Coleção pessoal de MarciaCardosoSV

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Porque é sempre no escuro da madrugada que as coisas se fazem claras.É quando se precisa de alento, quando se conta só com o vento, que podemos ver bem claramente, tudo que o outro "não" sente. Não vem do que se diz, vem do que se faz, a resposta. E eu, mera aprendiz na arte de entender mensagens subliminares, fico a deriva. Não sei ainda me doar sem pensar no retorno, no em torno. Não sei viver so de mim. Ainda. De verdade? Nem sei se quero aprender. Gosto muito da troca, do vai-e-vem, da generosidade não generosa. Escapo do rosa e viro roxa. Calo todos os meus "ais"...sei que mereço algo mais!





Márcia

DOIS CAMINHOS, UM ATALHO E NENHUM DESTINO.



Ele tomava sempre duas direções. A cada lugar que tentava ir encontrava uma bifurcação. Por vezes usava atalhos, pensando ter encontrado o caminho mais rápido . As vezes caminhava ao mesmo tempo por duas vias. Por vezes tomava o caminho mais longo, por ser o mais bonito, cheio de árvores frondosas, por onde o sol escapava e riscava no chão um traçado brilhante. Por vezes escolhia o caminho mais curto, sombrio e esquecia que atalhos na maioria das vezes são perigosos. Dizia que não se preocupava com o destino e sim com o caminho. Mas quem anda, anda sempre visando chegar...se não há destino escolhido, não há porque caminhar .. a não ser que seja so por admirar a paisagem escolhida. Contemplar os campos, assuntar os cheiros,se emocionar com texturas e cores. Há caminhos e caminhos e há que se ter cuidado porque existem caminhos sem volta. Tantas vezes seguimos o arco-íris que se faz desenhar no firmamento. Tantas vezes tomamos estradas só porque avistamos nela casinhas mal pintadas, com jeitinho simples , aroma de café fresco e tão acolhedoras. Ele nunca escolhe as rodovias de acesso rápido,seguras,que cobram tributos em forma de pedágio, mas que certamente sabem onde nos levam...Ele preferia não ter destino...andar a esmo, se embrenhar por vielas e caminhs escusos.

Mas ela não. Ela gostava de mapas...do certo, e, decerto, atalho não era.


Eram dois caminhos... e nenhum destino.

No fio da faca eu afio meus medos
Enfio estacas, alicerço os segredos
Construo muros de seda tal qual camisola
E nos teus dedos minha alma rebola

Se sou brinquedo me guarda direito
Os meus defeitos, não conte a ninguém
Meu corpo suado,teu nome tatuado
Teu cheiro cravado no meu misturado
São teus por direito,não dou a ninguém

E se por ventura, faltar a candura
Duvidar da pureza que em mim você tem
Procura ai dentro, meu nome gravado
Com o fio da faca , com o lado do corte
Antes da nossa morte,por acaso, por um triz
Você vai me achar inteira, como ferida curada
Em forma de cicatriz.

Hoje eu nem to poética.Não to pra conversinhas rimadas e nem papinhos redondos. To reta, cheia de quinas, procurando uma esquina qualquer pra te dizer uns desaforos.Desaforos a gente diz a sós, baixinho, porque tudo que se diz baixinho fala muito mais alto ao coração. E meus desaforos são pra atingir sempre o coração. Não preciso me desabafar.Gosto das minhas coisas sérias bem contidas, falar muito, só de amenidades. Hoje eu vou parar numa quina do mundo e te dizer várias coisinhas que ficaram guardadas, elas sempre ficam. escuta daí se você for capaz. É sempre bom ouvir o que as pessoas nos tem p dizer, embora não seja do seu feitio acreditar no alheio. Vou pegar um copo de coca zero, me embebedar de coragem e te dizer tudinho. Vê se você consegue ouvir daí. Até porque se eu te olhar de perto, o mundo fica redondinho e a única coisa que consigo verbalizar são os carinhos que guardei p ti.Realmente não sei brigar, definitivamente acho que o mundo e nem ninguém precisa de brigas .Eu sou rosinha, sou menina,e quando estiver completamente pronta pra te dizer as coisinhas feias que tenho pra te dizer, capaz de você achar elas lindas. Vão sair todas como flôres,desabrochando numa primavera que insiste em ser outono.Ainda creio no transformar, ainda que isso tenha que ser feito numa esquina qualquer da vida, bem longe de você.


