Coleção pessoal de lucas_pires

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⁠Eu cresci em meio às guerras de outras pessoas e não houve um só momento em minha vida que não me senti numa trincheira. Eu fui atingido por tiros que não estavam destinados a mim e ainda assim, suportei a dor dos outros em meus ombros. Vi que meu sangue era vermelho. Vi que eles gostavam de me sugar e deixei, apenas para que não morressem de fome.
Eu nunca neguei abrigo a ninguém que bateu à porta de meu coração. Eu sempre soube quem estava do meu lado. Eu briguei com todas as forças pelos meus e senti calafrios apenas por pensar que um dia poderia perdê-los.
Eu nunca me esqueci de quem sou, mesmo com todos dizendo que mudei. Eu nunca pendurei um quadro na parede do quarto onde vivo. Nunca chamei meu atual endereço de lar e nunca disse que estava indo para casa enquanto voltava da faculdade a noite.
Durante muito tempo eu senti que não pertencia à lugar algum. Pensei que se talvez um dia me mudasse, seria diferente. Mas, ainda assim todos os dias eu me levanto e desejo conquistar a tudo e todos. Conhecer o mundo, todos os lugares possíveis, procurar cada centímetro de felicidade e adrenalina que existem e abraçá-los com as forças de quem corre de uma tempestade antes que me abrace a senhora velha e cansada de colher as almas dos homens.

É e sempre será sua a imagem que me virá à cabeça quando escrevo sobre o amor. Quando decido escrever sobre a vida, é na nossa história em que eu me apoio, por mais breves que tenhamos sido.
Tentei encontra-la nos fundos. No fundo do poço, da garrafa, da fossa que era meu coração, do copo, mas já não havia ninguém ali a muito tempo. Bebi sozinho o resto da garrafa e dormi aqui mesmo, na calçada. Tolerado, como que um cão, apenas por ser inofensivo. Julgado por quem passava – olhem, o homem que amava de mais! – Eles diziam.
Seja lá quem for você, ou de quem seja o rosto em que estou pensado agora enquanto escrevo isso, saiba que eu te amei.
Seja pelos cinco primeiros minutos passamos juntos no balcão de um bar qualquer, pelas cinco horas que passamos na cama, abraçados, nos amando ou pelos cinco anos que passamos na vida um do outro, ainda que distantes quanto ao abraço.
Eu a amei desde o minuto em que a vi.
Amei cada detalhe do seu rosto, amei o jeito com que falava comigo, ou com a sua amiga, ou com o meu amigo, eu amei o formato dos seus olhos, suas curvas, suas bochechas. A amei por completo, não havia um espaço vazio em ti que eu já não houvesse preenchido com o meu amor. Eu faria de tudo por voce enquanto a tivesse amor ali o suficiente para nós dois.
Às vezes me esqueço que tenho apenas dezenove e que a vida é mais curta do que penso que é e que se encurta ainda mais quando penso no tamanho dela. Meu problema é querer tudo o que há no mundo porque sei que não tenho tempo de ter tudo e por isso, por isso, as amo todas, porque é a única coisa que eu posso ter sem medo de acabar e o único lugar em que eu posso morar sem medo de dormir na calçada, no amor. Ainda acho que o amor seja um lugar.

