nova limpeza, o musgo voltava mais rápido. Um nojo, um trabalhão.
Até que precisei viajar e me ausentar por um tempo. Deixei o aquário de lado. Quando voltei, a água estava escura, vermes nadavam por entre as pedras, e o cheiro era insuportável.
Cansado da viagem, ainda tentei encontrar uma solução: e pensei, se eu aquecesse a água ao extremo? E se a resfriasse até o limite? Ou talvez encher tudo de veneno resolvesse o problema de uma vez por todas?
Foi então que surtei. Desisti.
Mudei de hobby. Vou fazer outra coisa.
Vi um país caro com pessoas "fartas". Pessoas humildes.
Vi pessoas de um país farto indo para um país “farto”.
Vi pessoas fartas em um país “farto”.
Vi um país “farto” com pessoas “fartas”.
Vi um país “farto”, sonho de país caro.
Em um dia nublado na cidade de São Paulo, eu estava em um prédio alto, parado, olhando pela janela.
Depois de um bom tempo observando, comecei a ter lembranças do meu passado e de uma garota que conheci. Uma garota por quem eu tinha muito carinho. Ela era minha amiga, não era muito bonita, mas tinha algo que me agradava e cativava desde o momento em que nos conhecemos.
Eu sempre a procurava, tentava agradá-la, e fazíamos de tudo juntos. Com o tempo, percebi que tudo o que eu fazia parecia não ter importância, era como se fosse algo não natural ou até insignificante para ela. Isso até o momento em que ela começou a me desprezar e a me evitar.
Doeu perceber que nossa amizade não era mais a mesma. E doeu ainda mais vê-la se entregando, fazendo de tudo para agradar outro alguém, um desconhecido.
Enquanto olhava a cidade e lembrava dessa garota, comecei a perceber uma semelhança entre ela e a cidade de São Paulo.
Eu a vi se entregando a alguém que tirava o seu melhor, sua essência, sua inteligência e não deixava nada em troca.
Ela se tornou feliz e pobre, bela e vazia, maquiada e feia, enérgica e autoritária, tanto por dentro quanto por fora. Ela se entregou a alguém que não a valorizava e nada lhe devolvia.
Quanto à garota, nunca mais a vi. E fui mais feliz assim.
Quanto a essa cidade... um dia ela foi a minha cidade.
"Caso um mal feito seja perdoado e se torne uma benfeitoria para os malfeitores, então o mal compensa!"
"Minha busca é pela riqueza financeira e intelectual, a ausência de uma não será obstáculo para o avanço da outra."
FRUTOS DAS RUPTURAS
Legado dos avós,
Laços de família,
Promessas e juras,
Acordos e tratos.
Tudo vai bem enquanto se está bem.
Felizes os que mantêm o bem, mesmo sem estarem bem.
Tive um sonho.
Vi uma pirâmide.
E a partir daí, tudo para mim parecia uma pirâmide.
O que não se parecia com uma pirâmide não se expandia e como muitos padecia.
Era um mundo estruturado em forma de pirâmide, que sempre crescia para cima, sempre pela base.
Vi a pirâmide crescer e ficar bem alta, com uma base forte e larga, porque tinha espaço, condições e material de sobra.
Parecia que cresceria eternamente, mas, depois de muito tempo, percebi que ela havia parado de crescer. Parecia sem brilho, suja e desgastada.
Não havia mais espaço. A pirâmide estava gigante e começou a se desfazer, vi o que havia sido empregado em sua construção sendo retirado e usado para demolir o que ainda estava sólido: a parte de cima.
A pirâmide diminuía de altura à medida que a base se desfazia por si só, quase que naturalmente.
Do pó voltando ao pó.
De repente, a pirâmide rachou em duas partes: a parte de cima e a parte de baixo.
A parte de baixo se fragmentou em diversas outras partes.
A parte de cima, no entanto, permaneceu intacta, enquanto as partes de baixo rapidamente se transformaram em outras pirâmides menores.
Essas novas pirâmides menores não tinham a mesma robustez e brilho da pirâmide original.
Elas permaneciam sempre embaixo, enquanto a parte de cima permanecia no alto.
E o ciclo se repetiu, e se repetiu, e parecia se repetir indefinidamente.
As pirâmides de baixo eram diferentes, feitas de materiais e recursos que eu nunca tinha visto e não compreendia. Um mundo novo e estranho.
E cada nova pirâmide que surgia era única, nunca igual às anteriores.
Algumas dessas pirâmides de baixo não sabiam da existência da pirâmide de cima, ou talvez não se lembrassem, porque tudo era muito grande e durante a ruptura, tudo parecia se perder.
As pirâmides de cima, entretanto, conheciam e controlavam as pirâmides de baixo.
Ainda não sei o que foi isso.
Depois pensei em colmeias, formigueiros... Não sei dizer, parecia alguma sociedade de inseto ou animal que não existe.
Enfim, só pura imaginação em sonho.
Do pó, ergueu-se o sonho,
Crescendo, brilhando, pulsando,
Até que o brilho morreu,
E as rachaduras dançaram no silêncio.
Do alto, a pirâmide observava,
Fragmentos caíam como sementes,
Gerando novas formas, estranhas,
Num ciclo que ninguém interrompe.
A riqueza é mais, a pobreza é maior.
A riqueza são poucos, a pobreza é por menos.
A riqueza controla, a pobreza se domina.
A riqueza comanda, e a pobreza escolhe e faz.
A riqueza cria, a pobreza regula.
A riqueza quer, a pobreza é quem entrega.
Quem disse que o seu tempo é seu.
O tempo não existe.
Direto, indireto, inconsciente o tempo é seu.
Indeterminável, identificável, incompreensível e ilógico.
Alinhar e caminhar.