Coleção pessoal de Marcelocorreia
Não somos o que pensamos ser, somos o que evitamos ver. Nos idealizamos para caber nos olhos dos outros, mas quem somos realmente mora naquilo que recusamos enxergar.
Ao começar a ler um livro, embarco em uma viagem, uma verdadeira jornada. Às vezes longa, outras vezes curta. Ando por lugares onde nunca pisei, converso com pessoas de outros tempos, às vezes concordando, outras discordando. Sem saber onde irei chegar, acabo encontrando comigo mesmo. Uma viagem de muitas incertezas, mas com uma certeza constante: ao desembarcar, eu não serei mais o mesmo.
Ser feliz dá trabalho, sim. É um corre diário, um jogo de cintura pra achar beleza no meio da bagunça e valorizar as pequenas vitórias. Felicidade não cai do céu, a gente que faz.
O Canto do Tempo
O tempo marcha adiante,
sempre em frente,
nunca recua,
nunca hesita.
O tempo, severo e sábio,
não concede volta,
não retorna.
É rio que não se detém,
sempre correndo.
Quantas vezes desejamos
um segundo a mais,
um instante a mais,
para viver de novo.
Mas o tempo, inflexível,
continua a fluir.
Ah, como seria doce,
reviver momentos,
refazer erros,
aproveitar o que passou.
Talvez o tempo nos ensine,
em sua sabedoria austera,
que o presente é o maior presente,
e o agora, a verdadeira bênção,
onde o ontem se encontra com o amanhã.
Criar é um jeito de se curar, de fazer sentido no meio do caos, de transformar angústia em algo que a gente possa tocar e admirar. É um encontro silencioso com Deus, onde a gente se permite ser vulnerável, verdadeiro, genuinamente humano. Quando criamos, abrimos o coração e deixamos transbordar o que somos e o que sonhamos ser. É um ato sagrado, uma oração sem palavras, uma confissão da nossa essência mais pura.
Intimidade é aquele esforço manso e contínuo de decifrar o outro, como quem lê um livro de páginas antigas, o cheiro de papel envelhecido subindo e misturando-se com o café quente da tarde. É quando o olhar se detém nas entrelinhas dos gestos, nos silêncios que falam mais alto do que palavras.
Viver a intimidade é entender que o outro é um universo, e a cada dia é preciso aventurar-se em suas galáxias, percorrer suas crateras, desvendar seus segredos mais escondidos.
É querer saber qual a música que faz o coração dela bater mais forte, o que faz os olhos dela brilharem e se encherem de água. É perceber as pequenas rugas que o riso desenha ao redor dos olhos, e amar cada marca como se fosse um mapa do tesouro. Intimidade é estar presente na ausência, é reconhecer o peso das palavras não ditas, é saber a hora exata de um abraço silencioso.
É suportar as tempestades juntos, sabendo que depois da chuva o sol sempre encontra um jeito de brilhar novamente.
É respeitar os limites do outro, sabendo que não se pode invadir sem permissão, mas também é ter a coragem de mostrar suas próprias fragilidades, desnudando a alma sem medo. É aprender a linguagem do toque, do olhar, do silêncio. Intimidade é, acima de tudo, um ato de coragem e entrega, um esforço constante para conhecer o outro, em sua essência mais profunda, e amar essa essência com toda a força do coração.
Um dia, ouvi alguém dizer: "Você só pode ajudar quem quer ser ajudado." E essa frase, tão despretensiosa, me fez pensar nas sutilezas da vida e nas complexidades do coração humano.
A gente, com toda a boa vontade do mundo, estende a mão, oferece um abraço, dá o conselho que parece certo. Mas a verdade é que nem sempre o outro está pronto para receber. Não é uma questão de egoísmo ou ingratidão, mas uma condição do próprio ser. Cada um de nós tem seu tempo, seu processo, suas feridas que precisam de tempo para cicatrizar.
Há momentos em que o coração do outro está fechado, não por falta de amor, mas por medo, por cansaço, por uma necessidade de se proteger. É como uma flor que, em pleno inverno, se recusa a desabrochar. E isso deve ser respeitado. A ajuda verdadeira não força, não impõe; ela espera pacientemente pelo momento certo, pelo sinal de abertura.
Ser humano é isso: é entender que nossa vontade de ajudar, por mais sincera que seja, só tem valor quando encontra eco no outro. É como oferecer um pedaço de pão; ele só mata a fome se o outro estiver disposto a comer. E há uma beleza sutil nesse entendimento, uma sabedoria que nos ensina a amar sem condições, a estar presente sem invadir.
