Coleção pessoal de mai.motta
As palavras são como os patifes desde o momento em que as promessas os desonraram. Elas tornaram-se de tal maneira impostoras que me repugna servir-me delas para provar que tenho razão.
Muitos clamam por viver...
viver...
viver...
...e ser feliz!!!
Mas o que é ser feliz?!
Errar e acertar,
Sonhar e acordar,
Sorrir e chorar,
e no final só aprender???
Viver é aprender a morrer...
a cada instante!
Deixar passar o passado e viver apenas o presente...
Sem medo,
Sem preconceitos,
Espantando-se
A felicidade está aí...
Seja na beleza de Vênus ou na pedra que está no caminho...
A felicidade está aí...
Em saber morrer para viver,
pois só há vida se há morte!!!
AINDA ONTEM
Ainda ontem senti seu olhar
Ele não desviava a direção...
Devia ter acostumado,
Desde que te esqueci,
Resolveu lembrar-me...
Teu pensamento era de outra
Vivi um mundo onde nada era meu
Cansei, chorei, desisti....
Rompi a ano rezando à grande mãe
E rogando esquecer-te...
Foi fácil.
Te esqueci
Mas desde que te esqueci,
Resolveu lembrar-me.
E num encontro casual,
Reclamastes do meu beijo...
Já não era o mesmo,
Reclamastes do meu corpo,
Já não tinha linguagem,
Te desejava por este simples momento.
A mágica dos corpos havia se perdido,
E só então pode perceber que já não te pertencia ...
E muito tempo se passou, acontecimentos nos afastaram ainda mais
Mas seu olhar ...
Iniciou sua trajetória em minha direção
Já não havia o que falar
Eu entendia, você entendia...
Não havia mais vontade...
Não havia mais mágica...
E o tempo se passou...
E o tempo se passou...
Ainda ontem senti seu olhar...
E ele permanecia na mesma direção...
E no simples cumprimento meu ao que hoje chamo amigo...
Senti que teu corpo falava,
Senti tuas mãos a percorrer meus cabelos,
Senti suas mãos nas minhas,
Senti a vontade do beijo,
Senti também que os tempos de outrora não haviam voltado,
Simplesmente ...
Senti o olhar que não mudava a direção...
Senti você ali,
Senti algo,
Senti vontade
Senti o beijo
Já não sei o que será...
O que apenas sei...é que não costumo errar mais de uma vez....
e sinceramente não sei dizer....
Se voltar a olhar você não seja um erro!
Loucuras Incabíveis
O início da loucura...
Pessoas unidas numa casa,
Amigos, conhecidos, desconhecidos
Uma dupla, um trio, um quarteto...
alguém só...
mas todos juntos...
Líquidos unem pessoas.
Vontades soltas e contidas ...
definem a consequência dos fatos...
ir ou não ir?!
eis a questão imposta...
Ficando ou não
os líquidos permanecem a unir pessoas....
apenas o círculo aumenta...
cresce e se amplia para a cidade.
Mas junto com este crescimento do espaço unido,
as vontades aumentam...
sem saber alguns que este é apenas um prólogo...
O que esta por vir,
nem os líquidos de uma louca noite anterior conseguiram impedir.
Uma loucura desmedida..
que a aparência do ânimo tentava criar a ilusão...
mostrando um desanimo que não existia.
Segue-se caminho rumo a liberações e desprendimentos de vontades,
vontades imersas em líquidos abundantes...
vai, não entra, volta...
são as convenções...
ninguém quer ser o primeiro a adentrar o cenário,
volta, liquido e vai
agora já esta liberado o cenário...
e tudo começa a acontecer....
o ar começa a incomodar...
o corpo a se movimentar
e a multidão se une...
são tantas loucuras sem cabimento...
sou incapaz de descrevê-las
pois assim me contradiria,
se realmente coubessem aqui...
