Coleção pessoal de lilianreinhardt
... as vezes descriançadamente adulta, bebedora dos ácidos da superfície do fenômeno...mas, quando ressoa a voz interior/ não se confunde com nenhuma outra...
....abruptamente flor................................................................................................................................................................
- serão abruptas as flores?
as flores são cadáveres disse o poeta...
jardineiros cegos plantam
uma grande pedra de um tempo sem alma
rolam os narcisos
Venho de caminhar léguas e léguas
e guardar na constância da poeira
as areias brancas do meu pão
Venho de recobrar da espuma do tempo
meus olhos de nuvens
de me perguntar sempre
por que estes séculos em mim
conduzem-me sempre para o mais
recondito
e as noites são como uma látega
mancha das tuas cores
que me tinge a boca da alma
na habitação da carne
sob o sabor desses véus
da vida e da morte que me caminham
e que tenho sempre os pés descalçados
nesta morada invisível do meu sentir
Venho e sempre vago como sou
caminhante por dentro
translúcidos ossos
ao vento
Tenho dúvidas das sentenças poéticas, do poeta como fingidor,
sofro dessa descrença da fé nessas simbioses poéticas...
Poesia sem ética, sem o sopro da verdade da alma experienciada,
uma construção caiada...
...pousa na tua lapela a gota de tinta
toca-a com teus dedos mágicos
como reges teus músicos...(para cantar com a cítara )
O amor é um verbo de renascenças
soprado debaixo da pedra
levita os sonhos dela
e todo rebanho da janela cega
se Ilumina
Mas, amarga o sabor do rebanho e do pé do verbo
quando ficou sem sol sem quarar o poema
e os olhos se encardiram...
Aquece-me que o mundo
informe e vazio
está longe de ti...
misteriosa lã de argila/
guarda-me nos flocos de algodão de tuas mãos
eu e minhas feridas
que as flores da carne /
tem pétalas de areia..
Tu que emprestas Tua luz
aos olhos da Esfinge
Ilumina minha escuridão
para que eu possa caminhar para dentro de mim
e sempre reconhecer -Te
em todos os seres
eu habitante de Tua argila acesa
Meu guardião
Minhas mãos entre as suas
sob a tênue neblina
incensando o cálice da noite
sua voz insistia
antes de ouvir os meus passos
ouvirás primeiro a acústica de silêncios
dos meus rastros
das palavras que deixarei
cair pelos caminhos...