Coleção pessoal de luciomedina
Você
Esse cheiro, esse sabor
Ilustrado no crepúsculo desse amor
E o vento que me traz seu perfume
Bendito seja o vento
E maldito esse tormento
Que me faz devanear
Com saudade e um pouco do seu cheiro
Fico louco, me perco
Nos desejos de te amar
E quando te vejo,
Quando o vento me traz o seu cheiro
Sei lá.
Que vontade de ter você
Que vontade de ter de ti o que eu não tive
O que eu pedi
O que eu perdi
Eu quero te abraçar
Eu quero te beijar
Eu quero seu suor
Correndo pelo corpo meu
Ouvir sua respiração ofegante
A ofegar meu coração
O tiro que saiu pela culatra
A armadilha que eu armei pra ti
Nela eu mesmo caí
E minhas mãos agora se atam
Nada sei do seu corpo e cabeça
Mas por incrível que pareça
Sei tudo de ti
Porém há um único problema
É que em vinte anos aqui na terra
Eu ainda não sei de mim
Vão
Não falta faz
Não faz falta
É esquecido
Não é lembrado
Fortalecido
Mortificado
Dolorido
Ruidoso
Vergonhoso
Mau!
Não falta faz
Não faz falta
Não é chamado
Nem convocado
É esquecido
Desnecessário
E o céu cinza
De um nada
Profundo
Conversa
Mágoa
Ira, raiva
Lágrima
Nada
Não falta faz
Não faz falta
Tudo, tudo, tudo
Tudo aquilo, não era isso que eu esperava
Frio
Tudo isso não era aquilo que eu queria
Vazio
Tudo aquilo que eu queria era isso
Motivo
Tudo, tudo, tudo...
Perdido
Isto, aquilo
Armadilha
Atalho, caminho, partida
Esperança
Perdida
“É a vida...”
Só teu
Ninguém me ouve
No escuro iluminado do meu quarto
Me acho chato
Virado, discarado
Perdido
Nesse mundo incomum
Perdido no teu quarto
Já estou farto
De saciar sua sede
Aumentando minha fome
Mas me consome
Ver seu corpo ao lado meu
Sem poder também ser meu
Engano meu...
Jamais nos pertenceremos
Não podemos
Nem queremos
Mas ai de mim
Que de estupido fico assim
Assim...
Tormenta
Que a magia dos ventos
Me traga contentos
Que o poder dos mares
Apague os pesares
E quando a chuva
A terra voltar
Possa me lavar, banhar, limpar
E o fogo
Me secar, esquentar, transmutar
Que quando meu corpo
Na terra recaia
Eu não recaia
Nas sombras de meus pensamentos
Responde por que
Quero te dizer tanta coisa
A cabeça ferve
O coração corre
A perna treme
Penso em te escrever
E então com as letras te dizer
Pois as palavras doem tanto
Mas sei que não vou te entregar
Então eu guardo
Imagino
Remoo e...
Num espasmo de subjetividade
Num suspiro de “Simplorismo”
Escrevo coisas sem nexo
Anexadas a sentimentos e lembranças
Que envio a você
Talvez, apenas talvez
Eu nem precise das palavras
Você já sabe tudo
Mas eu não sei para você
Mas para mim
Significou exatamente aquilo que você queria que significasse
Mas então por que
Você permanece inerte?
Por que você não me agarra,
Ou me mata?