Às vezes, a maior ajuda que podemos oferecer é simplesmente estar ao lado, em silêncio, segurando a mão e esperando. A presença é um bálsamo, um sinal de que, quando o outro estiver pronto, não estará sozinho. E isso, por si só, já é uma forma de amor.
Então, a gente aprende a reconhecer os sinais, a perceber quando é hora de agir e quando é hora de esperar. A vida tem seus ritmos, e cada pessoa tem o seu. Ajudar é também um ato de paciência e respeito, uma dança delicada entre a oferta e a aceitação.
Porque, no fundo, o que todos nós queremos é isso: ser compreendidos em nossos tempos e processos, amados em nossa imperfeição. E quando a ajuda vem desse lugar de amor e respeito, ela tem o poder de transformar, de curar. Porque, às vezes, a verdadeira ajuda é apenas estar ali, do jeito mais simples e humano possível.
Houve um tempo, quem sabe você se recorda, em que a vida era inteiramente sua. Só sua. Mas, como folhas carregadas pelo vento, você se perdeu nas curvas sinuosas do caminho. Deixou-se levar pelos desejos dos outros, pelas expectativas alheias, e sua própria voz, antes tão clara e vibrante, foi ficando em silêncio.
No começo, as concessões eram pequenas, quase invisíveis. "Faça isso por mim", "Você poderia tentar aquilo?". E você, de coração aberto e generoso, aceitou. Cada passo em direção ao que não era seu fez com que deixasse partes de si pelo caminho, pedaços que, quando juntos, formavam a essência do seu ser.
Um dia, ao se olhar no espelho, a imagem refletida era estranha. Onde estava aquele brilho nos olhos? Aquela paixão que iluminava seus dias e aquecia suas noites? Ah, a saudade de si mesmo! Saudade de um tempo em que as risadas eram autênticas, os sonhos eram altos e as esperanças, infinitas.
Você se lembra? Houve uma época em que os risos ecoavam e os sonhos floresciam. Aquela época era sua. Agora, parece coberta por sombras, a alegria murchou, e os risos se tornaram ecos distantes. É triste perceber que, ao viver a vida dos outros, você esqueceu de viver a sua própria.
Mas nem tudo está perdido. A vida é como uma ampulheta, onde cada grão de areia representa um momento, uma escolha, uma lembrança. E se cada grão que caiu não pode ser recuperado, sempre existe o presente, o aqui e agora, para ser vivido com autenticidade.
Comece a juntar os pedaços deixados pelo caminho. Reconheça suas próprias vontades, seus desejos, suas necessidades. Redescubra sua essência e comece a cuidar de si novamente. Remova as ervas daninhas da conformidade, plante novas sementes de esperança, regue com suas lágrimas e adube com suas risadas. Deixe que o sol da sua autenticidade brilhe outra vez.
Lembre-se, viver a vida que é sua não é egoísmo. É um ato de coragem, de amor próprio. É redescobrir aquela criança que sonhava sem limites, que acreditava no impossível, que via beleza em cada canto. É permitir-se ser, plenamente, o que sempre foi destinado a ser: você mesmo.
E ao final dessa jornada de reencontro, quando olhar para trás, verá que a saudade de si mesmo foi o impulso necessário para redescobrir a beleza da sua própria essência. E perceberá que a vida, afinal, é uma poesia escrita com cada batida do seu coração, cada suspiro da sua alma. E essa poesia, é única e incomparável.
Há tempos, vivemos na tirania do imediato. Uma geração apressada, ansiosa por respostas rápidas, sem pausas para a reflexão. E assim, nos vemos aprisionados pelo frenesi do presente, entregues ao impulso de falar, sem medir as palavras, sem respeitar o compasso natural de nossas almas e o silêncio que nos habita.
O silêncio, que deveria ser nosso amigo, tornou-se um fantasma. Tememos suas profundezas, sua quietude que nos convida a pensar. Então, falamos. Falamos para preencher o vazio, para afugentar a solidão, mas sem notar que, ao fazer isso, muitas vezes apenas propagamos o vazio. Falamos sem ouvir, sem entender, sem sentir.
Ah, como seria bom aprender a ouvir o silêncio! O silêncio que não é ausência, mas presença plena. O silêncio que nos permite ouvir a nós mesmos, que nos dá a chance de encontrar a verdadeira voz dentro de nós. Porque é no silêncio que nascem as palavras que realmente importam. É nele que podemos descobrir a beleza de uma pausa, a riqueza de um momento de contemplação.
