Coleção pessoal de Luizdespanha
Exaltação ao Nordeste
Eita, Nordeste da peste,
Mesmo com toda sêca
Abandono e solidão,
Talvez pouca gente perceba
Que teu mapa aproximado
Tem forma de coração.
E se dizem que temos pobreza
E atribuem à natureza,
Contra isso, eu digo não.
Na verdade temos fartura
Do petróleo ao algodão.
Isso prova que temos riqueza
Embaixo e em cima do chão.
Procure por aí afora
"Cabra" que acorda antes da aurora
E da enxada lança mão.
Procure mulher com dez filhos
Que quando a palma não alimenta
Bebem leite de jumenta
E nenhum dá pra ladrão
Procure por aí afora
Quem melhor que a gente canta,
Quem melhor que a gente dança
Xote, xaxado e baião.
Procure no mundo uma cidade
Com a beleza e a claridade
Do luar do meu sertão.
Ao Minuto Final
Quando enfim
Anoitecer em mim
Quero-te,se distante,
Tão distante que te veja
Próxima.
Quero-te em veste branca
Transparente ao branco do sol
Em decote generoso
Para os teus seios róseos
E com seis flores pequenas
Nesses teus cabelos claros
Anunciando a manhã.
E no branco irrevogável
(definitivo do amanhecer)
Onde tudo é real
Como qualquer sonho,
Quero-te com esses olhos
De gata mansa no cio
Num convite em silêncio
Num tributo ao amor.
Quero apenas (tudo) isso
Quando enfim
Anoitecer em mim.