Eu sou só um coração vazio, um amontoado de palavras soltas e um punhado de sonhos já realizados, meu amor. Não há nada aqui que já não tenha visto em poemas clássicos pintados em paredes sujas. Não existe uma só frase dita por mim que qualquer outro canalha já não a tenha dito para você. O meu beijo tem o mesmo gosto e sabor que os outros mil beijos que já tivera dado e minhas mãos não lhe esquentarão a alma. Eu não sou fogo, e não, eu não sou um filho do sol. Meus poemas não entrarão para a eternidade e a vida não marcará, quem sabe, nenhuma de minhas palavras. Não existirá quiçá nenhuma memória minha quando eu me for e não haverá feriados com meu nome, minha mediocridade é gritante e minha insignificância é presente. Não estou vivo, mas vivo, e isso é tudo o que você pode esperar de mim: nada. Fora isso, fora isso saiba que ainda assim eu a amarei do começo ao fim do dia e me esforçarei para ser melhor do que toda essa merda que eu sou, por você. É que existe esse peso, que apesar de ainda se pesado, vale a pena segurar apenas por saber que existe alguém com que posso dividir.
Talvez isso nem seja um texto de amor, mas, saiba que um dia alguém foi sincero de verdade com você. Que alguém olhou bem no fundo dos seus olhos azuis e te seguiu pelo corredor da faculdade. Que se sentou ao seu lado apenas por ser gostoso se sentar ao seu lado. E disse oi. Eu não aguento mais muita coisa que não amor. Estou fraco e estou te dizendo isso para provar que eu fui sublime e sincero enquanto estivemos um no outro. Jamais te prometeria uma história daquelas de cinema, e não, não haveria muita glória em nós.
Eu sou só isso e isso é tudo o que eu ainda consigo ser antes desistir te de tudo Te amo.

Durante toda a minha vida estudei em escola pública e isso me ensinou para além da sala de aula.
A começar por nossa estrutura familiar, os de mais sorte (como eu) tinham pai, mãe, e um teto para morar. Outros, como inúmeros de nós, tinham que escolher um destes e não se engane,era corriqueiro que somente um fosse tudo o que pudessem ter pelo resto da vida.

Havia um ou outro professor formado na área de atuação. Quanto aos demais, quando existiam, eram estagiários de cursos completamente diferentes da matéria que lecionavam. Trocando em miúdos, a gente quase não tinha aula e quando tinha, era com pessoas que sabiam o mesmo ou o menos que a gente. Coitados, bravos guerreiros.

Muitos de nós, íamos para merendar e só. Outros, simplesmente desistíamos. Para trabalhar. É que em casa não havia comida em casa e doía ver mamãe desempregada e solteira sem ter o que dar o que comer a nossos irmãos.
A gente se sentia culpado por não ter o que comer. Não se engane em relação a cor da nossa pele. Somos negros.

Inúteis por não estar fazendo nada para ajudar, tínhamos o que? 12, 13 anos. Muitos de nós ainda estão por ai. Outros, não mais, em lugar algum.

Depois de outro tempo, nós, os outros que aguentavam até o final, percebíamos que não havia ali Educação, eles queriam mesmo eram os números, pouco os importava o quanto realmente aprendíamos, se conseguiríamos ou se algo ali naquele lugar realmente fizesse a diferença em nossa vida.

Que igualdade é essa? O que vocês esperam de nós? Como vocês querem que nos tornemos advogados, médicos, dentistas, escritores, professores ou qualquer outra coisa que seja?
Como vocês dizem que existe um ministério voltado à Educação? Como vocês tem coragem de vir em nossas casas e dizer que nosso futuro só depende da gente? Dizer a nossos pais, pobres e trabalhadores que eles têm que se matar um pouquinho por dia para nos ver como frutos de seu trabalho.
Dizer que o problema é educação financeira, que o pobre não sabe poupar dinheiro, meu amigo, o pobre não tem dinheiro para poupar, a gente precisa comer hoje, não em setembro do ano que vem.

