Coleção pessoal de Luciano_180o
Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos
em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos
a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos – não
importa o nome que demos, o que importa é deixar no passado os
momentos da vida que já se acabaram.
As coisas passam e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente
possam ir embora. Tudo neste mundo visível é uma manifestação
do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração – e o
desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para
que outras tomem o seu lugar.
Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade
ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa
mais na sua vida. Feche a porta, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe
de ser quem era e se transforme em quem é.
Gloria Hurtado
Dar a oportunidade à abertura de novos ciclos em nossas vidas é
também um gesto de caridade, respeito e amorosidade para conosco,
em plena consciência de que nosso infalível destino é a plenitude
divina.
Veio-me à mente um antigo jogo de agilidade mental em que ao formar um círculo, cada participante devia retomar muito rapidamente o que fora dito por seu predecessor, adicionando um novo elemento, e assim por diante, até que alguém fosse incapaz de dizer o que mais faltava ao sujeito…
Por aqui passou um soldado todo sujo e derrotado. O soldado não levava… Hmm, mochila!… (next), mochila, sim, ele estava usando, o que ele não carregava era fuzil… (next), rifle, sim, ele levava, o que não tinha era um cantil… (next), cantil, sim, ele estava carregando, o que ele não vestia era um uniforme…
Por aqui passou um reitor todo triste e fracassado. O reitor não portava um plano estratégico… Hmm, planejamento estratégico…(next), plano estratégico, sim, ele portava, o que não tinha era execução estratégica… (next), execução estratégica ele tinha, o que não tinha era liderança… (next), liderança, sim, ele tinha, o que não transparecia era ousadia…
Como se pretende ser reconhecido logo do ciclo de mandato reitoral?
Como um reitor empreendedor?
Como um grande líder visionário?
Como um abnegado ser humano que trabalhou intensamente e articuladamente pela causa da educação?”
“É preciso vencer todas as formas de fronteiras, substituindo muros
altos por mesas grandes e fartas.”
Estágio inicial da educação moral,
pensar em fazer o bem.
Estágio intermediário, fazei o bem.
Estágio avançado, desejai o bem!
Parafraseando Cosme Massi
Não são os graus que nos indicam a nossa condição humana nem as credenciais, mas sim as nossas condutas virtuosas.
A empresa não é mais a principal avenida do progresso na sociedade.
As oportunidades de carreira exigem, cada vez mais, um diploma universitário. O centro de gravidade passou para o trabalhador dotado de conhecimento. Porém nenhuma instituição de ensino nem mesmo a escola de administração, tenta equipar os estudantes com as qualificações elementares que os tornariam eficazes como membros de uma organização: a capacidade de apresentar ideias verbalmente e por escrito; a capacidade de trabalhar com outras pessoas; a capacidade para formular e dirigir seu próprio trabalho, sua contribuição e sua carreira. A pessoa educada deveria ser o novoarquétipo da sociedade […]
(DRUCKER, 1992, p. XVI)
O foco principal de uma IES deveria estar no êxito do aluno, sobretudo, para que se transforme em um cidadão civilizado, reformador de si mesmo.
A essência da responsabilidade social é devolver à sociedade pessoas
melhores do que quando a contratamos.
Que se decida ser mais do que ter mais, servir ao próximo a servir-se, e tolerar sempre que ficar esperando ser tolerado.
Quando toda a equipe vai na bola ao mesmo tempo, pode transmitir a falsa percepção de vontade, garra e determinação, mas, na verdade, evidencia desespero, amadorismo, limitação estratégica e visão fragmentada do contexto.
As Instituições de Ensino Superior deveriam ser mediadoras de valores, de concepção de sociedade, forjadoras de seres humanos conscientes de seu papel diante das dores alheias.
Muitos entram na universidade com a insígnia: entramos para aprender, saímos para triunfar e ganhar dinheiro. Desejaria que esta divisa se modificasse para: entramos para aprender, aspiramos a compartilhar e saímos para servir.
Em que medida os sistemas educacionais, os aportes dos egressos universitários e os modelos adotados de ensino superior latino-americanos estariam contribuindo para a redução da desigualdade econômica e social?
A universidade pertinente dialoga com o entorno para perguntar: como posso ser útil? Monólogos são refúgios quando não se tem nada para oferecer.
Por que razão as humanidades, por que razão a ciência, a arte, a literatura não nos deram nenhuma proteção diante do desumano?
Por que razão podemos tocar Schubert à noite e cumprir o dever, no dia seguinte, matando nos campos de concentração? Nem as grandes obras, nem a música nem a arte impediram a barbárie total.
Como era possível tocar Debussy, escutando os gritos daqueles que passavam pelas cercas de Munique, a caminho dos campos de extermínio.
Por que a música não disse não? Por que as humanidades não nos humanizaram, por que as culturas não nos libertaram?
Francis George Steiner, professor, crítico e teórico da literatura e da
cultura.
Por que razão as universidades não nos educaram e não nos pacificaram? Onde estavam as universidades diante das duas guerras mundiais e frente às mais de duas centenas de guerras do século XIX e XX?
A mudança é uma viagem, e não uma lista de tarefas a serem cumpridas.
Quando manifestamos preocupação ao perguntar se já chegamos ou quanto tempo ainda nos falta para chegar (ou para cumprir um mandato reitoral), sinaliza-se que algo não está bem!
Ao reduzir o homem a profissional, acabará por formá-lo peça, talvez até eficiente, capaz e competitiva, de servir aos sistemas, escravizando-os. É necessário que a universidade sobrepasse a concepção de homus economicus e projete o homus íntegro e integral.