Coleção pessoal de marconegry
Eu odeio que não sou decidido. Odeio quando sei fazer e não faço. Também odeio não ser tão esforçado e odeio me fazer de “educadinho”, bom moço. Às vezes eu só queria falar o que eu sinto de verdade, falar um monte de palavrão e assustar todo mundo que acha que me conhece. Vontade de confessar que eu não ligo para nada, que eu estou cansado desses joguinhos idiotas. Cansado de ser quem eu ando sendo.
Vivo de um jeito que não gosto, que não quero. Queria jogar tudo na cara de todo mundo. Tudo que eu tive que aguentar, tudo que tive que passar. Todas as vezes que eu não tive escolha, tudo que eu tive que relevar enquanto ninguém releva os meus erros, ninguém esquece meus defeitos. Estou cansado de perdoar e não ser perdoado, de entender e não ser entendido. Ninguém me perdoa, ninguém me entende.
Apostei meu coração de novo. Eu abri e o coloquei em cima da mesa, é tudo que eu tenho. No começo sempre parece a primeira vez. Eu vou me apaixonando e esquecendo meus problemas, meus medos, minha insônia e minha insegurança. Deixo de lado tudo aquilo que me fez perder a fé no amor. E sempre parece a primeira vez. O meu corpo fica mais leve, as horas passam mais rápido e de repente consigo enfrentar qualquer coisa. Parece que finalmente aconteceu, é amor, vai durar. Depois de tanto colocar o meu amor em jogo, pela primeira vez receberei amor em troca. Sempre parece a primeira vez, até não parecer mais. Com o tempo a gente percebe que são muitas chamadas perdidas, são muitas coincidências, muitas desculpas – que você quer, mas não acredita. Então a insônia volta, a insegurança, o medo. Você volta a se fazer de forte para não admitir que seus amigos estavam certos, volta a sofrer em silêncio, volta a rezar para estar errado, mas não está. E então dói. Dói até você achar que não vai suportar, e suporta. Dói até achar que não vai sentir mais nada, mas sente. Dói até achar que não pode doer mais, mas dói. Dói até te consumir por inteiro. Dói até não doer mais. Não é a primeira vez. E não, quando uma relação dá errada não saímos mais fortes, saímos mais duros, mais frios correndo perigo de ter sido a última vez que você se deixou amar.
Eu sou uma incógnita. Eu sempre acho que já descobri quem eu sou, o que eu quero ou onde quero chegar, mas isso nunca dura muito tempo. Durante a vida eu já fui muitos, já senti muitas coisas diferentes. Eu já fui criança, me tornei homem e voltei para a infância. Também já fui responsável e muito inconsequente. Já planejei minha vida todinha e mudei tudo de uma hora para outra. Quem eu sou é a pergunta que me faço todos os dias quando eu acordo e em todos dias algo muda e a resposta sai sempre diferente. Talvez um dia eu seja capaz de manter essa resposta e talvez nesse momento eu saiba quem eu sou de verdade.
Isso que eu escrevi são pedacinhos de mim, talvez seja meu diário. São meus momentos, são vários acontecimentos. É tudo real, é tudo meu. São as minhas angústias, os meus medos e até um pouco da minha felicidade. São meus pedidos de socorro e as vezes sou eu dizendo que está tudo bem. É uma explosão de quem sou eu todos os dias, cada dia alguém novo. Um dia com medo, um dia com coragem para mudar o mundo. Mas sempre novo.
Isso que eu escrevi é a minha vida, meus planos, minhas frustrações, experiências e claro, meus amores. Talvez lendo isso, você pense que eu sou triste demais, ou um pouco maluco. Ok, talvez você esteja certo, mas eu gosto de acreditar que sou apenas um alguém desconhecido para si mesmo, que se conhece de novo sempre que acorda e tenta ser alguém diferente, porque um dia eu posso gostar de “quem eu acordei” e então seja esse alguém para sempre. Ou por um tempo. Ah sei lá.