Coleção pessoal de ludwick_bolach

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⁠O vento me beijou

Os seus olhos são
Para minha alma uma prisão
Eu não nego
Me entrego
Adocicada ilusão

O tecido delicado
Em sua pele repousou
Me senti por ti abraçado
Quando o vento me beijou

Nessa noite de verão
Caminhando em solidão
A buscar, procurar, onde se escondeu?
O amor seu que é o meu

Vem ser feliz comigo
Assim quero contigo
Me perder
Do anoitecer ao amanhecer
Ser seu abrigo

⁠A face de Deus
Observando o homem de sucesso me perguntei o que estava de seu lado. Era seu Deus?
Até que em uma noite entrei no meu íntimo, vi um ponto de luz e o segui. Me levou a nuvens com raios azuis, outras bronzes até que por fim das douradas surgiu Seu rosto brilhando como um sol dourado. Usava algo em Sua cabeça que não pude reconhecer. Não olhou para mim.
Guiado fui para baixo, no escuro profundo onde habitam vários rostos sem alegria nem tristezas a espera de Seu julgamento. Lá onde o gigante de cabeça triangular arrasta seu machado.
Tempo depois Pediu-me filhos e aceitei.
Então veio a loucura e é lançada a dúvida se tudo foi ou não imaginação.
Mas se fosse, o que hoje faz sentido não o faria.
Busco lembrar o que me afastou de Ti e não me lembro, mas o que me aproximou é por mim incontestável.
A quem roubou minha inocência, de mim, perdão. Dele já não sei.
Em dias escuros após dias escuros buscando aquela luz que veio uma vez e talvez só volte após a morte.

⁠Encontro das almas
Em uma manhã qualquer, sem nenhuma intenção daquelas grandiosas, se encontraram a alma bela e a alma feia.
Como em um espelho, frente a frente se olharam.
Os olhos de uma focaram no centro, na minúscula íris dos olhos da outra. Nesse namoro do olhar não encontraram diferenças.
A alma feia passeou com seu olhar por todo corpo da bela alma. se encantava com cada centímetro que encontrava. Os lábios que via eram belos, as pontas dos dedos sutis, as curvas de seu corpo levavam a cada canto da bela alma, não se cansava de observar todos os detalhes possíveis. O sorriso da bela alma inundava qualquer um com alegria. Estava encantada, não conseguia acreditar. Quanto mais observava, mas beleza aparecia. O encanto se tornou inveja e ressentimento. O rancor da alma feia a tornava ainda pior, quanto mais observava mais horror surgia em seu ser.
A alma bela, também começou a observar. Quanto mais observava a alma feia, mais a tristeza crescia. Tentava encontrar a íris, a única coisa bela que sabia ali estar, mas os olhos de sua parceira não paravam no lugar. A feiura aumentava cada vez mais. Vendo tanta tristeza, sua beleza, começou a definhar. Escondeu seus belos lábios, suas mãos ela já não mostrava mais, seu corpo belo e imponente, aos poucos foi se encurvando, com cada segundo passado, a bela alma piorava até que, feia, encolhida e escondida, desistiu de olhar.
A alma feia, vendo o que sua feiura fez, não conseguia acreditar. Olhava para aquela alma que antes era linda, via apenas algo feio e encolhido. Sentiu satisfação. Tudo o que fazia a tornava mais ela. Se via beleza ficava mais feia, mas se via feiura não se importava. Nada alterava o que fazia parte de seu ser.
Já a alma bela estava encolhida. Mas ao se encolher, pode olhar para si mesma. Viu suas mãos, belas delicadas. Percebeu as curvas de seu corpo, se encantou consigo mesma. Sua beleza ressurgia aos poucos. Lentamente começou a levantar, quanto mais se observava mais beleza se via em seu olhar. Tornou-se ereta, bela como jamais foi.
A alma feia se irritou, só via beleza surgindo cada vez mais. Tentou olhar para os olhos da bela alma, a única coisa que ainda estaria menos belo, mas a bela alma não parava de se olhar. Quanto mais a alma feia tentava observar, mais feia se tornava.
Assim os anos se passaram, com a alma bela cada vez mais bela, com seu olhar preso em si mesma. E a alma feia, cada vez mais feia, tentando encontrar inutilmente o olhar da alma bela.