Me desencanta ou desmistifica essa sua dupla-persona
Essa pessoa dúbia, obtusa
Deliciosa
Redundante
Novamente aqui
Pensando as mesmas coisas
Olhando a beleza alheia refletir a minha
Que soa tão feia
Estou amando
E penso em ir até você
Mas lembro de suas palavras
Tão frias, mortas, mortíferas
Más
Penso então em fugir, sumir
Penso em voar
Falta em mim a esperança
A interna criança
Ou o mostro do mal
Não sei a qual pedirei companhia
Pedirei dinheiro, carinho
Abrigo, amor
Decido então seguir a vida
Que ela me leve onde desejar
Primeiro dia
Com todo o peso de sua pouca idade
Pôs em minha vida o fantasma da mediocridade
E nesses joguinhos teatrais
Você vai me conhecendo
E eu vou me conhecendo
E aprendendo como se faz
Vou conhecendo minha conduta
O mais fácil me atrai
Mas eu tenho que ir a luta
E mostrar que eu sou capaz
Buscar O Bom Combate
O verdadeiro embate
Testar-me ao máximo
E sentir no novo dia o cheiro da alegria
E não esse gosto ácido
A mediocridade do meu interpretar
Aprendendo contigo
Vai se aprimorar
Até equiparar-me a ti
E aí,
Com todo o peso da minha pouca idade
Saberei no fundo
Que reencontrei a mim
Prefácio da vampira
E eis que a criatura sedenta de sangue e lágrima
Melodramaticamente calma
A criatura da noite
Na noite encontrar-se-á consigo mesma
E renascerá
E voará para o céu azul pontilhado de brilhantes
Onde ornará seus sonhos
Com nebulosas e cometas
Estrelas cadentes
E junto a lua se deitará
E dormirá um sono profundo
Porém ao despertar nova criatura será
E não se reconhecerá olhando para si
E a face refletida no espelho
Mostrará a nova criatura
Plena, completa, imortal
E observando bem
Também verá o mau
Olharás o rosto de um predador
É a face de um animal
E quando o sangue de gosto doce
Os seus lábios tocar
Gargalhará
De dentro de sua garganta
E não mais dormirá
Nem descansará
Por toda eternidade
Perto de ti
Só quero de certo
Estar perto de ti
Ouvir suas besteiras
Sua voz
Ouvir seu canto
Cantado pra mim
Dormir com você inquieto
Após uma vodca e a vista de um céu aberto
Com mil estrelas pra contar
Eu quero é estar lá
Coberto pelo seu cobertor
Com as pernas enroscadas
Sentindo o cheiro da madrugada
Misturado ao aroma de cedro
Enfim
Eu só quero de certo
É você para mim.
É você só pra mim...
Perfeição
Meu mundinho perfeito
Cheio de pequenos defeitos
Onde sou rei e ladrão
Faço-me o senhor do mar
Da chuva e da escuridão
E vou vivendo nesse mundo
Blefando a beira mar
Enchendo a cara no farol
Sem ter ao menos com quem conversar
Escrevendo
Traduzindo em palavras
Sentimentos loucos
Que nem sei se sinto
Mas ao menos pressinto
Que a perfeição acabará
Engolida
Pelas ondas do mar
Que gargalhará
Ao me ter em seus braços
Parece
Parece esquecido
O que antes fora lembrado
Parece adormecido
O mostro outrora acordado
Parece bonito
Mas acho que estou enganado
Tudo o que sinto, penso e falo
Não parece ser ouvido
E então eu reajo
Zôo, grito, danço, me acabo.
Me acalmo
E de volta ao princípio
Ao precipício, que por minhas mãos fora cavado
Penso comigo e reflito
O caminho já fora traçado
E sigo.
O segredo da montanha
O amor te pega as quatro e quinze
Em um emprego qualquer
A beleza do momento se converte em sentimento
E você começa a sentir
Acontece,
Tudo para de repente
E continua a acontecer
Mas o tempo não perdoa
Já não corre vôa
E já é hora de partir
Após quatro anos porém
Chega o cartão posta de alguém
Que vem visitar
A euforia, a lembrança
Torna-o de novo uma criança
Impaciente pra brincar
E entre cervejas e tragos
Espera o carro que leva catorze horas pra chegar
Mas chega
E o beijo na descida
Quase faz esquecer que já ouve uma partida
E deixa tudo recomeçar
O tempo porem, já foi além
E temos filhos para criar
Pessoas que nos amam para dormir
Com as quais vamos acordar
Não nessa semana
Nessa nossa semana
Nessa nossa montanha
A luz deste luar
Por essas matas caçar, nos rios nos banhar
E na cabana nos amar
Mas o desejo de não ser só uma
A semana a juntos passar persiste
Chega até a cogitar uma vida juntos
Largar tudo por um rancho
Pelo nosso rancho que em algum lugar não vai estar
E agora do céu te vejo chorar
Sem montanhas, nem ranchos lembrar
Que amavas a mim
Mas já não podes me beijar, só lhe resta minhas roupas afagar
E a mim
Cabe esperar por ti
O guardião da madrugada
A noite com seu ardor
Me envolve e me enlaça
O que será que nela tem
Que no dia me falta
Será a lua
O vento docê
Ou a sombra do nada
Que pouco a pouco me faz
Um guardião da madrugada?
