Coleção pessoal de luanamachado94
Pra Você Guardei o Amor
Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar E repartir
Pra você guardei o amor
Que sempre quis mostrar.
Minha vida não foi um romance.
Nunca tive até hoje um segredo.
Se me amas, não digas, que morro
De surpresa,
De encanto,
De medo...
DA FELICIDADE
Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!
Roseira
Foi homem pra dizer-me adeus
Falando de uma outra mulher
Deixou-me sem saber pra onde ir
Cortou nossa roseira no pé
Eu desejei morrer pra não ver
A cama tão vazia ao redor
Meu sangue eu derramei por você
Meu corpo transformou-se em nó
Em solidão viu
Foi homem pra tentar redimir
Mas hoje eu não me enchergo em você
Existe agora um novo rapaz
Fez a roseira enfim florecer
Eu desejei viver pra lembrar
O quanto eu fui mulher pra esquecer
E hoje eu me permito sonhar
Em outros braços me vir nascer
Foi bem melhor viu
Foi homem pra dizer-me adeus
Mas hoje eu não me enchergo em você
Deixou-me sem saber pra onde ir
Fez a roseira enfim florecer
Foi homem pra tentar redimir
Falando de uma outra mulher
Existe agora um novo rapaz
Cortou nossa roseira no pé
Foi bem melhor viu
Era de manhã
E eu só queria
Um beijo de bom dia
Para o dia começar bem
Paz eu encontrei
O bem que eu queria
Quando olhei pro lado
Meu benzinho já não estava lá
Mas deixou sobre o travesseiro
Uma rosa com seu cheiro
Um recado no espelho
Dizendo "volto já"
Me aprontei frente ao espelho
Com a rosa enfeitei o cabelo
E um vestido de cor
Pra combinar
Onde o passarinho bebe água
Um detalhezinho só de nada
Pra enfeitar
Ele vem feito um herói
Antes da saudade me aluar
Não vejo a hora de amanhecer
Só para ver
Outro "volto já"
Volto já, volto já
Era de manhã, era de manhã
DA OBSERVAÇÃO
Não te irrites, por mais que te fizerem
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio.
Humildade
Senhor, fazei com que eu aceite
minha pobreza tal como sempre foi.
Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.
Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho.
Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.
E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa.
Pra ser sincero eu não espero de você mais do que educação,
Beijos sem paixão,
crimes sem castigo,
aperto de mãos
Apenas bons amigos...
Pra ser sincero eu não espero que você minta
Não se sinta capaz de enganar
Quem não engana a si mesmo
Nós dois temos os mesmos defeitos
Sabemos tudo a nosso respeito
Somos suspeitos de um crime perfeito,
Mas crimes perfeitos não deixam suspeitos
Pra ser sincero eu não espero de você mais do que educação
Beijos sem paixão,
crimes sem castigo,
Aperto de mãos,
apenas bons amigos...
Pra ser sincero não espero que você me perdoe
Por ter perdido a calma
Por ter vendido a alma ao diabo
Um dia desses, num desses encontros casuais
Talvez a gente se encontre,
Talvez a gente encontre explicação
Um dia desses num desses encontros casuais
Talvez eu diga, minha amiga,
Pra ser sincero... prazer em vê-la
Até mais...
Nós dois temos os mesmos defeitos
Sabemos tudo a nosso respeito
Somos suspeitos de um crime perfeito
Mas crimes perfeitos não deixam suspeitos.
Mero sonho mortal
Atrapalho-me quando vejo teus olhos,
entristeço-me quando eles choram,
alegro-me por saber que é de alegria
esqueço-me a distância.
Sinto-te cada dia mais perto,
Acanho-me com a sua chegada
suspiro com sua presença
Enlouqueço com teu carinho
desespero-me com a sua partida!
Reajo contra o destino
arranco-te sorrisos bobos
daqueles que menos esperei.
Lugares que íamos para ver o tempo passar
O tempo passou e não estamos mais lá,
Lembro-me do vento em seus cabelos.
Lembro-me da visão imperial que tinha.
Meias rasgadas provocando a visão
Teu cheiro doce esquentando o ar
Tua calma e velocidade a me sequestrar
É difícil definir a loucura
Pois intensa vontade é uma forma de enlouquecer.
A companhia, a estadia, a inocência perdida.
Há certas culpas que adoraria não ter.
Esse teu olhar
Quando encontra o meu
Fala de umas coisas que eu não posso acreditar...
Doce é sonhar, é pensar que você,
Gosta de mim, como eu de você...
Mas a ilusão,
Quando se desfaz,
Dói no coração de quem sonhou,
Sonhou demais...
Ah, se eu pudesse entender,
O que dizem os seus olhos.
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.