Eu fugi da mediocridade assim como quem foge de uma tempestade num campo aberto. Como que quem corre apenas pelo prazer de não se ver mais no passo de trás, de não ser o mesmo, de saber que o tempo corre depressa e entender que nem sempre somos rápidos o suficiente para alcança-lo.
Eu nunca neguei o amor e nunca neguei o meu coração.
Sempre me inclinei por inteiro à todas as coisas que fiz.
Eu tive medo. O senti me fazer parar um pouco para pensar melhor e me deixar ali parado e pensando melhor para sempre, até perceber que isso era tudo o que ele queria, que eu ficasse parado e pensando melhor para sempre.
Senti o ódio no olhar das pessoas que me julgavam todas as manhãs, incessantemente, sem saber de toda a história. Qualquer que fosse a história.
Eu nunca desejei o mal de ninguém.
Eu desejei mudar a vida da minha família como um todo, perdoei as vezes que meus pais não acreditaram em mim e relevei as vezes que meus irmãos não foram, verdadeiramente, irmãos. E principalmente, eu me perdoei todas as vezes em que não fui eu.
Eu enfrentei o mundo inteiro sozinho mais vezes do que eu posso contar. Eu desmoronei em banheiros aleatórios apenas por sentir que enfim estava em um lugar seguro e podia finalmente, chorar. Por muito tempo chorar foi tudo o que eu quis. Por muito tempo eu senti o frio do chão e não houve chama quente o suficiente capaz de acender meu coração.
Eu já estive no fundo do poço mais vezes do que posso contar, existem poemas meus nas paredes de lá. Existem trechos de amores perdidos, amigos esquecidos e promessas que eu decidi simplesmente não cumprir. Eu não me culpo por gostar do escuro. Não me culpo por me sentar ao sol e apreciar o café ruim que me é dado gratuitamente todas as manhãs. Eu aprecio a pressa da L2 Sul e vejo a ganancia dos que correm com bons olhos.
Me doei por completo a qualquer que fosse o pedinte de rua, o amigo necessitado ou a pessoa que me pedisse qualquer fosse a coisa. Eu conversei com sábios e tolos. Vi o futuro de alguns apenas por entender seu passado e me espelhei neles. Eu vivi.
Eu cresci em meio as guerras de outras pessoas e não houve um só momento em minha vida que não me senti numa trincheira.

Poderia existir algo que perdurasse o tempo? Poderia alguém conseguir escrever sobre o próprio tempo e não se inquietar com a desgraça que é perceber que cada palavra escrita dá a luz a uma página que nasce já no passado?

É realmente incrível como a gente se esquece de como coisas boas acontecem inesperadamente e que o inesperado acontece quando não se espera. Óbvio, mas nem tanto. Isso significa que quando eu já estava cansado depois de um longo dia na faculdade esperando vê-la, me cansei de esperar que o destino trabalhasse a meu favor e me fui. O cansaço das leituras densas que o curso de direito provoca derrubaria qualquer um àquela hora da noite, e eu já estava no chão. Me dirigi a saída e, como que quem dá o último suspiro, olhei para trás uma última vez com a esperança de que assim como nos filmes ela estaria à minha retaguarda, mas o fato é que por mais linda que fosse a moça que estava atrás de mim, não era ela. Avistei a parada de ônibus e pensei, ora, meu coração me prega as melhores peças. Eu e a minha mania de me apaixonar à primeira vista por quem só vi uma vez. Eu e a minha teimosia de gostar de quem já tem alguém que lhe goste. Mas o fato era que eu não importava. Ao caminhar para a parada eu me lembrei de seu sorriso e parei, no meio do caminho, sim o sorriso dela era daqueles que param as pessoas. Com certeza o objeto de mais sorte no mundo era a sua escova de dentes. Cheguei à parada. A outra me mandou mensagem, como não havia ninguém a respondi, carinhosamente como se ela fosse a única, senti uma sombra se aproximar por trás de mim ao mesmo momento em que dei dois passos ao lado e sai do campo de visão para mandar um áudio, mandei. Para minha surpresa me voltei e defronte a mim estava ela. Como que um anjo daqueles aparecem nas horas ruins. E foi incrível porque ali naquele momento eu acreditei que realmente havia algo que fizesse com que a gente se atraísse. Ela estava curiosa para saber de mim e ansioso para saber dela. Meu dia havia sendo uma bosta, tinha acabado de derramar manteiga na minha camisa e ficado “aoreu” por umas 12 horas, só queria que aquele maldito ônibus chegasse logo para que eu me entranhasse nele e fosse me embora, mas ela estava lá. E ela carregava consigo seu sorriso. Provavelmente todos são apaixonados pelo sorriso dela. Sem exceções. Todos. A vi e disse, - ué- ela disse oi, e logo a perguntei onde morava, mas tanto faz o que eu perguntava, minhas perguntas e vossas respostas não me interessavam. Eu gostava mesmo era do jeito como ela falava e de seu sotaque. Era algo parecido com o barulho mar. Se o mar falasse com certeza ele teria a voz dela. Me despedi e ao entrar no ônibus, me surpreendi, pegávamos o mesmo ônibus. Estava sendo até então o melhor dia da minha vida, e hoje, novamente está sendo o pior pois não a vi. Fomos embora conversando, acho que me apaixonei por ela. Provavelmente ela vai ser o motivo do meu próximo livro. Escreverei não sobre o que conversamos no ônibus, mas sobre tudo o que não nos dissemos. Ao vê-la pela primeira vez a disse sem dizê-la que ela era a mais recente tragédia da minha vida. A disse sem pronunciar uma palavra também, que se pudesse beijá-la naquele mesmo instante, a beijaria. Sem medo, sem pressa. Escutei tudo que os seus olhos me disseram, e concordei com cada palavra não dita. Ela também me beijaria, foi o que eu ouvi. E ao passar esse mesmo milésimo de segundos, novamente ela se foi pela primeira vez.

