Coleção pessoal de marcio_marques

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⁠Confiei, acreditei,
mas no fim, foram só palavras...
Me perdi, me desviei,
e por acreditar em você
fiz da razão a minha insensatez.

Sonhei, quis que fosse verdade,
mas embora estivéssemos próximos,
a cada mentira dita,
me confrontava à realidade.

No fundo, apenas os pensamentos próprios são verdadeiros e têm vida, pois somente eles são entendidos de modo autêntico e completo. Pensamentos alheios, lidos, são como sobras da refeição de outra pessoa, ou como as roupas deixadas por um hóspede na casa.

Observei que o carácter de quase todos os homens parece particularmente adaptado a uma certa idade da vida, de modo que nela se apresenta da forma mais proveitosa. Alguns são jovens amáveis, e depois isso passa, outros, homens enérgicos e activos, dos quais a idade rouba todos os valores. Muitos apresentam-se mais favoravelmente na velhice, quando são mais indulgentes por serem mais experientes e serenos.

⁠Não sei explicar o que possa ser intensidade,
Talvez seja algo que só se entenda quando vivido.
Talvez seja uma fome
que não se possa saciar,
ou um impulso
que não passa despercebido.
Talvez seja uma ânsia
a qual não se consegue acabar,
ou palavras que não conseguimos dizer.

Não consigo explicar.
É a mistura de sentimentos
tal como um caldeirão à borbulhar,
é não ter certeza
em meio a razão,
é perder o ar
em meio ao furacão,
é se sentir perdido
junto à multidão.
Nem sempre haverá explicação....

⁠Sei lá,
mas há coisas que só acontecem com o tempo.
Há momentos que gostariamos de viver,
mas estão fora do nosso alcance.
Há sempre questões para resolver,
que frequentemente, tornan-se realidade.
Há sentimentos que deixamos passar,
que por falta de tempo,
caem no esquecimento.
Há de haver um dia
em que tudo se tornará uma lembrança,
cada passo dado, cada instante perdido.
O tempo nos tornará obsoleto e esquecido,
Mas talvez por um breve momento,
tudo que aqui há,
poderá ter feito sentido.

⁠Me vi quebrado
na forma mais difícil de consertar,
e era aqui dentro
o lugar que deveria encontrar.

Sentimentos nos tornam vulneráveis,
fracos e incapazes.
Mas são esses mesmos que nos dão
força e coragem.
E apesar de tu que eu sentir,
Sempre fora com tamanha intensidade.

⁠Você é a tempestade que atiça minhas ondas,
Desfaz a calmaria e me deixa inseguro.
Você é a tempestade que me joga contra os faróis,
Perdendo o controle das ondas
e me arrebentando sobre o cais.
Força implacável e violenta,
Já não posso mais ver o porto...
Pois tudo que resta
é essa tormenta.

⁠Cheguei, agora estou aqui.
Não sei, sei lá...
Qual caminho seguir?

Talvez, quem sabe?
Um dia me sobre
Outro me falte...

Agora, a hora
Momentos presentes
Tão certos, embora...

Consciente,
Inconsequente,
Sem pressa,
Sem demora!

⁠Para mim somos isso, um amontoado de átomos colidindo constantemente uns contra os outros, uma reação em cadeia que deriva de um instante qualquer ao caos cotidiano que reverbera a síntese do pensamento presente.


Se partires, não me abraces — a falésia que se encosta
uma vez ao ombro do mar quer ser barco para sempre
e sonha com viagens na pele salgada das ondas.

Quando me abraças, pulsa nas minha veias a convulsão
das marés e uma canção desprende-se da espiral dos búzios;
mas o meu sorriso tem o tamanho do medo de te perder,
porque o ar que respiras junto de mim é como um vento
a corrigir a rota do navio. Se partires, não me abraces —

o teu perfume preso à minha roupa é um lento veneno
nos dias sem ninguém — longe de ti, o corpo não faz
senão enumerar as próprias feridas (como a falésia conta
as embarcações perdidas nos gritos do mar); e o rosto
espia os espelhos à espera de que a dor desapareça.

Se me abraçares, não partas.

Eu sei o preço do sucesso: dedicação, trabalho duro e uma incessante devoção às coisas que você quer ver acontecer.

O homem se apega às coisas na vã esperança de que elas possam permanecer imóveis e perfeitas; ele não se reconcilia com o fato da mudança (...) O homem nota e lamenta a mudança e mostra que ele próprio não está se movendo com o ritmo da vida.

(O Espírito do Zen)

O homem olha para o mundo exterior para buscar sua salvação; imagina que poderá encontrar felicidade ao possuir algumas de suas formas. Mas não poderá encontrar felicidade nessas formas se não a puder encontrar em sua própria mente, pois é a sua mente que faz as formas...

(O Espírito do Zen)

Nada é mais fácil do que confundir a sabedoria de um sábio com a sua doutrina, pois, na ausência de qualquer compreensão da verdade, a descrição dessa compreensão feita por outrem é facilmente confundida com a própria verdade.

(O Espírito do Zen)

Nós vivemos em uma cultura totalmente hipnotizada pela ilusão de tempo, na qual o chamado presente é sentido como uma pequena linha entre o "todo poderoso" passado causativo e o "absurdamente importante futuro". Não temos presente. Nossa consciência está quase completamente preocupada com memórias e expectativas. Nós não percebemos que nunca houve, há, ou haverá qualquer tipo de experiência além da experiência do momento.
Portanto, nós estamos fora de contato com a realidade. Nós confundimos o mundo como ele é falado, descrito, e mensurado com o mundo do modo que ele na verdade é. Nós estamos doentes com uma fascinação pelo uso de ferramentas de nomes, números, símbolos, sinais, conceitos e ideias.

Beleza não vale nada e depois não dura. Você nem sabe a sorte que tem de ser feio. Assim quando alguém simpatiza contigo, já sabe que é por outra razão.

Eu estava longe de ser uma pessoa interessante. Não queria ser uma pessoa interessante, dava muito trabalho. Eu queria mesmo um espaço sossegado, e obscuro pra viver a minha solidão; por outro lado, de porre, eu abria o berreiro, pirava, queria tudo, e não conseguia nada.

Existem coisas piores que estar sozinho mas geralmente leva décadas para entender isso e quase sempre quando você entende é tarde demais. E não há nada pior que tarde demais.

De algum modo, sentia que estava ficando meio maluco. Mas sempre me sentia assim. De qualquer forma, a insanidade é relativa. Quem estabelece a norma?

Me sinto bem em não participar de nada. Me alegra não estar apaixonado e não estar de bem com o mundo. Gosto de me sentir estranho a tudo...