Coleção pessoal de MarcosProfanus

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ENTRE POESIA E MISÉRIA

Extirpa-me a língua, os olhos,
Mas não peças que me cale!
Impossível calar-me a alma!

Nas entranhas dessa História
Vi beleza e barbárie!
Eu vi as rosas...
De Hiroshima
E também de Nagasaki.

Vi a luta de Zumbi
Das senzalas a Palmares.
Anjo preto nunca vi
Nos adornos dos alteres.
Vi Revolta da Chibata
Contra nossa força armada.
Entre os "muros do apartheid"
O sussurro de Mandela
Implorando igualdade.

Entre poesia e miséria
A palavra é o que me resta!
Então não peças que me cale!

Extirpa-me os ouvidos, os dedos das mãos,
As cores e o pincel, a pena e o tinteiro!
Mas não peças que cale.
Impossível calar-me a alma.

Temos telas de Monet
Os telões de Charles Chaplin.
Castro Alves e Pessoa,
A lírica poesia.
Não me fujam
Beethoven e a 5ª Sinfonia,
O Bolero de Ravel
E o tango de Gardel.

Entre poesia e miséria,
A palavra é o que me resta.
Então não peças que me cale!

Extirpa-me a liberdade!
Mas não peças que me cale.
Impossível calar-me a alma.

Eu vi os trens de Auschwitz
Holocausto e massacre!
Então não peças que me cale.
A palavra ainda me resta.

Dualismo Colossal!
Do mesmo orginal
O mais absoluto extremo de bem e de mal.

Jamais peças que me cale.
Mas se um dia me faltar
O esplendor das coisas belas;
Se faltar-me o espanto das barbáries,
Arranca-me do peito esta alma!
Pois de nada mais ela me vale.

Marcos Profanus