Coleção pessoal de lunacosta
foi a primeira vez que saímos juntos. ele pediu cerveja. brahma. minha favorita. conversa vai e vem. ele citou chico. achei clichê, mas gostei. falamos daquela música de Luiz Melodia, e daquela outra de Céu. os mesmos gostos. o mesmo tom. a mesma nota musical. ele falava olhando nos meus olhos. isso me deixou meio nervosa. ele não falava gírias o tempo todo. eu gostei. não falava em modernidades, celulares, carros e outras chatices. adorou quando atendi meu telefone velho, mostrou o seu ainda mais velho. eu usava unhas cinzas, não sei se ele gostou. talvez tenha achado estranho. ele usava barba. eu gosto. faz cócegas gostosas e é sexy. ele se desculpou por não tê-la feito. eu sorri e disse que era barbudete. ele sorriu. ele gostou, eu notei. ele tinha um cheiro bom e nossas mãos se encaixaram de um modo calmo. nos olhamos. ficamos calados por uns segundos. nos beijamos. ele tinha a boca macia. não aguentei..mordi! de leve. ele me beijou forte. meu corpo suspirou e fiquei trêmula. sofri um abalo sísmico. ele sorriu. eu sorri. sorrimos juntos. meus olhos brilharam, e me entregaram. minhas placas tectônicas se chocaram. e eu sei que ele notou. ou sentiu. o mundo parou. respirei fundo, e deixei a maré alta subir. ouvi uma canção de elvis na minha cabeça. can't help falling in love. de repente uma calma. soube naquele momento que o novo havia chegado. o amor esticou a mão lá de cima, me agarrei forte e tirei os pés do chão. na mesma noite, amanhecemos olhando o mar. tanto clichê assim, só pode ser amor. e quem vai dizer que não é?