Coleção pessoal de Machadodejesus
MINHA MELHOR PARTIDA DE FUTEBOL
Procuro alguém que me ajude a escrever uma partida de futebol;
Que seja íntimo comigo como Ronaldinho Gaúcho é com a bola; não vou te dominar, só não vou te passar pra ninguém.
Que drible às adversidades como Neymar dribla em campo, e que faça uma tabela como o próprio Neymar fez no seu gol Puskás.
Nosso mátria é tipo o do Santos Fc: nascer e com o outro morrer.
Não vou te pôr no banco de reserva, nem para o escanteio, nem te substituir. Na vida, vamos até a final. Vamos jogar pelas pontas. Dar passos lentos. Não pôr debaixo do gramado os erros. Vamos jogar de terno, um segura o piano para o outro. Quem torce por nós, vai ter que sair do estádio, comprar o ingresso e voltar para nos assistir de novo.
Não faremos faltas.
Cada partida é um Hat-Trick, tipo o Bahéa:
“Mais um, mais um título de glória
Mais um, mais um, Bahia
É assim que se resume a sua história”.
...Se possível, vamos para a prorrogação.
Somos Ridículos!
MEU PERFIL É ANÁLOGO AO PERFILAMENTO RACIAL ?
... O lixo vai falar o óbvio, e de boa!
“Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados por sua personalidade, não pela cor de sua pele.”
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
A Pátria é Genocida...
Na redação tirei nota Mil!
Aqui no Brasil está barril dobrado disso acontecer, pastor King.
Sua bênção apostólica.
...eu ainda ando no vale da sombra da morte. Mas não temo nada; porque não ando só...
Muhammad Ali, quem tá comigo não foge ao ringue.
Enquanto a cor da pele for menos importante que a narrativa do racista, haverá Perfilamento Racial.
Na minha quebrada eu tenho a cara de painho.
Na rua, a cara da viatura.
Sou revistado, a única droga que carrego é meu caráter. Estou aramado de cultura e arte, nunca estampei minha cara numa revista. Veja!?
O policial fala no meu ouvido em Espanhol:
“Oye, negro, ¿estás bien?”
(Quando dá, eles perguntam)
Queria bailar/ gingar como o Vini Jr.
Mas não posso hablar, porque o racismo estrutural não deixa.
Meu amigo negão estava com um beque, e seu parceiro branco estava com um quilo da massa, só meu amigo que foi para o presídio. Está numa sala lotada, desprovido de direitos e liberdade.
Mas o negão só traficava poesias.
Poxa! Queria comprar uma camisa do Santos FC 2012 – branca , mas o segurança do Shopping me vigia.
É aquela ideia, que existe pele alvo e pele alva.
Além de eu ser um Negro Drama, sou também um negro Eloquente, Lombroso:
Penso, existo, escrevo, logo sou poeta na minha cidade, Platão.
Tô descartando ideias racistas, irmão.
Estou tentando ser um ponto fora da curva como o Abebe Bikila:
Mas com os pés no chão.
Eu entro no restaurante de blazer,
E não sou revistado.
Se estou a caminhar na minha rua sem camisa, com meu dialeto, tatuado, kenner, boné ou cabelo pintado e bermuda,
Sou abordado pela polícia. Por quê!?
(Quase sempre por PM preto, maior onda!)
Com o Reconhecimento Facial,
Fica mais fácil para os homens me verem. Na moral!
Sua câmera contida na farda, só grava o que eles querem, moço.
Se eu der mole na rua, levo oitenta tiros. E eles ainda pisam no meu pescoço.
Quem criou às drogas, às armas, quem as levou para a Favela? Só não foi noíz!
Sou do Matadouro, senhor, mas danço até em linhas tortas.
Sou Sucupira, me deixe ir pela sombra, sou dos 4, sou da Formiga, sou da Carioca, sou do Areal – da Terra Santa. Amém!!!
Sou da Rua Nova, sou da Bahia , sou da Princesa do Sertão, enfim, sou Lucas da Feira!
-Pegou o documento, filho?
Não temos nenhum valor, não somos ninguém.
Não saía com essa roupa, você é doido!?
Nós combinamos de não morrer, lembra!?