Vagando rumo a lugar algum
Como um lobo uivante na noite estrelada
Seguindo um rastro
Sem cheiro, odor nenhum
Seguindo os passos da madrugada
E ao nascer o sol
Recolher-me-ei
Como uma criatura congelada
Deitar-me-ei e adormecerei
Aguardando uma nova madrugada
Necessidade
É necessário para
É necessário escutar
Pensar, refletir, lutar
É desnecessário estar
Somente por estar
É necessário amar
É necessário correr
Pular, brincar, dançar
É necessário esperar
E desnecessário se preocupar
Reparar, corrigir, consertar
É necessário voar
É necessário ficar
Gritar, berrar, urrar
E também
É necessário perdoar
Meu tudo
Com vontade de te ter perto
Cheguei cedo e incerto
Do que vai acontecer
Não posso planejar
Fingir que só por hoje não vou te amar
Que pena
Jurei não me entregar mais
Mas seu cheiro, seu sorriso
O que tem no seu cheiro, no seu sorriso
Que me faz ficar assim?
Ai de mim!
Que de tão experiente voltei a ser criança
Quisera eu não te desejar
A cada segundo que te vejo
Espero o dia em que eu não vá me excitar
Com a simples menção do seu beijo
Ah seu beijo...
Que nunca tive
A moleza do seu espirito e a dureza do meu coração
Fizeram-nos cair num abismo de solidão
Nosso destino está traçado
Seremos sempre quase dois apaixonados
Dois quase apaixonados
Que não podem se amar
O que tem no seu rosto
Que não é o mais atraente que já vi?
O que tem no seu sorriso
Que não é o mais belo que já vi?
O que tem no seu perfume
Que não é o mais gostoso que senti?
O que tem em você
Que faz eu me perder de mim?
Por não saber
Que eu te amo assim
Meu reino
Meu reino por um local
Meu reino por alguém pra mim
Meu reino por seu corpo
Meu reino por mais um pouco
Chegou minha amiga
Com ventos e possíveis trovões
O mar agitado para beija-la,
Sacode-se
Entregando os barcos e pescadores
A própria sorte
Esse é o poder dela
Da mulher mais bela
Da dona da chuva
Meu reino pra ser como ela
Meu reino por um pouco do poder dela
Meu reino...
Pra mim
Mar
Mar
Misterioso e sombrio, mar
Me abra seus caminhos, mar
Deixa eu nadar contigo, mar
Pra essa lenda eu eternizar
Me conte da Runas e dos seus mistérios
Do povo do norte , da morte, dos ventos
Mar, me ensina a amar...
Me fale daquela que há muito me espera
Qual será seu nome e o perfume dela
Mar, me ensina a amar...
E mesmo que um dia
Eu tenha que te cruzar
Pro meu caminho encontrar e minha historia estrelar
Espero que vá comigo
Aonde quer que eu vá
Me ensine e seja meu amigo
Me ajude a me encontrar...
E encontrar a paz...
Luz
Vem para iluminar minha vida
Movimentar com mais batidas
Meu coração há muito já parado
Vem e senta do meu lado...
Chega todo amiguinho
Falando de mansinho
Pra me conquistar
Me segura pela perna
Meu corpo gela
E se incendeia com um convite para atuar
E entre sotaques e partituras
Nascem novas criaturas
Amigas...
Será?
Ao pôr-da-lua
Se estreitam
Na pedra se deitam
A observar o mar
E no teto do seu iglu
Fico vermelho, roxo, azul
Ao te ver se aproximar
Entrelaçamos então as pernas
Que pena!
De tudo não poder entrelaçar
Mas olha só que ironia,
Falta um i na poesia
Que nem preciso pronunciar
Te amo minha vida
Minha luz-negra, bandida
Luz a me apagar...
Fé
Não perca a esperança
Quando tudo parecer perdido
Incoerente, infértil, inexorável
Não perca a esperança
O fato de Aslan não ter vindo
Não quer dizer que ele não virá
Por mais escuro e frio que seja o buraco onde se encontra
Ao menos ainda não há terra em cima
Ainda há como mudar
Daime sabedoria
Daime paz
Cante as baladas proibidas
Diga as palavras perdidas
Volte a voar