Coleção pessoal de luanasozpi
Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.
Todos os dias quando desperto inicio com um crédulo Sinal da Cruz.
Todos os dias busco alcançar uma impetuosa esperança com relação à vida, mas essa me parece ter agido de forma tão ignorante que eu me questiono o que falta preencher nesta vala. Me questiono se estou rezando certo. Será queestou extrapolando o limite de perversão?
Todos os dias eu debato com Deus antes de dormir; infelizmente Ele está ciente de que não sou vencida pelo cansaço facilmente, é uma questão de convivência.
Falo dos meus desejos - por mais que eu saiba que não O agrade, mas eu preciso dizer para alguém-. A Divindade me escuta. Eu sei que escuta, eu sinto que me escuta; entretanto, continuo com o suplício diário, continuo com tormentos dentro de mim que medicação alguma seria capaz de sequer olhar nos olhos.
Eu sofro de um desassossego infernal diariamente enquanto estou lançada aos sagrados braços que não me deixam queimar.
Todos os dias eu quase morro.
Porém, todos os dias eu sei que sou ouvida.
Ouvida por um Doutor que não facilita muito as coisas para o meu lado;
Mas ouvida.
E todos os dias, eu sigo em frente.
Sempre muito animada ou então deprimida, com Cass não havia esse negócio de meio-termo. Segundo alguns, era louca. Opinião de apáticos. Que jamais poderiam compreendê-la.
Não tenho dificuldades em ser um inferno para mim e para os que me entornam, é quase um traço de personalidade sempre acabar levando na cara quando o dia se encerra - ou até quando se inicia -, seja no bom ou no mau sentido.
(...) sabia que tinha alguma coisa fora do lugar em mim. Eu era uma soma de todos os erros: bebia, era preguiçoso, não tinha um deus, idéias, ideais, nem me preocupava com política. Eu estava ancorado no nada, uma espécie de não-ser. E aceitava isso.
Se eu nunca ver você de novo
Eu sempre vou levar você
dentro
fora
na ponta dos meus dedos
e nas bordas do meu cérebro
e em centros
centros
do que eu sou do
que restou.
Acho que a gente devia encher a cara hoje, depois a gente fala mal dos inúteis que se acham super importantes.
Quando a gente acha que chegou no fundo do poço, sempre descobre que pode ir ainda mais fundo. Que escrotidão.
Eu estava longe de ser uma pessoa interessante. Não queria ser uma pessoa interessante, dava muito trabalho. Eu queria mesmo um espaço sossegado, e obscuro pra viver a minha solidão; por outro lado, de porre, eu abria o berreiro, pirava, queria tudo, e não conseguia nada.