Pô! Mainha, Bob, já nos dizia: liberte-se dessa escravidão mental.
Na entrevista de emprego, não passo.
No jornal local minha cor rouba a cena.
No futebol, sou chamado de macaco.
Na universidade pública, o preto não está no seu devido lugar. Viaje nesse poema!
No CAPS, minha cor escureceu tudo.
Sou influenciador digital, mas não sou patrocinado.
Não existe capitalismo sem racismo, Malcolm X.
O que fizemos ao senhor capitão
Além de nascer com essa cor?
E de sorrir lindamente diante
De nossa amiga dor?
O que eu preciso fazer pra deixar claro para vocês que eu sou escuro?!
Se minha cor te incomoda,
Lá no quilombo estou na moda.
Existe os direitos humanos,
Mas os homens também têm suas leis. Que malandragem!
Pai faz, Mãe cria e o Estado mata!
Nem todos vingam, promotor! Pega a visão!
Sou filho de Pretos, e quero respeito, quem mora no gueto não é ladrão.
A Vida é Loka, Nêgo, mas nela não só estou de passagem.
Eu tenho um sonho: que se realize o sonho de Martin Luther King.
DESCREVO QUE ERA REALMENTE NAQUELE TEMPO A MINHA SANTINHA
Na primeira noite me apaixonei por ela.
Na segunda, ela me roubou uma flor do nosso jardim.
Senhor engenheiro, tenho algo para te dizer sobre a minha Santinha:
O limpador de parabrisa na espera de um carro,
Daí, pensa: enxugar gelo, melhor seria.
Enquanto isso, o dono da lanchonete joga dominó
Para matar o tempo e passar o dia,
Degusta requeijão e doce de goiaba como tira gosto.
Não existe mais acostamento,
Nem para o bêbado descer dançando forró.
O cachorro Beethoven tenta atravessar a Br, pulando a mureta.
O borracheiro consertou o carro como se fosse o último.
O ligeirinho levou seus passageiros como se estivesse indo para o céu.
Na minha terrinha não existem mais mangueiras para cantar o meu cardeá.
Cercou o terreiro das casas como se fosse um castelo,
E não se pode mais ver o sol nascer,
Nem mais prozar na frente da casa.
Na frente das escolas não existe uma passarela porque o aluno não precisa de mais nada: já têm tudo!
Pacatu, Pacatu na única faixa de perdeste que tem; passa cavalo, moto, bicicleta e gente, gente de todo tipo. E o cão pula a mureta, viu?!
“Vi um cego empurrando o cadeirante na cadeira de rodas como se fosse passar uma tarde em Itapuã”.
...Diminuiu o engarrafamento, e o ir e vir do povo, está sempre congestionado.
O cabra pergunta: como vendo meu galo, meu jegue, meu cavalo,
Se é difícil chegar no Campo do Gado, Santa Bárbara, o que há de nós?
A construção dessa Br-116 (inaugurada – incompletamente)
Passa boi, passa uma boiada.
Mas no meio dela tem uma pedra...
Eu só sei que não vou por aí, camarada.
- Prólogo para os que já se foram:
Se até os mortos celebram o São João antecipado: está morto, pode festejar a vontade.
Isso não tem graça, nem merece praça porque há que sinta “La-vra-dor”.
A minha dor, é dor de menino acanhado:
E como eu não posso viver de poesia!?
Eu não escolhi fazer poesia, não.
Ela me escolheu porque aguento ser realista!
...mas a parte de baixo da cidade tem ainda tem arraiá.
Temos uma política: bode guiando ovelhas!
Se não é por NÓS, é do sistema!
Aguardo à Câmera filmar isso, não tirarem selfie, vereador.
Mais a frente, o homem quebra a mureta e faz uma roubadinha.
Em frente a igreja, o DNIT – Sambalate faz passarela com o ide comercial da Lanchonete, que diz: venha a mim, todos os famintos e sedentos, que eu os ajudarei.
Valha Deus, Senhora Santa Bárbara,
Buraco velho, dentro tem cobra rara!
Senhor, Engenheiro, o senhor precisa sentar mais vezes com um Poeta.
O senhor tem que ser mais sensível. Oxe!
Tá comendo requeijão demais!
Calcule sua rota, viu!?