Nos momentos de silêncio, eu me deparava com a presença inescapável dos meus próprios pensamentos. Cada memória ressurgia com um peso existencial, preenchendo o vazio com questionamentos profundos. O silêncio, em sua aparente simplicidade, revelava-se um espaço denso e intrincado de introspecção. Esse confronto com a minha própria consciência era um lembrete constante da complexa condição humana. Na solidão, encontrava a verdade de minha existência, percebendo que, mesmo isolado, nunca estava realmente só, pois estava sempre acompanhado de minha própria essência e questionamentos.
Podemos nos confortar com a ideia de uma existência após esta vida, mas sejamos francos: a vida que temos, aqui e agora, é irrepetível. Não haverá outra oportunidade para reviver os momentos que estamos experimentando. Cada instante é único, cada decisão é definitiva. Apostar numa continuidade futura pode ser reconfortante, mas não podemos ignorar que esta vida, com todas as suas imperfeições e maravilhas, é nossa única chance de experimentar a realidade. Portanto, é fundamental que reconheçamos a singularidade de nossa existência atual e vivamos com plena consciência de que não haverá um segundo ato.
O Relojoeiro e o Tempo
Numa vila onde o tempo parecia ter se aposentado, as casas de pedra desgastadas pelo sol e pela chuva contavam histórias de séculos passados. As ruas, estreitas e sinuosas, eram ladeadas por lampiões que, ao cair da noite, lançavam um brilho dourado sobre os paralelepípedos, criando sombras dançantes que pareciam sussurrar segredos antigos.
No coração dessa vila, quase oculta pela cortina de trepadeiras e flores silvestres, estava a loja do relojoeiro Seu Antônio. Era um santuário de memórias, onde cada relógio pendurado nas paredes era um guardião do tempo, cada carrilhão uma ode ao passado. O ar ali dentro cheirava a óleo de máquina e madeira antiga, e o som dos relógios em uníssono criava uma melodia que falava de um tempo que não voltaria mais.
Seu Antônio, um homem de cabelos prateados e rugas que mapeavam sua vida, era o maestro dessa orquestra silenciosa. Ele passava seus dias inclinado sobre sua bancada de trabalho, os olhos atentos espiando através da lupa, as mãos trêmulas com a precisão de um artista. Para ele, cada relógio que consertava era uma vida que ele tocava, um coração que ele fazia bater novamente.
O relojoeiro não era apenas um artesão de engrenagens e ponteiros; ele era um tecelão de segundos e minutos, um escultor de horas. Em sua loja, que mais parecia uma cápsula do tempo, ele dava vida nova a relógios antigos, cada um com sua história para contar, cada um com seus segredos guardados.
As paredes da loja eram revestidas com relógios de todos os tipos: de bolso, de parede, de cuco, alguns tão antigos que pareciam ter testemunhado a fundação da própria vila. E no meio deles, Seu Antônio, com sua barba por fazer e olhar penetrante, movia-se como um fantasma entre os vivos, um anacronismo ambulante.
Ele não falava muito, mas quando falava, suas palavras tinham o peso da sabedoria. “O tempo”, ele costumava dizer, “é o mais sábio dos conselheiros e o mais cruel dos juízes.” E assim, enquanto consertava os relógios, ele também consertava as almas daqueles que vinham a ele com seus corações partidos, suas esperanças despedaçadas.
Numa dessas tardes em que o sol se punha preguiçosamente, tingindo o céu de laranja e rosa, uma figura desconhecida adentrou a vila. Vestia um manto negro que parecia absorver a luz ao redor, e seu andar era leve, quase como se flutuasse sobre os paralelepípedos. Seu nome era Helena, e ela trazia consigo uma aura de mistério que não passou despercebida pelos moradores da vila.
Helena procurava por Seu Antônio, movida por uma necessidade que ela mesma não conseguia explicar. Quando finalmente chegou à loja do relojoeiro, ela hesitou na porta, como se o limiar entre o interior e o exterior fosse uma fronteira entre dois mundos. Com um suspiro, ela entrou.
O relojoeiro a olhou com curiosidade, mas sem surpresa, como se de alguma forma esperasse por sua visita. “Posso ajudá-la?” perguntou ele, com sua voz que parecia um eco de tempos idos.
Helena aproximou-se da bancada, retirando do bolso um relógio de bolso antigo, com a tampa gravada com símbolos que Seu Antônio nunca vira antes. “Este relógio parou”, disse ela, “no exato momento em que meu avô faleceu. Eu gostaria que o senhor o consertasse, não para que ele marque o tempo novamente, mas para que ele me ajude a entender por que nos apegamos tanto a ele, mesmo sabendo que é finito.”