⁠Ascenção Trópico racial.
Estamos em 2045. O comício acontecerá em poucos minutos. Alguns conseguem perceber as semelhanças do que ocorre com a tomada de poder pelos nazistas.
Ruas repletas de bandeiras do partido, vestimentas e cumprimentos padronizados pelos líderes. Mesmas cores se repetem transformando o ambiente em um mar ideológico. Rostos raivosos, ansiosos, dispostos a qualquer coisa para tomar o poder e realizar a limpeza racial.
Todos aguardam a chegada do Grande líder que discursará, ainda mais por ser a véspera da eleição.
Entre conversas e sussurros, todos sabem o que se deseja.
-Deveríamos ter feito isso antes! Esses imundos nos obrigaram a misturar nossa raça pura com a deles, já passou da hora de realizar essa limpeza! – diz uma senhora, com seu corpo já encurvado pela idade. A moça que escuta apenas concorda, lamentando o passado.
Outros em grupos apenas repetem frases de efeito de aceitação em geral, ”teremos o que é nosso por direito”; “devemos eliminar a oposição o quanto antes”; “chega de deixar eles tomarem o que é nosso por direito”; “eles são parasitas que sugam o fruto de nosso suor”...
Porém todos entram em euforia quando enxergam ao longe um carro se aproximando de forma lenta, cercado por membros do partido vestidos com suas cores, todos armados para proteger aquele que realizará a grande mudança, a grande limpeza racial.
O carro para em frente a um caminho que leva ao palanque, caminho por onde o Líder realizará sua passagem triunfal antes de discursar para as 700 mil pessoas presentes. A imprensa se encontra em peso, aguardando para transmitir aos milhões de espectadores as palavras duras, firmes e concisas que entregam o que o coração do povo deseja. Muitos líderes políticos, nacionais e internacionais, se encontram em lugar de honra no palanque.
A porta do carro se abre. Na sua direção crianças saem da multidão correndo para saudar o Grande Líder, este que sorri enquanto acaricia os cabelos destes jovens uniformizados, quase fardados com os símbolos do partido. Todos o saúdam enquanto gritam seu nome.
Nos televisores e aparelhos de celular, a transmissão ao vivo conta com a locução animada e partidária do jornalista:
-Senhoras e senhores, o Grande Líder chegou ao local de discurso. A multidão o cumprimenta, crianças correm para recebê-lo. Enquanto caminha em direção ao palco, com o usual colete a prova de bala que passou a usar após o atentado, chama a atenção as flores jogadas em sua direção. Praticamente caminha sobre rosas rumo ao palanque. Veja isso! Ele parou para conversar com um senhor de idade, essa é uma marca característica dele, carismático e amável...
-Realmente (diz outro jornalista durante a transmissão), até por isso ele tem 87% das intenções de voto, já está praticamente eleito. Sinceramente, a votação será apenas mera formalidade. Já está em frente ao microfone, vamos ouvir seu discurso.
O Grande Líder para em frente ao microfone, sem papeis com discursos prontos, altivo e concentrado. Ele olha para o público, como se conseguisse fitar cada uma das milhares de pessoas que ali estão. Ajeita o microfone e inicia sua fala:
-Hoje poderia ser um dia comum como outro qualquer. Nosso povo, nossa raça, ainda poderia se encontrar presa nas correntes da escravidão que nos foi imposta. Não mais! Não continuaremos a aceitar que o fruto de nosso trabalho, nosso suor, literalmente nosso sangue seja derramado enquanto eles ficam com todos os frutos!
O grito da multidão se abafa em meio a palmas a assovios contentes e esperançosos. Com muita raiva em sua voz o grande líder prossegue:
-Nunca mais sobre essa terra passaremos por isso. Custe o que custar, haverá a mudança necessária. Eu entrego minha vida a vocês para que juntos mudemos o destino de nosso país e de nossas vidas!
O jornalista comenta rapidamente durante a transmissão:
-O público está eufórico, vocês que não estão aqui não sentem, mas o chão está tremendo com os saltos dos eleitores...
O Grande líder levanta sua mão e acena para o público, como se agradecesse o apoio, os gritos. Ele prossegue:
-Nos tiraram nossas terras! Nos trouxeram em porões de navios imundos para trabalharmos como animais, apenas para que eles aproveitassem suas vidas no luxo e no conforto que nosso sofrimento proporcionava. Nos obrigaram a nos misturar com essa raça imunda, fazendo com que nossa pureza fosse dissolvida, tudo para nos enfraquecer. Não mais! Haverá vingança!
Em meio ao público, algumas pessoas que não poderiam ser consideradas puras pelo partido trocam a gigantesca euforia que estavam sentindo por um rosto confuso, perdido, sem entender direito o que está acontecendo. O discurso prossegue:
-Não mais nos enganaremos com falsas ajudas, desses que no fundo querem que sejamos escravos eternamente! Iremos realizar a limpeza final e jamais esses brancos malditos tomaram o que é nosso por direito! O mundo será negro, para os negros e apenas negro!
Enquanto diz isso, lentamente algumas pessoas brancas começam a se retirar cabisbaixas, confusas, como se não acreditassem no que estavam escutando. Enquanto se retiram, vários tumultos começam a acontecer em meio ao público. Começam a expulsar com violência os brancos do comício, com empurrões, xingamentos, cuspes e humilhações. Alguns que reagem ao invés de fugir são espancados até o fim de suas forças. Alguns negros, amigos desses que estão sendo expulsos, tentam conter e amenizar a violência, porém se dobram diante da multidão e assistem contemplativamente toda à situação, concordando no fundo de sua alma com o que está acontecendo.
Após alguns minutos incentivando o povo a agir para atingir seus objetivos, o Grande líder encerra seu discurso da seguinte maneira:
-Nossa raça sobreviveu ao que há de mais brutal na humanidade e agora é a hora de tomarmos o poder e colocar nossa raça superior em seu devido lugar!
Levantando seu punho direito fechado ele termina de forma enfática dizendo:
Viva aos panteras negras, viva ao movimento negro, viva a nós!
E o público repete seus movimentos e palavras, alguns chorando emocionados, outros animados com a esperança de mudança.
Um dos repórteres que é branco diz:
-Não entendi...Ele proferiu seu discurso...pelo o que eu entendi...fale para mim o que você achou desse discurso...
O outro jornalista, negro, responde:
-Bem... pelo que eu entendi... pelo que eu entendi será melhor você deixar o país o quanto antes parceiro.