Um beijo
Márcia

Faz assim...vai seguindo o fiozinho
Que vai dar no ninho
Que preparei pra ti
Faz bem de levinho
Que é devagarinho
Que se chega breve...

Faz só um segundo
Que eu te dou o mundo
Na ponta da língua
Vem do teu jeitinho
Que é pra você ver
Como isso tudo vinga...

Tenha medo não
Dá aqui tua mão
Que eu te ensino o caminho
Se eu to aqui contigo
Por que você insiste
Em fazer sozinho?

Segue o fiozinho
Que ele é o caminho
Da felicidade
Se a gente tem carinho
Por acaso, diz
Isso parece maldade?

A gente não tem tempo
Nem idade e o vento
É quem sabe a resposta
Se encosta aqui benzinho
Que eu sei direitinho
Do que você gosta....

Segue o fiozinho que ele te mostra
Ta?

REPARTINDO OS BENS

Deixo pra você, não discos nem livros
Nunca dividimos nada físico..
Deixo pra você, não cabides vazios
Nem espaço na cama...
É tudo teu...

Pega pra você os sorrisos que eu te dei
O tempo que eu dediquei...

Leva..é tudo teu!
Fica com meus olhares, minhas caretas
Leva...eram teus mesmo.Não dava pra mais ninguém...

Só queria que você me devolvesse meus arrepios..aqueles, que sentia quando você chegava.Estão com você? Não sei realmente onde os perdi...
Comigo, aqui, seu,ficou só tua alegria, tuas bobagens; Mas já te aviso que não vou devolver
Ainda me fazem falta.

Ah! O teu silêncio ta aqui tambem.Uso ele todo dia pra esquecer você...

Sem beijos,sem medos, sem nada...

SEMPRE


Quero você assim
Risonho, claro
Homem raro
Quero um querubim

Quero você sempre em mim
Em cima, embaixo
Qualquer lugar bem perto
Num vai-e-vem sem fim

Deita, recosta, toma pra ti o que é teu
Bate, maltrata, xinga
Pra que serve o amor se ele nunca doeu?

Agora você é meu
Vou transformar seu mundo
Tragar você num segundo
Como faço com minha verdade, ainda que tardia
Transformo tudo em poesia.

No jardim dos teus olhos sou flôr rara
Sou jóia cara nos porões do teu ser
Sua deusa, seu ar, a luz que pretendes ter

Eu aqui imóvel,longe
Sem saber que rumo tomo
Sem saber achar meu prumo

Sou devassa, me entrego a ti
Sou casta, minha mão me basta!

Na insensatez despida dos poetas
No desequilibrio tolo dos sensíveis
Te encontrei
Me encantei por teus anseios híbridos
Me alimentei dos teus olhinhos tímidos
E gritei
Gritei calada em cada verso que escrevi
Loucura vã...
De me fazer ouvir.

ESPIRAIS

Somos dois espirais
Que se formaram já faz tempo
Vamos rodando, desprezando fragmentos
Do que deveríamos ser e não somos.

Quando giramos
Gira junto o universo
Cíclico,cínico, submerso
Na imensidão do que fomos

Roda pra esquerda
Que eu me defendo e rodo em sentido contrário
Lutando contra as fagulhas
Que desprendo quando encosto em você.

Rodo um "eu" híbrido
Metade focada na lua
Metade jogando na rua
Pedaços de mim que você nunca crê.

VERMELHO

No vermelho complexo das tuas rimas
Desbravei mares
Conheci lares, escalei montes
Dancei nos teus versos, sorvi tua fonte
Arrepiei o plexo e me prendi a ti.

Me cortou com a faca
Mostrou que o amor do poeta fecunda com sangue
Teu poema vermelho me fez concordar...
É...
Um barco grande, deslizando com força
Também faz carinho no mar.