Seu Antônio pegou o relógio com mãos trêmulas, sentindo o peso da responsabilidade que lhe fora confiada. Enquanto trabalhava no conserto, ele refletia sobre as palavras de Helena. A vila, com sua eterna aparência de outrora, e os relógios, com seus tic-tacs incessantes, eram símbolos da ilusão humana de permanência. Mas Helena, com seu relógio silencioso, era um lembrete da inevitável verdade: tudo tem um fim.
Os dias passaram, e a presença de Helena na vila trouxe uma nova perspectiva aos moradores. Ela falava sobre a importância de viver o presente, de valorizar cada segundo como se fosse o último, pois, de fato, um dia seria. As pessoas começaram a ver a vida não como uma série de amanhãs garantidos, mas como um presente precioso e fugaz.
Quando Seu Antônio finalmente terminou o conserto, ele entregou o relógio a Helena, que o abriu e viu que os ponteiros ainda estavam imóveis. “Ele está consertado?” perguntou ela.
“Sim”, respondeu Seu Antônio, “mas não da maneira que você esperava. Ele não vai mais medir o tempo, mas servirá como um compasso para o seu coração. Cada vez que você olhar para ele, lembre-se de que o tempo é um mestre que nos ensina a valorizar cada momento, pois cada tic-tac é um passo em direção ao nosso último suspiro.”
Helena sorriu, compreendendo que o relojoeiro lhe dera algo muito mais valioso do que o conserto de um relógio: ele lhe dera uma lição sobre a vida.
E assim, a vila onde o tempo parecia ter se aposentado ganhou uma nova história para contar. Uma história sobre uma estranha que veio de longe para aprender sobre o tempo e acabou ensinando a todos sobre a vida. E Seu Antônio, o relojoeiro, tornou-se mais do que um consertador de relógios: tornou-se um consertador de almas, um guia para aqueles que buscavam entender o verdadeiro valor do agora.
Na verdadeira política, o que realmente importa é o serviço genuíno. A cada dia, vemos uma multidão crescente descrente da política, pois nos deparamos com tantos exemplos de políticos que adentram esse campo em busca de seus próprios interesses, indo de encontro ao propósito original que é o de servir. O verdadeiro político não está em busca de privilégios, mas sim de oportunidades para servir, de se dedicar ao bem coletivo, de ser um instrumento de mudança. Ele não busca ser servido, mas sim servir.
E é essa inversão de valores que nos leva à reflexão:
Até que ponto estamos valorizando e apoiando aqueles que verdadeiramente se dedicam ao serviço público? E como podemos incentivar uma cultura política baseada no verdadeiro sentido de servir à sociedade?
Escolhas
Ao despertar para a realidade de que o tempo passa sem piedade, surge a inquietude de não estar vivendo plenamente, de não ter feito algo de significativo. Então, nos vemos diante do imperativo de decidir, de fazer escolhas. Mas escolher não é tão simples como parece. O desafio se manifesta quando nos deparamos com a incerteza do que escolher, que direção tomar, por onde começar.
É comum que essa incerteza assombre muitos de nós. No entanto, a vida não espera indefinidamente. Enquanto hesitamos, o mundo continua girando, o tempo prossegue seu curso, e nós envelhecemos a cada instante. Nossa indecisão, aos olhos da vida, é interpretada como uma escolha pela inércia, pelo imobilismo.
As escolhas permeiam nossa existência, desde o momento em que despertamos até o momento em que voltamos a dormir. Escolhemos nossas roupas, nossa alimentação, nossos investimentos, nossas amizades, nossos parceiros. Cada momento é uma decisão, e nossa vida é o reflexo das escolhas que fazemos.
Há uma escolha fundamental que não podemos negligenciar: optar por viver. Faça-se a pergunta todos os dias: "Estou vivendo verdadeiramente?" Esta é uma reflexão essencial.
No cotidiano, observo uma multidão de "mortos-vivos" que vagueiam pelas ruas. Sim, mortos-vivos! São pessoas que existem, mas não vivem plenamente. Abandonaram seus sonhos, desistiram no meio do caminho, e agora não encontram felicidade nem creem nela. Vivem uma ilusão, tentando convencer a si mesmas de que fizeram o que era certo, mas a falsidade consigo mesmo é a pior das mentiras.
Optaram pela solidão, pelo desânimo, pela ilusão, pela mentira. Ignoram que estão afundando a cada dia, estão "vivas", porém não optaram por viver.