Continuar Mãe

Em seu quarto mãe,
foi a última vez que eu pude te ver,
Como um sopro
eu vi você se afastar de mim,
Eu tinha ainda
tantas perguntas para te fazer,
Eu não entendo
por que a vida levou você assim.

E agora eu tenho que continuar,
Sem seu carinho para me ajudar,

Eu vou esperando
essa dor em meu peito passar,
Mas nessa casa,
vejo você em todo lugar,

Ela ainda tem o seu cheiro,
Sem você não estou mais inteiro,

Eu vou aprender
a viver assim,
Sem você
pertinho de mim.

Eu vou aprender…
Sem você…
pertinho de mim.

⁠Desconfia
O seu,
quando encontra o meu olhar,
E fervendo o sangue faz o seu rosto corar.
A minha,
Quando sussurra com a sua voz,
Explicando o que há entre nós.
E como uma porta que por dentro você quis trancar,
Eu forço de fora a fechadura até ela estourar,
Por isso,
Ficamos a sós,
Disso,
Só conversamos nós.
Ou em mim confia,
Após a entrada,
Ou segredos não escondia,
Minha amada.

⁠As cores da minha bandeira
As vezes paro para olhar minha bandeira,
E cada cor dela me trás uma emoção,
Paixão por ela, por muitos, é verdadeira,
Alguns, nela, nem prestam atenção.
As suas cores são do tempo de um império,
Que se expandiu e formou essa grande nação,
Onde brancos e negros por algum mistério,
Enfim se uniram para derrotar a escravidão.
Não sou jovem como um dia já fui,
Eu sou do tempo da liberdade de expressão,
Que havia respeito pelo o que da alma flui,
Respeito por toda e qualquer opinião.
Do tempo em que todos se lembravam,
Daqueles que diziam ter razão,
E como a liberdade eles amavam,
Lutaram contra campos de concentração.
É muito triste ver o jovem achar normal,
Censurando a ignorância humana,
Pior ainda, com o apoio do jornal,
Se acha que luta, pela paz, se engana.
É bem difícil algo me fazer chorar,
Como no dia em que uma triste cena vi na rua,
Com o filho nos braços, uma mãe gritar,
E ele em silêncio sangrando a luz da lua.
Por que ele foi baleado em um assalto,
Por uma criança que roubava para droga comprar,
A vida dele acabou por conta de um valor tão alto,
Valeu exatamente o preço de um celular.
O choro dela ao ver o seu filho partir,
De meus pensamentos tento esquecer,
Como podemos isso ver e não agir,
Tem algo errado, fechamos os olhos pra não ver?
As cores da bandeira me trazem as recordações ,
De tudo que aprendi e já vivi nessa grande nação,
Espero que para outro homem no futuro as emoções,
Sejam felizes, não esse drama, essa lamentação.

