Coleção pessoal de manuedre
A política é quase tão excitante como a guerra e não menos perigosa. Na guerra a pessoa só pode ser morta uma vez, mas na política diversas vezes.
A desvantagem do capitalismo é a desigual distribuição das riquezas; a vantagem do socialismo é a igual distribuição das misérias.
Não adianta dizer: "Estamos fazendo o melhor que podemos". Temos que conseguir o que quer que seja necessário.
O vício inerente ao capitalismo é a distribuição desigual de benesse; o do socialismo é a distribuição por igual das misérias.
Como nesta vida pude me enganar?
Vivi tanto tempo sem sequer notar.
Suas atitudes sufocaram o meu
Pobre coração que quase desfaleceu.
Os seus sentimentos
Se sobrepuseram aos meus.
Me fizeram sua escrava,
Alguém que não sou eu.
Os meus gritos de socorro
Ninguém percebeu.
Nem os meus ouvidos
Me disseram que era eu.
Que muito desesperada
Procurava encontrar,
Um refúgio, uma sacada
De onde pudesse me lançar.
Sua ausência me mostrou
Os esforços que em vão
Fiz em toda a minha vida e
E nada valeram.
Hoje, muito decidida
Resolvi a todos dizer
Que muda, presa e sem vida
Eu não quero mais viver.
Sabia que o amor se esfriaria
Sim, se esfriaria
Mas hoje o que vejo
É bem mais grave
É bem mais sério
Congelou, congelou!
Oh, Senhor!
Venha logo
Se apresse
Tá difícil de aguentar
Tanta morte
Sofrimento, agonia e dor
Há revolta
Inveja, ira
Que pavor!
Já não se lembram
Do amor
Do que é o amor.
Teu povo clama
Ora vem, Senhor!
Levar Tua noiva
Em Teus braços
De amor
Ora vem, Senhor!
Sem discussão!
Queria compreender o por quê de não poder ser ouvida?!?!?!?
Queria compreender o por quê sempre tenho que ouvir?!?!?!?
Queria compreender o por quê de não ser compreendida?!?!?!?
Queria entender o por quê sempre tenho que compreender?!?!?!?
Me sinto como um objeto, um abajur, que quando se necessita de luz o acende e quando não, simplesmente apaga. Um objeto pode ouvir, mas não tem voz e por isso não precisa ser ouvido.
Contudo, não se deveria desprezar tanto algo que nos pode ser tão útil nos momentos em que precisamos de um pouco de luz.
Mas quem dispensaria atenção com um objeto que não tem necessidades? Ou quem daria respeito a este, já que nem sempre precisamos dele?
Eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E serei para ti única no mundo.
A arte de perder
A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério. Perca um pouquinho a cada dia.
Aceite, austero, A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subseqüente Da viagem não feita.
Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe.
Ah! E nem quero Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas.
E um império Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles.
Mas não é nada sério.
– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo) não muda nada.
Pois é evidente que a arte de perder não chega a ser mistério por muito que pareça (Escreve!) muito sério
Crônica do amor
Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo à porta. O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. (...)
Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referências. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.
Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco, você levou-a para conhecer sua mãe e ela foi de blusa transparente. Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina o Natal e ela detesta o Ano-Novo, nem no ódio vocês combinam. Então? Então que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.
Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai ligar e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário, ele só escuta Egberto Gismonti e Sivuca. Não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado, e ainda assim você não consegue despachá-lo. Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita de boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama esse cara? Não pergunte pra mim.
Você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes do Ettore Scola, dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem o seu valor. É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettuccine al pesto é imbatível. Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desses, criatura, por que diabo está sem namorado?
Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.
Não funciona assim.
Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o amor tem de indefinível. Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó. Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é.
Te vejo e meu olhar devora teu corpo
Como um animal faminto devora sua presa recém capturada
Te cheiro tentando inalar de ti
A essência necessária à minha existência
Te sinto, te abraço, te beijo
Num impulso de absorver de ti
Todo o afeto que preciso para ter a felicidade
No entanto, percebo que teu corpo
Teu cheiro, teu beijo e teu calor
Nada mais são que ilusões passageiras que
Levam de mim o que há de mais especial e sincero
E deixam de ti
Apenas o amargo gosto da solidão
A inocencia do teu coração
Te tornas vulnerável
As artimanhas em que os relacionamentos
Podem proporcionar a ti
Tu te fazes compreensiva e dedicada
Quando, na realidade, deverias
Ser displicente e descuidada
O romantismo de tua alma
Te fazes enxergar um jardim florido
Em meio a um brejo
A carência de teu ser
Fazes aceitares as “migalhas”
De sentimento a ti oferecidas e
Inutilmente te pões a cata-las
Enquanto o vento as fazem dispersar
Porém, nunca deixas de acreditar
Que é preferível sofrer, chorar, morrer
A impedir que teu coração ame.
Vivemos
Vivemos
Vivemos e depois de tudo o que vivemos
Podemos observar o muito que deixamos de viver
Por motivos banais não fomos capazes de usufruir
Tudo o que tinhamos para viver
O viver transbordante de vida acabamos de perder.
Vivemos
Vivemos
Vivemos e o que resta a nós viver
Caberá a vida nos ofertar e se novamente
Não formos tão insensatos
A nós viver.
Meu corpo se encaixa no teu
Como se fossemos um único ser
Ao ponto de poder sentir o que sentes
Tu me fazes ver o azul celeste
Existente apenas nos olhos inocentes de uma criança
As fantasias que me fazes viver
Preenchem meus dias de alegria e paz
E tenho medo da realidade
Lugar onde se descobre que os relacionamentos
Podem ter um fim.
No entanto, meu coração não consegue
Acreditar que tanta felicidade deixe de existir
Pois meu corpo já se acostumou a viver do teu.