Pessoas viraram coisas, cabeças viraram asfalto.
O Criador em seis dias fez o mundo. Você, Engenheiro, já tem anos e ainda não acabou essa obra!
Duplicou a pista, e diminuiu a vida do povo.
O IBGE veio aqui, e não contou todo mundo, nem tudo...
No Mapa–múndi de Santa Bárbara, nada mudou: a linha do Equador divide a parte de baixo; essa é de cor.
Não é imaginação minha, é racismo ambiental, geográfico.
Meu verso mapeou tudo isso, e você não consegue entender, Engenheiro!?
Nessa cidade, até GPS se perde, dahora!
Como dois e dois são quatro, Professor?
Se tem dois que governam, um que planta e um que come?
Oh, Santa Bárbara que tens bastantes requeijão!
O pão custa caro;
E teu povo que é fiel, passa fome!
A liberdade é pouca,
Mas a vida sempre vale a pena.
Não sou boca do inferno, mas
Espero que minhas palavras não voltem vazias, engenhosa!
- Contudo, Negão, Santa Bárbara é branca, mais é maravilhosa.
AO NOSSO JORGE
Eu sou o sol da Jamaica,
Sou a cor da Bahia.
Eu sou você, sou você (sou você),
E você não sabia.
(Jorge Portugal & Lazzo Matumbi)
Jorge Portugal é o nosso Jorge Brasileiro, Santamarense. Nasceu em Santo Amaro da Purificação-Ba. Meu conterrâneo. Quem nasce nessa cidade é Caeta-niesse. Jorge foi o primeiro professor que me despertou para à língua portuguesa e à docência. (Pretendo estudá-lo no meu TCC) Jorge com sua voz grave, e que dava ênfase na última letra que falava; era um grande poeta: a música ‘A Massa’, ’14 de Maio’, são pura poesia. Escreveu livros, dentre eles; ‘Por que o Subaé não molha o mapa’, ‘Redação assim é fácil!’.
Um grande professor, um agitador cultural, letrista e compositor. Assistia-o quando era apresentador do programa ‘Aprovado’. Hei de sê-lo seu admirador até a consumação dos séculos. Na pandemia da Covid 19, o Brasil e mundo estavam de luto. Mas, num dado momento, Santo Amaro chorou rios de lágrimas com a partida de Jorge. Nosso cavaleiro. Que matou o dragão da alfabetização, da ignorância...
Jorge que não era São, nem Seu, nem da capadócia; mas Nosso. Escreveu à Santo Amaro de Jorge Portugal. O primeiro amor passou, o segundo também passou, mas Nosso Jorge Portugal é eterno. Existe uma Bahia, uma santamaro pós Jorge.
Jorge Portugal partiu no dia 03 de agosto de 2020.
E se vivo estivesse, no dia 05 de agosto, faria 67 anos.
PEIXE QUE BOIA A ONDA LEVA
“Revirou os banco, amassou meu boné branco
Sujou minha camisa do Santos (...)”.
-Racionais Mc’s
Na Vila Belmiro, o raio já caiu várias vezes; desde Pelé, Pepe, Robinho, Neymar e Rodrygo. O Peixe “boiou” na noite de uma quarta-feira de 2023. 06 de dezembro, faltando quatro dias para o meu aniversário, recebo como “presente” a queda do Santos para a série B. Também já estava perto de completar um ano que o rei do futebol nos deixou. (Pelé não merecia isso. O ano em que toda partida do Santos, quando completava 10min, homenageava o rei.)
Mas, caro leitor, o Alvinegro Praiano já havia “boiado” há muito tempo... Com má gestão, jogadores, etc.
A humilhação foi mundial pelo rebaixamento; primeiro das torcidas rivais. E por último, no telão da Times Square. Mas os humilhados sempre serão exaltados. Aguardem!