⁠O Homem
O choro revela,
E a mulher que antes gritava de dor,
Sorrindo pelo seu nome o chama,
Pois assim age quem ama,
Entregando seu amor.
Tão pequeno, tão frágil,
Como poderá tanto ser?
Quem sorrindo olha tão pequena criatura,
Perfeita escultura,
No futuro, fecha os olhos para não ver.
Pois cresceu.
Já não chora,
E os seus dedos que outrora,
Finos, delicados,
Hoje ajudam seus amados,
E condenam quem perdeu.
Na loucura da rotina,
Tantos sonhos...
Frustração.
Trata bem, cuida, humilha,
A quem lhe estende a mão.
Perdão?
Quem pede deseja,
Quem o concede não quer,
E tudo foge do controle,
Quando surge uma mulher.
Planos e desejos,
Mas o imprevisto aconteceu,
O que se pode esperar dele,
Se parte dele se perdeu?
Nasceu seu fruto!
Se pergunta:
-Em meio a nossa tristeza,
Como tanta delicadeza,
Aquece um coração tão bruto?
Não deveria,
Para uma rocha ser quebrada,
Ao invés da alegria,
Usar-se a força e a espada?
Pôde então observar.
Quem antes lá estava,
Quem chorava,
Agora vê chorar.
Tenta mudar,
Talvez seja tarde,
Pois seu coração covarde,
Já não pensa em lutar.
A água escorre pela terra rumo ao oceano,
Por onde passa deixa sua marca ao rio criar,
Da mesma forma o rosto é a terra do engano,
E o rio da vida deixa marcas ao passar.
Nesses mares diariamente desbravados,
Cansado, o homem põe-se a navegar,
Se encontra só, mesmo sem ser abandonado,
Enfim descansa, pois partiu, mas sem chorar.

⁠Uma canção de coração
Essa é a história de um jovem rapaz que se apaixonou,
Por uma menina tão linda por ela ele se encantou.
Foi ate ela e falou:moça quero te conhecer,
E ela respondeu: uma prova de amor terá que me trazer.
Quero uma prova de amor, uma canção, que fale coisas sobre o coração, de emoção, escrita a mão (bis)
O jovem preocupado estava pois não era cantor,
Também talento não tinha para ser escritor,
Como uma canção pra ela iria escrever?
Se não conseguisse, o coração dela não iria ter.
Por que ela quer
uma prova de amor, uma canção, que fale coisas sobre o coração, de emoção, escrita a mão (bis)
Cabisbaixo andando na rua algo chamou sua atenção,
Um velho mendigo pedindo dinheiro pertinho de um violão,
Sentou ao seu lado e disse: senhor conhece uma canção?
Que fale de amor, emoção, coisas do coração?
E o mendigo pegou, seu violão, e cantou:
Seus olhos de café,
Me deram fome,
Mulher,
Assim como o mel,
Devagar,
Desliza na colher,
O Meu corpo,
Mulher,
Quer ver o seu,
Deslizando no meu.
O cheiro tão bom,
Do seu corpo marrom,
Bom bom, tão bom,
Me faz perder o ritmo e o tom.
O jovem falou: meu senhor minha moça não tem olhos de café,
Nem pele marrom, bom bom, nem gostei da história da colher,
Não tem outra música pois escrever não sei?
E o velho disse eu tenho uma que fiz por quem me apaixonei:
E o mendigo pegou, seu violão, e cantou :
Seus olhos de café,
Me deram fome,
Mulher,
Assim como o mel,
Devagar,
Desliza na colher,
O Meu corpo,
Mulher,
Quer ver o seu,
Deslizando no meu.
O cheiro tão bom,
Do seu corpo marrom,
Bom bom, tão bom,
Me faz perder o ritmo e o tom.