Coleção pessoal de LiAzevedo
Natal en Rose
Era véspera de Natal. Ela tinha apenas sete anos, mas já sabia que Papai Noel não descia pela chaminé. Sempre muito curiosa, já conhecia a identidade do bom velhinho que todo o ano visitava-lhe durante a noite, enquanto ela dormia o sono dos anjinhos.
Ainda assim, aquele seria um Natal diferente! Havia uma promessa a ser cumprida!
As horas iam e vinham-se, e o sol teimava em não abandonar aquelas pessoas ávidas por compras, presentes, abraços, carinhos, ceias! E ela continuava a aguardar a noite.
A madrugada de Natal!
Enfim, a lua ofusca o sol, e a noite ostenta o auge da sua beleza, ao vestir-se das luzes natalinas já à sua chegada!
De repente, silêncio.
A ansiedade continuava estampada em seu rosto infantil, mas ela precisava dormir. Dormir para que o Papai Noel chegasse! Só não conseguia...Com seus olhinhos desobedientes, rolava de um lado e outro da cama, contava carneirinhos, e nada adiantava. Estava feliz, todavia não conseguia dormir!
Lentamente, a maçaneta da porta do quarto gira. Era o Papai Noel!
Ela fecha os olhos para não decepcioná-lo, e o vulto de duas pessoas adentra o quarto, balbuciando coisas que não conseguia ouvir. Cochichavam. Ela, ainda com os olhinhos fechados, sente quando lhe beijam a face e ouve quando a porta é cuidadosamente encostada pelo lado de fora.
Rapidamente abre os olhos!
No meio do quarto estava ela, a promessa! Suntuosa, rainha, elegante, majestosa!
Sorrateiramente, desce da cama, contorna o tão esperado presente de todo o ano, admira-o, volta a contorná-lo, acaricia-o. Não podia acender a luz. Descobririam que ela não dormia! Mesmo assim, radiante de felicidade, volta a abraçá-lo, pois mesmo sem o ver, podia senti-lo, conseguia tocá-lo...
No horizonte, os primeiros raios de sol despontam-se.
Papai Noel adentra novamente o quarto para despertá-la, e quem sabe participar da surpresa em seus olhinhos brilhantes! Mas dessa vez, o velhinho apenas sorri da cena que acabara de presenciar: sua pequena estava ali, deitada ao chão, profundamente adormecida, agarrada aos aros de seu presente de Natal.
Carinhosamente despertada, vê que seu presente é cor de rosa, exatamente como ela sonhara! Uma bicicleta rosa! E mesmo sem sair de seu quarto, ela já sentia o vento a despentear-lhe os cabelos, a tocar-lhe a face! A partir dali, desbravaria as pacatas ruas de sua cidade, a equilibrar-se pelas avenidas do lugar que a vira nascer, e agora a pedalar sua bicicleta, inclusive, bem maior que ela!
A vida agora seria rosa, cor de rosa!
- Tão simples...- sonhava seu olhar pueril...
- Pena que não será sempre assim! – lamentou seu Papai Noel, silenciosamente.
E ele tinha toda razão! Mas ainda hoje, sempre que a vida insiste em mudar de cor, as lembranças e sensações desse Natal a retiram do cinza e escombros que por vezes a vida adulta impõe-lhe, e ela sai por aí, pelo mundo, a pedalar mais uma vez sua bicicleta cor de rosa, como se em Mara Rosa estivesse, completamente livre...
Te banir da minha vida e te esquecer completamente será, sempre, etapa mais fácil no meu processo de auto perdão!
Eu sei exatamente tudo o que eu deveria ser e fazer pra que você também fizesse, sorrindo, tudo o que eu quisesse. Mas não vou fazê-lo e muito menos sê-lo, porque não admiro, na mesma escala de proporcionalidade, pessoas manipuláveis e manipuladores.
Livrai-me da maldade de pessoas cujas existências eu nem me lembro mais, mas, por algum motivo, ainda continuam carentes do meu olhar, da minha atenção !
Eu só não consigo exatamente o que pedi a Deus quando Ele já tinha se decidido a me dar coisa melhor!
- Mas por que você nunca falou que se sentia incomodada com isso?
- Porque a nossa relação estaria fadada ao fracasso a partir do momento que eu precisasse cobrar alguma coisa que não deveria sequer ser pedida. E eu só queria adiar o início do nosso fim.
Eu preciso urgentemente de vacina pra ficar imune à pegada de homem tóxico. Isso já não tem mais graça.
Eu tenho duas reações quando passada pra trás: ou eu viro bicho porque a pessoa não tem qualquer importância pra mim, ou se era um amigo, me silencio, e a partir desse momento, ele/ela se iguala à pessoa de cima.
Não há nada mais firme que os olhos abertos de uma mulher quando enfim consegue enxergar que o que tinha era dependência emocional por um traste.
O que eu ganho em ser leal nas relações?
Sono tranquilo e a certeza absoluta de que se alguém “pisa na bola” comigo, quem perde o jogo não sou eu!
Alguém que se orgulha em ser manipulador tem dois tipos de pessoa atrás: quem está lá para bajular até conseguir o que quer, e quem só permanece na amizade até perceber essa falta de caráter do(a) outro(a). Geralmente os dois tipos são mais inteligentes que o manipulador.
A necessidade de ser venerado(a), idolatrado(a), bajulado(a), só atrai ratos para o próprio barco. Alimentados ou não, são ratos, e pularão do barco porque uma marolinha qualquer é infinitamente maior que um bajulador e alguém que precisa ser bajulado.
A pessoa mais facilmente manipulável é aquela cujo foco na vida é manipular os outros.
É só deixá-la pensar que o faz.
Se você perde pessoas com frequência, não seria mais fácil mudar o seu jeito a viver sempre a fazer novos amigos, e perdê-los?
A linha entre fazer tudo por uma pessoa para mantê-la sob seu controle e para realmente ajudá-la é tão tênue, que se ultrapassado o limite o remendo ficará sempre a olhos nus.
Há lugares que você precisa olhar a ponto de decorar cada traço, porque sabe que vai precisar voltar e não vai poder fazê-lo exatamente na hora que quiser.
Há pessoas assim também.
E você pode não ter mais de uma oportunidade para fazê-lo.