Já era uma pedra cantada. Mesmo com prorrogação, o Santos Fc não permanecia na série A. Comentaristas de futebol já vinham alertando que o Santos iria afundar. 111 anos de história, de conquistas, de trunfos. Um time que nasceu no litoral paulista, lugar geograficamente pequeno, comparado a São Paulo. O Santos é gigante, porque o rei Pelé o tornou. O mundo conheceu o Santos de Pelé. (O time de 1960, Década de Ouro)
O Alçapão sempre ficava lotado. A torcida estava junto, entoando o hino: “Nascer, viver, e no santos morrer é um
Orgulho que nem todos podem ter (...)”. Todavia, o Santos Futebol Clube não foi recíproco. (O cair é do homem, e o levantar também é do homem.) Tiraram o rei da sua poltrona, e o puseram de escanteio. Arrancaram a torcida da arquibancada, e jogaram para o banco de reservas. A bola entrava, e o goleiro jogava a luva. 06 de dezembro, a cidade de Santos parou. As chuteiras de Neymar e Pelé, desamarram. Mas a torcida não vai pendurá-las Vamos jogar a bola pra frente.
- O narrador Jorge Iggor, narrou o jogo do Vasco, e narrou com um tamanho profissionalismo. Gritou o gol que rebaixava o seu time de coração: o Santos. Jorge Iggor é um grande poeta que narra a poesia que as imagens não é capaz de traduzir, mostrar. Ele recita com seu grito toante, os poemas nas entre linhas do campo.
O Santos FC voltará a nadar. Boiar, nunca mais. Como disse o Mano Brown: “o Santos é o retrato do Brasil”.
PEDRO PAULO DESENCOBRIU O BRASIL
E aê, Mano Brown!
O maior poeta contemporâneo, e vivo. Um alvinegro... Com sua poesia marginal; fez o cântico dos loucos e dos românticos. Poeta por dentro e por fora. Santista de alma! Um negro drama de pele clara.
Um homem em reconstrução/ desconstrução na estrada.
Me inspirou, e me inspira até hoje a ser um sujeito homem! Pedro Paulo foi quem desencobriu o Brasil criado por D. Pedro, com suas crônicas cantadas.
Na moral, Caminha nunca iria lhe alcançar com seus rolês.
A rua lhe atraiu mais do que a escola.
Daí, Pedro Paulo virou educador: contra-hegemônico!
...Tem formado uma pá de gente.
Sem nunca ter “lido” Freire.
Se “Ivo viu a uva”,
O “Negro drama”,
Tenta ver e não vê nada
A não ser uma estrela
Longe, meio ofuscada!
Ele sintetizou à educação quando declamou: Da ponte pra cá antes de tudo tem uma escola.
Pedro Paulo, pedra negra, um homem no fim do mundo, que dá de beber as plantas,
Canta até o fim,
Recita os versos da periferia: és um poeta goat, diante dos cânones, de touca
Firme e forte, guerreiro de fé
Vagabundo nato!
Vida Loka!
MEU FALAR: PRETOGUÊS
Não me submeto à gramática normativa.
(O papagaio de Mainha não aprendeu também.)
Mas, respeito quem a criou.
Ei!
Minha fala é potente,
Meu linguajar é fluente: meu pretoguês.
A negona Lélia Gonzalez gritou,
E a metade do mundo não ouviu.
Se meu R soa ruim pra tu,
E eu com isso!?
Meu irmão é Cráudio, e ele ama meu jeito de chamá.
Pois, meu pretoguês é assim!
Guarda pra tu teu preconceito linguístico.
Que eu não sou menino.
Porque com dialetos, eu me comunico.
Sou herdeiro das diversas línguas lindas, ricas do meu povo africano...
Sou poeta marginal, sou do cordel, sou do verso livre: Sou arte moderna!
Minha língua é culta: tu, véi, noíz, vú mermo, etc. Não me deixam à míngua.
A outra língua é elitizada.
Eu sou antigramático:
As minhas palavra não são, e não voltam vazias.
Deu errado para o português:
Tentou vestir o indígena,
Que pena, guri!
Tentou confundir
O Africano na senzala com diversas línguas,
Mas o aquilombamento resistiu, moleque.
Portanto, não existe a linguagem errada, manos!
Minha língua africana/ indígena: abrasileirada também é cheque!
Sou poliglota na minha língua, camarada.
Meu verso faz o cântico dos loucos e dos românticos.
Ode ao 2 de Julho.
O sol não nasceu em 7 de setembro na Bahia.
Pega a visão!