vÊ mais longe a gaivota que voa mais alto
Que fiz eu até agora?
Que farei até mais?
Com oque alimentei meus sonhos?
Oque me torna grande? e, se grande me torna porque me sinto ainda tão pequeno?
Quero ser mais, quero ser maior, e quanto maior eu ser, menos eu quero me sentir... para poder ser maior.
Quero voar mais alto, como as gaivotas da minha irmã.
Quero ver mais de perto as coisas que se dão ao longe e ultrapassar essa imensidão que me separa de tudo oque eu posso ser.
Quero responder todas essas perguntas, porém, nunca com as mesmas respostas.
Eu quero eu, sendo eu, ser maior que um dia ja fui e melhor que um dia serei.
Não quero que me digam por onde devo ir, só quero ir e ver por onde fui. E se doer? que doa! pois nunca mais há de doer novamente.
E se eu tiver que aprender algo que me ensine então a vida, a tão aclamada professora que com seus métodos ou ensina, ou ensina!
Não quero olhar pra trás e me ver, quero olhar lá e não me R E C O N H E C E R.
Não quero me perguntar: Como cheguei até aqui? quero mesmo é me desafiar a ir mais longe, mais alto, mais...

Nao é por nada não, mas esse papo de que o mundo tá perdido é furado.
Ainda existem pessoas que não aceitam o vulgar, cuja principal característica é não se deixar caracterizar.
Não somos muitos os que lutamos por país mais justo e também por uma sociedade mais igual, e por mais que sejamos poucos, aprendemos que qualquer pouco é muito independentemente de qual seja a causa social.
E há quem diga que a religião religa as pessoas ao amor, só que as guerras santas ainda são travadas, e ao mesmo tempo que exigem respeito eles matam, e espalham medo e dor.
Essa luta não é minha, é de um planeta inteiro, que sabe que terra é vasta e que o mar ainda é profundo, que são sete bilhões de pessoas no globo, e nem uma delas é igual ao resto do mundo.

Me sinto de mãos atadas.
Tenho medo.
Sei que vão me julgar, apontar o dedo.
Vão se esquecer de quem sou.
E tudo isso porque não fui quem quisessem que eu fosse.
Tenho medo do que pode acontecer, medo porque tudo pode acontecer.
Eu tenho medo de dizer como me sinto e sentir que não deveria ter sentido-me como eu.
A verdade é que a liberdade tem um preço,
e custa caro ter coragem pra reinvindicar porque dói se imaginar sem as pessoas que mais te apoiaram na vida.