Um dia, acordei e vi que o tempo tinha passado, a ficha caiu e vi que não tinha feito nada de significante, estava morto. E em uma tarde de domingo, enquanto caminhava pelo parque, observando as árvores balançarem suavemente ao ritmo do vento, me deparei com um senhor de cabelos grisalhos, sentado num banco, com um olhar perdido no horizonte. Sua expressão era serena, porém carregava consigo uma certa melancolia.
Curioso, aproximei-me e puxei assunto. Ele se chamava Miguel. Com uma voz tranquila, começou a compartilhar sua história.
Miguel, há muitos anos, havia sonhado em ser músico. Seu coração pulsava ao ritmo das notas musicais, e seu maior desejo era encantar o mundo com sua arte. Ele aprendeu a tocar violão desde criança, e sua habilidade só crescia com o passar dos anos.
Contudo, conforme os anos se passavam, a vida o conduziu por outros caminhos. Ele se viu envolvido em responsabilidades familiares, e o sonho de seguir a carreira musical foi deixado de lado, guardado numa gaveta empoeirada de lembranças.
Ao longo dos anos, Miguel se dedicou a sua família e sua profissão, mas sempre havia um vazio em seu coração. Sentia-se como um pássaro enjaulado, privado de voar pelos céus da sua paixão pela música.
Um dia, porém, ao assistir um concerto ao ar livre, viu um jovem músico tocando violão com uma paixão avassaladora. A música fluía dele como um rio selvagem, inundando o ambiente com emoção e beleza.
Naquele momento, Miguel percebeu que ainda havia vida pulsando em suas veias, que seus sonhos não estavam mortos, apenas adormecidos. Foi como se uma chama dentro dele fosse reavivada, e uma voz sussurrasse em seu ouvido: "Ainda há tempo. Ainda é possível viver seus sonhos."
Decidiu então retomar sua paixão pela música, mesmo que fosse apenas como um hobby. Comprou um violão, matriculou-se em aulas de música, e aos poucos, redescobriu a alegria de criar melodias e harmonias.
Naquele dia no parque, ao compartilhar sua história comigo, Miguel tinha um brilho nos olhos que há muito tempo não via. Ele me disse que, embora tenha demorado a perceber, finalmente havia escolhido viver, escolhido seguir seus sonhos, mesmo que fosse tarde.
E ali, sentado no banco do parque, com o sol se pondo no horizonte, Miguel me ensinou uma valiosa lição: nunca é tarde demais para escolher viver plenamente, para perseguir nossos sonhos com coragem e determinação.
Optei por fazer história, por não passar pela vida sem deixar uma marca. Recordo as palavras de um homem: "Quando morrer, quero que minha lápide diga: ele morreu enquanto estava vivo." É paradoxal, mas muitos estão vivos apenas fisicamente, enquanto a vida real escapa entre os dedos.
Ao nascermos, deveríamos nos falar que estamos morrendo, apenas para nos lembrar da brevidade da vida, para nos impulsionar a viver intensamente, sabendo que cada momento é único e valioso.
Fazer a escolha certa não é fácil, mas quando a fazemos, sentimos a plenitude, a felicidade pela opção feita. Devemos manter o bom senso diante das inúmeras escolhas que surgem, não deixando escapar as oportunidades de sermos felizes, criando-as se necessário. A vida é o reflexo das nossas escolhas.
Hoje é um novo dia, repleto de oportunidades. Aproveite e escolha viver plenamente, escolha ser feliz.
Nascemos como uma folha em branco com todas as possibilidades abertas. Somos moldados pelas experiências que vivemos e pelas escolhas que fazemos ao longo da vida. Cada decisão, desde as mais simples até as mais importantes, tem um impacto em nossa vida. Essas escolhas formam nossa identidade e o curso de nossa existência.
O desconforto costuma acompanhar uma mudança real e genuína. No entanto, durante esse período, muitas vezes cogitamos desistir por causa da dor. Apesar das dificuldades, continuar a caminhar na direção da mudança nos ajudará a atingir nossos objetivos de evolução, aceitando que as lutas são parte inevitável desse processo. Mudar é difícil, mas é totalmente possível.
O risco sempre está associado à perseguição de nossos sonhos, não é? No entanto, pense comigo: a sensação de realização que sentimos quando conseguimos o que realmente desejamos é indescritível. Afinal, você já pensou em olhar para trás alguns anos depois e se perguntar: "E se eu tivesse tentado?" Essa reflexão mostra que o arrependimento real pode surgir da inação ou da falta de coragem para continuar. Então, mesmo que o caminho seja difícil, vale a pena começar a perseguir nossos sonhos porque a recompensa será imensa ao longo do caminho.