Coleção pessoal de Luizhmochon
As pessoas são responsáveis e inocentes em relação ao que acontece com elas, sendo autoras de boa parte de suas escolhas e omissões. Porque entre o sim e o não é só um sopro, entre o bom e o mau apenas um pensamento, entre a vida e a morte só um leve sacudir de panos - e a poeira do tempo, com todo o tempo que eu perdi, tudo recobre, tudo apaga, tudo torna simples e tão indiferente. Não importa quanto tempo já se passou: eu sou a mesma, o amor é o mesmo, e a esperança. Voz que nunca desiste, na mais negra das águas da mais longa das noites. De algum secreto lugar me vem a força para erguer a xícara, acender o cigarro, até sorrir quando alguém me diz: Você hoje está com a cara ótima, quando penso se não doeria menos jogar-me de um décimo primeiro andar.
Quero nascer de novo cada dia que nasce.
Quero ser outra vez novo, puro, cristalino.
Quero lavar-me, cada manhã, do homem velho, da poeira velha, das palavras gastas,
dos gestos rituais.
Quero reviver a primeira manhã da criação,
o primeiro abrir dos olhos para a vida.
Quero que cada manhã, a alma desabroche do sono como a rosa do botão, e surja, como a aurora do oceano, ao sorriso dos teus lábios,
ao gesto de tua mão.
Quero me engrinaldar para a festa renovada com que cada dia nos convidas e desdobrar as asas como a águia em demanda do sol.
Quero crer, a cada nova aurora, que esta é a definitiva, a do encontro com a felicidade, a da permanência assegurada, a de teu sim definitivo.
Tudo tem seu tempo determinado,
E há tempo de nascer e de morrer,
Tempo de matar, tempo de curar,
Tempo de chorar e tempo de rir,
Tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras,
Tempo de buscar e tempo de perder,
Tempo de rasgar e tempo de coser,
Tempo de amar e tempo de aborrecer...
Não é falta de tempo, mas sim de discernir o tempo do tempo.
Você pode perder bens, perder amigos, perder-se no caminho, mas se se encontrar achará tudo o que precisa.
Às vezes é preciso parar e olhar para longe, para podermos enxergar o que está perto de nós. Foi nesse instante que acabei te vendo.
A experiência é como dirigir um carro no escuro com os faróis para trás. Sabemos tudo que se passou e nada do que virá.
Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas, nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.