Coleção pessoal de M2810

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⁠Não te canses de atravessar meio-mundo até às barbas de Santo Amaro para não dar um... Café.

⁠Há um discurso reinante com características de ofensa e descrédito de contra quem pensou contrário do senso comum referente ao que ele acha completamente certo nas suas convicções, essas pessoas, normalmente, defendem a africanidade, cabralismo, teorias mirabolantes de pretos e brancos. Os que realmente conhecem sobre esses assuntos debatem e ensinam sobre, não mostram ser dono de África e Cabral. Até porque, há tanto por onde argumentar que não há espaço para deselegância.

⁠É o momento de opinião que honra e opinião da onda, parte que explica e a outra que aplica a penalização e aborto precoce do banal. Um grupo que pensa o certo que se emociona e a outra parte que pensa o certo e cala porque é o tempo que a razão precisa de resguardo. A opinião do Brito Semedo não é nada de novo, não há um ponto profundo de que já não sabíamos desse debate, também ela não é e nem foi impositiva, e tem direito a ela, igual a quem pensa o contrário. Liberdade aos libertadores.

⁠Apara as tuas pontas todos os dias, mas não se compara, treine em ser o amor, talvez até apara-dor.

⁠O coelho, quando sai da toca, está preparado para aparecer, mas não dá parecer. O Lupi sai por aí, é muito inteligente, não aparece muito, mas cada ação dele é um parecer.

⁠Não vira lei com sotaque colonial
Vire um rei com a lei do povo da terra, talvez até inventar um pensamento sem sotaque ocidental.

⁠O carnaval na minha cidade nunca passa, parece inspiração de Shakespeare, aqui o que não falta são as máscaras que mudam de cara em cara. Pessoa demorou para perceber que tinha de trocar a sua máscara, ao que tudo indica aqui, em vez de tirarem por completo as máscaras trocam uns com os outros. Como é difícil encontrar uma só (mas)cara na minha cidade.

⁠O que mais se produz nesta terra, são os estudos: no fundo, é bom, já que a maioria delas não serve para nada, fazem eles entreter, os estudiosos: para não escreverem para os jornais desgastando o governo, ou estão chateados por perderem o cargo e os seus derivados. Mas, há um estudo que ficou por produzir, o estudo em questão, era saber se a dor que os cabo-verdianos suportam em silêncio têm a dimensão do mar que banha e suporta essas dez ilhas.

⁠Manifestações devem ser evitadas, até serem necessárias.

⁠vou negar a venda
serei, o rei
virar lenda
Até virar uma lei.

⁠Este dia, de pronúncio da lua
Este dia, que a flor mãe partilhou seu brilho,
Dor e briu, de um nome
Lua de hoje, homem Noah Henrique
Nascimento é longo
Lágrimas felizes
Felicidade comprida,
Por esses dias tudo começa
Se atravessa uma nova etapa
Entre Noah Henrique e a luz a palavra brilha a lua.

Não ame só por amar. Ame porque o amor também faz anos.

Mário Loff começou a delinear, na cidade da Praia, o seu percurso académico através da História e do Património. Naturalmente, estes componentes encontram-se unidos e formam um todo praticamente indissociável quando se associam à Cultura. Este poeta Tarrafalense de raiz, alma e coração, é um verdadeiro crente na criação artística enquanto motor do desenvolvimento do património cultural.

Ativo na cena cultural do seu Concelho, sempre procurou contribuir para um ambiente dinâmico, criativo e inovador em todos os domínios das artes. Escreveu dezenas de peças de teatro, dos quais cinco foram encenadas no grupo teatral Komikus de Tarrafal no qual Mário Loff é o seu diretor. Certamente, a prática artística ao mais alto nível passa pelo interesse precoce pelo universo das artes do espetáculo e pela integração em organismos culturais. Por isso, concebeu o projeto “Despertar”, com o intuito de envolver os jovens Tarrafalenses e sensibilizá-los para a cultura. Esta iniciativa também tem o condão de se aproximar de públicos socialmente desfavorecidos, procurando a sua integração, também na componente artística da sociedade.

Professor e formador, de 2004 a 2006 e entre 2014 e 2015, Mário Loff assume como um ato de responsabilidade a divulgação da cultura. Assim, tem levado a cabo a produção da “Rádio Praça” na cidade de Tarrafal de Santiago que, para além do puro entretenimento, procura reforçar a cidadania enquanto promove livros e autores. É notório o incentivo à leitura, numa meritória campanha de informação e sensibilização, que ao promover o acesso às obras do património cultural, Loff procura incutir a qualidade na educação artística.