Levo minh'alma pra dançar contigo
Cada vez que te imagino puro
Que te quero duro
Recostado na maciez do meu sorriso enebriado
Depois
Banho meu corpo com muito cuidado
Pra não apagar as marcas que tu imprimes em mim
Ao me afagar de longe

Esquece
Tua face pálida, tua melancolia cálida
E dança comigo?
Teus dias mal passados
Teus poucos momentos alados
e dança comigo?

Esquece
tua aflição e dor
Agonia e solidão
Pega na minha mão


Dança comigo?

VEM PRA MIM

Mesmo na tua ausência eu enlouqueço
É quando imagino teu corpo no meu que me esqueço
Da precisão do toque no ato
Sinto teu cheiro, aguço o olfato
Te beijo no espelho
Te lambo inteiro no porta-retrato
Te viro do avesso e te chamo de meu

E no fim
Eu me deito a teu lado,momento de estio
Pra de novo te amar e qual fêmea no cio
Me entregar pra você quantas vezes quiser

Vem pra mim
Me leva contigo pra longe de tudo
Quantas vezes gritei pra você com som mudo
Quantas vezes brinquei
E voei no teu céu...

O que eu quero com você?

Eu quero o paradoxo, do paradigma. Paranóia?Quero também.Só não quero parar.Faz mais que tá bom demais.Quero doenças agudas e estados gripais.Chuvinhas miúdas e grandes temporais.Quero quando você me desnuda com os olhos, quero também teu ar blasé.talvez a gente nem se case, mas tem coisa mais gostosa e kamicase que me entregar escondidinho pra você?O que eu quero? Eu não quero nem saber....

O QUE EU TENHO DO MAR

Eu sou assim
Me formo lá perto do infinito
o que vocês vêem de mim é só minha arrebentação, meus espasmos

Também sou marasmo sim
Sou calmaria até
Só não sou azul e nem me peça pra ser

Gosto mesmo é das tempestades, dos relâmpagos que por vezes desabam em mim
É , eu sou assim


O que? o que eu tenho do mar?
Não tenho nada!

Ele que roubou todo esse esplendor de mim.

VEM

Deita teus olhos em mim
Faz da dor pungente de calar, a lira
respeitosa espada que sangrando
Avista a derradeira morada

Deita teu corpo assim
Faz do teu grito errante
O delirar do amante
Deita tuas mãos espalmadas
Nas curvas quentes da lua
Olha de longe, eu sou tua!!!!

Você me empurra


Me põe de lado


Me faz de burra


Fica afastado




Me deixa doida


Me pega forte


Me mostra o norte


Depois me invade






Você me assusta


Me pisa toda


Me dá na cara


Depois me beija




Morreremos assim?




Que assim seja!!!!

Era só virar de lado
Pra eu te sentir plugado
Em mim

Tinha só que ter cuidado
Se manter amparado
Assim

Faz?
Entra na contramão
Assim de sopetão
E se apossa de tudo

vem?
Me faz refém do olhar
Que ao me fazer calar
Te deixa mudo

Era só me dar tua mão
Que vinha um coração
De brinde....

A cada palavra dita suspirei
Pari cada desejo
Cada beijo
E me deti
No teu silêncio como resposta
Vou enterrar aqui
O toque de veludo das tuas mãos
O cheiro forte do teu corpo vivo
As mentiras ditas em favor do amor
E os enfeites usados nas palavras do poeta
Quando quer fingir
Se todo poeta é um fingidor
Finjo que era amor
O que entreguei a ti
E a dor do"meu" poeta que deveras sente
Deixa na alma da mulher sempre donzela
Que pintou um arco-íris em aquarela
Imaginando que seria dela
Um homem tolo,poeta falso
Macho que mente.

Eu juro que velo meus medos
Lambo teus dedos
Não revelo os segredos
Jamais


Prometo que guardo latente
Minha língua fluente
Te marco com os dentes
Demais


Garanto , eu te faço feliz
Empresto ao teu nariz
o meu cheiro de flôr e de anis
Nada mais


Se você não rasgar meu retrato
Me deixar de quatro
Me tratar que nem gato
Ai!!!!