O tempo começa a enlouquecer ...
começa a correr como um insano...
se esquece das vontades...
das chaves perdidas...
chaves que abrirão e permitirão o abandono do cenário...
Mas há ainda no cenário uma louca perdida...
Líquidos nas mãos em vidro.
A chave faz cessar o choro,
numa casa vizinha...
porque o cenário deixou de existir...
Entram duas....
estranhamente entram dois...
Conhece-se um ...
desconhece-se outro...
mas nada impede a vontade até então...
Liquido, fumaça, corpo, fogo, pensamento...
são os simples elementos que compõem
aquele universo...
Mãos perdidas, dentes soltos....
um problema...
uma explosão...
o sol cega, esquenta e já não dá para ficar parado...
o toque do compromisso mais uma vez adiado insiste em incomodar...
Dois expulsos....
Largados e abandonados ...
Em plena cidade acordada...
um modo de comunicação entregue...
vai e volta ...
e já não mais dois
já não há mais liquido...
só resta a insonia e as lembranças...
loucuras contidas...
e a tentativa de compreender algo que não pode ser compreendido...
só restava saber algo...
que a louca perdida na festa estava agora amarrada...
numa cama de hospital...
sem lenço, sem documento....
sem sapatos
e que um desconhecido...
descia do ônibus,
para um encontro com céu e mar...
Antagonismo
Quando minha ausência se fez a ti presente;
e do vazio uma completude estranha rompeu.
Tua presença levou embora minha ausência;
Semeando orquídeas pelo caminho
de pântanos alagados e sombrios.
Levou embora minha ausência
trazendo sem ela a nitidez;
Um feixe de luz distribuída
numa exata proporção à escuridão presente.
Sem esta minha ausência,
sol e lua se encontraram;
Dia e noite se fundiram;
Já não eram mais os mesmos;
Já não éramos mais os mesmos,
minha ausência e tua presença!
E assim: amanhecemos, entardecemos e anoitecemos...
em um tempo único!
Não se sabe mais o que é carência,
o que é desejo e o que é vontade!
O pensamento em ti, a presença em ti,
já não estão ausentes!
Lanço-me neste tempo colorido.
Nesta mistura de cores
que entre manhã, tarde e noite
rompe no horizonte.
E assim trancafio a tirana razão
no calabouço
de seus castelos lógicos,
castelos humanos, calculados;
que há muito se instruiu ...
e sigo assim...
pois levastes embora minha ausência...
sigo sem distinguir os opostos...
pois sempre haverá apenas duas direções
em tua presença!
Sou a cada dia... Precisaria parar o tempo para dizer quem sou...Se digo quem sou... na realidade estarei dizendo quem fui,pois quando terminar de dizer... o tempo já não será o mesmo...terá passado...e terei sido... Só posso dizer que desde que me conheço...penso... e o pensamento me acompanha...cada dia com vestes diversas...algumas vezes ele aparece nú...outras vezes disfarçado...mas sempre me espanta!!! É o pasmo essencial!!! Pois o espanto é o motivo do ser!!! É quando ouso...É onde eu habito! Simplesmente no pensamento...no tempo...pois só nele eu fui, sou e serei...a cada instante!!!
PERCEPÇÂO
Sem perceber,
nos deixamos levar,
um e outro,
por curtas viagens evidentes.
Sem perceber,
seguimos rumos opostos,
perdemos o espaço,
por um descontínuo tempo.
Tornamos a evidencia objetiva,
subjetivamos vontades,
buscando o absoluto no imanente
derivando hipóteses!
Reduzimos ao vulgar o extraordinário,
guiados por um ethos multifacetado,
num composto de ilusão e sentido,
Sempre derivando hipóteses!
E por fim,
numa causalidade transcendental,
Percebemos que...
Teses e antíteses só nos levaram às sínteses!
Uma tríade traiçoeira!
Onde a razão se encontra,
Onde já se torna uma impossibilidade...
continuarmos nos escondendo dela!