Conta-se a história
Que o verdadeiro povo heróico
Surgiu no solo do recôncavo baiano
com grito de poesia:
"independência independência ou morte", que até hoje soa em nossa memória.
O povo que botou o português pra se picar com uma boa rasteira.
O sulista conta essa história de outro modo. Ó paí ó!
"A canoa virou marinheiro, no fundo do mar tem dinheiro."
Só que Maria Felipa, Caboclo, Cabocla e João das Botas foram barril dobrados,
E botaram os portugueses para descerem a ladeira...
O sol para noíz despontou em 2 de Julho mermo vú?!
Nunca mais, nunca mais a escravidão.
Regerá, regerá nossas ações
Com baianos não combinam
Brasileiros, brasileiros corações
Com o "zoto" não combinam
Brasileiros, brasileiros corações
Um poeta não pode ser um político partidário.
Porque o poeta escreve as dores do povo, denuncia o ódio, a miséria e declama o amor.
MINHA CIDADE: SANTA BÁRBARA
Existe uma cidade
No interior da Bahia,
Onde o sol nasce sobre uma Igreja Matriz.
E se põe sobre a belíssima praça Fonte Luminosa;
É tão poético; é como se um poeta estivesse escrevendo uma poesia...
Seu jardim compõe o belo Cartão Postal.
Onde os passarinhos no topo das belas árvores cantam canções de alegrias.
Onde as moças recebem flores colhidas do seu jardim.
Onde os velhos contam histórias sentados nos bancos antigos de madeira.
Onde as crianças no anoitecer jogam capoeira.
Terra linda no sertão;
És minha cidade do requeijão.
Linda, linda: és minha cidade.
Glorifico-a! Descrevo-a!
Se fosse de pintá-la numa tela, tinha que ter vários Picasso.
Pois, sua beleza não caberia em um só quandro.
Suas escadas nos levam a esse encanto que é!
Nossa Santa Bárbara.
Nossa Pacatu.
Que cavalga sobre muito amor e fé.
MINHA OUTRA METADE
Você veio como chuva de verão;
Me surpreendeu, encheu meus olhos de lágrimas e encharcou o meu coração de amor. De repente você foi crescendo...
E o berço já não mais lhe coube. Mas nos meus braços você ainda cabe. Assim como Deus tirou Eva da costela de Adão; você foi tirado de mim: minha outra metade. Como água; você ocupa cada espaço daqui de casa, e vai ocupando do meu peito também. Quando vejo já é noite, e você está dormindo. Nem parece aquela criança agitada de durante o dia. Você é o sonho de Deus, e eu passei a sonha-lo também.
Enquanto o mundo está se acabando lá fora, você dorme como se nada estivesse acontecendo.
Você foi crescendo e o tempo da vida foi tirando você de mim. Logo ficarei velha e voltarei a ser uma criança como tu também. E você cuidará de mim. O tempo é danado: a cada dia vai esculpindo na minha faça rugas, deixando meu cabelo da cor das nuvens. Meus olhos um dia já não mais verá você tão bem. Mas imaginarei teu sorriso gostoso sem nenhum dente...
Eu sentirei teu toque, teu cheiro, o cheiro da minha criança linda. Quero sempre ter meu rosto molhado com teu beijo...
MEU DIÁRIO DE BORDO
Bença, Mãinha!
O mar continua com ondas.
Mas foram elas que criaram o surfista.
Maior onda!
É... O choro só durou até esta noite,
Hoje estou alegre.
Sem o sorriso no rosto.
Mas com à alma feliz.
Eu não estou conseguindo respirar direito... senhor!
Não prestei atenção na aula de história,
Agora estou aqui com várias coisas na memória.
Eu aprendi a escutar ouvindo o livro.
Mas ninguém quer lê minha Poesia Marginal.
Mas às ideias do Presidente borçal, vários estão engulindo.
Senhor, sou trabalhador!
Deixa meu cavalo andar.
Pra minha preta, não tirarei ele nunca da chuva.
Eu descobri que amar é um ato de revolução!
Estou navegando, sem vela numa escuridão.
Eu creio que meu Salvador não soltará minha mão.
Minha âncora está no verso livre,
Na poesia concreta, no poema líquido,
Como dizia o filósofo... As vezes, me chamam de poeta.
