Coleção pessoal de luizacaetano
Viver é não mais viajarmos sós
sobre os nós
de alguma sagrada aliança
mas sim desatá-los, libertando a esperança...
Cheiram
a terra molhada
as manhãs bordadas
com dedos de chuva
e a sangue
de papoilas
degoladas pelo vento
Lá fora a água corre
descalça
em avenidas molhadas
ultrapassando as margens
despedaçando as pontes
Destruindo os rios
que pouco a pouco
me ligavam ao cais
Já nem sei se foi o cais
que partiu,
ou se fui eu
quem dele fugiu...
Neste íntimo torpor
em que tudo parece ser,
a vida se esbate
num fingimento de existir
Tudo de belo á nossa volta
é poalha de sonho ou ilusão...
Deixa-me um sinal
pressentido
entre o vácuo e o manto!
ou o mar!
ou o vento!
ou as velas do meu barco
parado algures
no inevitável
porto das esperas...
Música
em altar de templo pagão
reza aos deuses
os quais
como majestades
de pedra
Jazem esquecidos
e sem emoção...