Entre o pensamento e a expressão, mostra a sua força criativa e perseverança na escrita. Contribuiu, em 2018, no livro de contos infantil “A viagem mais fantástica do mundo” da escritora Natacha Magalhães e para a comemoração do Centenário da sua cidade natal escreveu e ofereceu à sua cidade sete poemas. Participou em várias antologias como, por exemplo, a antologia dos poetas de Tarrafal de Santiago (que em parceria com jovens poetas foi o precursor), a antologia de poesia da língua portuguesa ”Mil Poetas”, a antologia “Palavras da Alma”, foi colaborador do boletim da Altas, onde é membro-fundador da Associação Literária de Tarrafal de Santiago e da qual é o atual presidente.

Em 2017 foi convidado pelo CITCEM e pelo DCTP da Universidade do Porto, no âmbito do Colóquio Internacional “A Glimmer of Freedom. Tarrafal - Silêncios, Resistências e Existências”, para contextualizar o Antigo Campo de Trabalho de Chão Bom e os seus presos políticos através de um poema da sua autoria.

Inquestionavelmente, Mário Loff é um poeta prismático e um ativista cultural que com o seu olhar crítico, centrado na comunidade, envolve e contextualiza os diversificados aspectos da sociedade e da cultura Cabo-verdiana.

Tudo vai passar. A menina da rua estreita que entregava pedaços de fartura. O choro da criança dos anos trinta e a fome que finta aquelas datas marcadas de desnutrição. Tudo vai passar. A fome cantada na década de quarenta, homens de "enta" que foram na vinda sem antigos abrigos na barriga. Tudo vai passar, aqueles arames farpados, o primo português, o preso sem peso, feiuras do estado novo. Tudo passará, até eu que nem sei escrever um poema que cabe numa grande mulher. Tudo passará. Essas peles da antiga juventude, num tempo que se ilude. Ou morre-se, ou vive-se morrendo. Tu já não morre. Tudo passa, até morte passa de uma só vez. O mundo tem girado no canto da boca, num mundo à parte, ao norte que sopra vitupérios. E tudo passará. Quem saberá escrever um poema para um livro vivo. É necessário antes que tudo passa e a memória perca glória.

São só dês cêntimos no bolso, e dedos resgatando o preço do crepúsculo menina. Fundo do bolso é escuro e profundo igual a um rio e a próprio alma humana. Antigamente se transformavam um fascista num fadista por dês cêntimos. Aí se transformavam em mitos, canela de falsas folhagens. Quem venderá a alma de um homem por dês cêntimos e com um único compromisso. descobrir um nada nele mesmo. Dês cêntimos terá sempre préstimos e o homem. Não. Quando tudo acabar quem vem em prova e lamento são os rios nos olhos.

Todas as luzes entram em combinação na tua presença, miram-te a máquina e lentes que calculam a tua imagem para além de um click. O resto da cidade tem dado chilique na presença da tua imagem. Esses iPhone jamais passarão fome. Tu o alimentas. Basta o teu riso menina, que os prédios mudos, jamais passarão a te chamar em silêncio enquanto dorme a cidade na tua foto.

ser mãe é estar num tribunal com leis amaras ao coração
mãe é das poucas que sabe contar como é que se costura a magoa da vida
sentindo que polir os filhos é estar em constante pânico e amor sempre a descarregar da
alma.

Tu é as ilhas e todo o atlântico
entendi a dispersão das ilhas de cabo verde,
em ti vive as ilhas e a morabeza selvagem em seu silencio,
é na alegria dos pássaros felizes que se tem traduzido os teus silêncios,
varredura das ondas das rochas que chamo teu nome,
no choro de um outono morto no horizonte. uma só melodia que sai do teu corpo.
assume isso, disso me tem feito feitiço.
o enguiço desejado e solitário,
usufruo da certeza da única fonte.
o teu riso, menina.
quando sorrias,
as ilhas dispersam, as ondas desrespeitam essas negras rochas,
e eu só faço isso.
Balançando o atlântico nos olhos,
Descrevendo-te dentro de mim mesmo,

Me dói a cabeça. As tantas da noite, a própria madrugada tem sentido tal dor, tem chorado agarrado às ondas da praia mais perto da cidade, e às ondas falam frustrações, quando é assim, também me dói o pensamento e o coração. a cabeça me tem feito aquilo, reagir quando escrevo

Lá esta de sentidos em pé. em silêncio, escuta a morte, a parede, a feiura do estado novo. o folgo da ferrugem que morre nela mesma. De resto mantém em farrapo, susto e arame farpado.