Coleção pessoal de luciarealilemos
Mãe você faz falta. Vou deixando que o tempo cure e me devolva as estrelas que você levou quando foi morar no firmamento.
Há em mim todas as mulheres do mundo.
Sei o peso, sei a dor, sei o custo.
Não é fácil ser mulher nessa terra...
Quero encontrar outra galáxia
pra morar.
Sou leal, mas posso não ser legal com quem me tira do sério. Não tenho que sorrir para quem me maltrata. Não tenho tempo pra maldades, o fazer o bem me consome por inteira.
Se nos juntamos podemos ser a fogueira que aquece corações e a brasa que queima o egoísmo e as indiferenças.
Acredito que alguém só consegue ser alguém em relação a outro alguém, do contrário, é soturno desfile de ninguéns, pois, se a chama não existe sem a acha, a acha sem a chama é fria... Trago em mim a teimosia da resistência.
Mas, será preciso continuar, lamentavelmente, essa é uma das mais tristes regras que nos são impostas: - sobrevivermos com a ausência física daqueles que muito significaram à nossa continuidade, à nossa existência.
Que o tempo faça o que é dele fazer - leve um dia a dor embora e deixe apenas a saudade terna e mansa.
Quero ser forte até o fim. Quero essa mulher que pulsa dentro de mim, prisioneira das horas e compassos perdidos. Quisera eu saber como libertar essa mulher que habita dentro de mim...
É na minha arte que reúno forças para superar minhas dores doloridas e minhas tristezas tingidas. Transbordo em cores todas as minhas alegrias reprimidas.
A Inexorável Dor da Perda de um Filho
Ela, mãe, está sofrendo. Ele, pai, está sofrendo. Acabam de perder um filho para a mais forte de todas as guerras: a inexorável passagem para o outro plano. Seu filho amado está indo embora! – uma viagem às pressas, inesperada, sem tempo para dizer adeus. Um jovem com todas as alegrias e sonhos da sua idade e do seu tempo.
Seríamos realmente capazes de imaginarmos a dor desses pais? Sentirmos o tamanho desse luto? Demais para ser suportado. Imensamente. Uma dor que não tem nome e dói só de pensar. Falta o ar. Consome o equilíbrio. Falta chão. Sucumbe-se às lágrimas. Uma dor que não seca, mas faz murcharem as forças, rouba os sonhos, dilacera a alma. Interrompe a esperança, invade nossas entranhas e leva uma parte de nós – a vida perde um pouco a suas cores....
Não é fácil aceitarmos a inversão da ordem natural no ciclo da vida. Não estamos nunca prontos, não queremos enterrar um filho. Quando a natureza não cumpre o ciclo como deveria é dolorosamente terrível e assombra.
– uma separação consumada fisicamente, mas que jamais conseguirá romper com os laços... não há substituições, filho é filho e ponto.
Impossível medir a dimensão da dor da perda de um filho. Não conseguimos mensurá-la, é uma dor única, intensa, egoísta e gigante. A perda de um filho é ferida que não cicatriza, é pra toda a vida – essa dor terá momentos que se converterá em saudade, mas nunca será menor. Os pais ficam perdidos na sua dor, um vazio inconsolável, um lamento interminável. Que ninguém se atreva estancar essa sangria no coração de uma mãe e de um pai... O choro é demasiadamente solitário e triste – não se decifra um amor que transborda em lágrimas.
Não encontro consolo. Não há nada que possa arrancar esse tormento que estraçalha o peito dessa família. E nesse momento, não posso e não devo - hoje as lágrimas têm e devem cair. Tem que ser assim.
Hoje a dor é dessa mãe e desse pai. Amanhã ou depois, quem sabe a serenidade venha bater às suas portas.
Hoje, quero manifestar meu sentimento solidário e companheiro, fazer uma prece e desejar que esse jovem encontre muita luz em sua passagem. Que a mãe, o pai, os irmãos e todos os familiares, no devido tempo, encontrem motivos para a difícil superação dessa dor, hoje latente.
Que a resiliência seja. Que encontrem a habilidade de persistirem nos momentos difíceis quando a saudade doer - e ela dói, vai e volta, e continuará a doer... Mas, será preciso continuar, lamentavelmente, essa é uma das mais tristes regras que nos são impostas: - sobrevivermos com a ausência física daqueles que muito significaram à nossa continuidade, à nossa existência. Que o tempo faça o que é dele fazer - leve um dia a dor embora e deixe apenas a saudade terna e mansa.
Hoje completo 52 anos.Sinto que envelheço, percebo isso no espelho e na alma. São visíveis meus cabelos brancos que agora tomam toda a cabeleira (rsrs...), as marcas que trago na testa desde a minha juventude, agora são rugas palpáveis, elas informam que cada uma chegou de um jeito, ora de mansinho, ora de ‘sopetão’ com os baques que levamos e que dizem ‘faz parte do aprendizado’.
Claro, já não enxergo sem meus óculos. O barulho me irrita com mais facilidade e a falta de paciência também, mas nada me tira mais do sério do que a ignorância de alguns e a falta de informação de outros,aff.. é de lascar! Já não tenho mais a agilidade na locomoção, meus ossos doem um pouco quando faço um esforço. Vejo umas manchas que eu não me lembro como apareceram, quando dei por mim, elas, de repente, estavam ali em minhas mãos e não tem como não enxergá-las, pois meu trabalho exige muito das minhas mãos e portanto, não tem como não sermos diariamente parceiras.[..]
Sinto que envelheço e esse envelhecer me renova. Tô aqui inteira.
É... sinto que o envelhecer me traz algo de muito novo e isso é muito bom e ninguém pode tirar de mim. Tá em minhas entranhas...minhas histórias, minhas lutas internas, minhas sobrevivências, meus renasceres.
Sim, tô aqui inteira nos meus 52 anos.
Felicidades pra mim, então.
Pensando em quanto já me doei e no tempo que já me feriu o bastante,porém cresci com tudo...Hoje estou me sentindo assim com vontade de sair "Nicolaiewskyando" pela vida...
Não aprendi a dizer adeus. Não me acostumo com as perdas, apenas vou aprendendo a conviver com as ausências. Esquecê-las? Jamais!