Eu não dependo da Academia de Letras
Para ser lido.
Ela quem precisa de mim para não ficar esquecida.
Saí da caixinha, não sou mais uma tala de fósforo.
Aí, Platão, para Caverna não volto nunca mais!
Agora só ouço o Racionais!
"Ratatatá";
Vou pegar um trem, e para Santo Amaro vou voltar.
Não sou professor mas todos os dias estou ensinando os racistas.
Eu já disse também que não sou escritor, sou teimoso! Só faço poesia, tem pessoas que gostam.
Eu estou vivendo como um rico: comprando livro.
E a vida? Vou namorando-a!
Sei que ela é um sopro, no entanto,
estou assobiando ela...
Estou igual o Michelangelo:
Tentando tocar meu dedo no de Deus.
Amém!
Deixe-me ir até a páprica dos teus lábios e confessar meus desejos lascivos por ti...
Texto extraído do meu livro: Dom Amaro.
A BIBLIOTECA
A biblioteca muda o sentido da vida.
Ela nos faz viajar sobre às asas do livro.
A biblioteca me deu à liberdade de sonhar através da escrita.
O livro que nela li;
Não acabou até hoje: está dentro de mim!
A biblioteca fez o poeta tirar o poema do papel.
A biblioteca tem alma, aliás, várias almas.
Nela tem um pedaço da sabedoria do céu.
Ela é o próprio remédio da alma do homem.
E é a única parte do mundo onde se pode o silêncio encontrar.
A biblioteca é minha segunda casa.
E a visita que nela vem, é servida com arte!
Ela me armou com livros. E me desarmou de armas.
Acredite: a biblioteca é a única que mesmo eu partindo, me faz ficar.
SE MACHADO DE ASSIS FOSSE BAIANO
Seria barril velho, tá ligado não?!
Capitu seria uma piveta barril dobrado.
E viveria numa quebrada.
Ela também seria pagodeira... Dissimulada.
Sua cara seria de ressaca de serveja.
Bentinho seria um vacilão,
Por achar que foi traído.
E Capitu que não come reggae de ninguém, mandaria ele vazar.
Machado não falaria "Decerto que sim"!
Ele diria: "É isso mermo!" "Tô ligado, véi!" "Tá valendo..."
...Poesia seria uma Swingueira...
Machado de Assis é tudo, e, em todos dialetos!
A BETHÂNIA
Maria Bethânia
deixa nossa pátria mais amada.
Sua voz é consolo para alma.
Seu cântico é oração.
Ela é a própria expressão da poesia,
Deixa o coração de minha Santo Amaro cheio de alegria...
É o livro que nós devora.
É a flor a desabrochar....
Maria Bethânia não é padroeira,
Mas é a nossa deusa!
POEME-SE
Eu sou um poema que virou a página do livro, e se libertou.
Daí, descobri que; a arte de viver: é você sendo seu próprio leitor!!
Machado de Jesus
Há uma mulher linda por detrás dos óculos; Que guarda um brilho nos olhos, da cor da noite. E um sorriso exótico!!! Onde achará tal mulher?
O amor platônico me deixa perdido,
Por não ser achado por quem eu amo.
Meu peito dói tanto
Pelo fato de não ser correspondido.
Não é uma dor que me mata.
É uma dor que me abraça,
Que me arde por inteiro,
E eu ao mesmo tempo, sinto-me bem.
Por saber que, mesmo sendo ser humano
Eu consigo amar alguém.
Trecho de um poema do meu livro: Dom Amaro.
Sobre Mãinha escrevi: SOMOS UM
Meu olhar é o dela.
Meu cabelo crespo é o dela.
Meus lábios carnudos é o dela.
Até meu sorriso!
A cor da pele é dela.
O nariz esparramado é
o dela.
O rosto, é o dela.
Se tivermos distantes, a alma não se desconecta;
Somos uma alma, só dividida em dos corpos.
Nem a morte pode nos separar.
Pois até depois de mortos, a vida faz questão de nos juntar.
Somos a beleza do continente africano;
Eu sou seu poeta,
E ela, meu poema que declamo.
Mãe é um pedaço de Deus:
Porque é uma vida que gera outra vida!
Fragmentos do meu livro: Dom Amaro.