Coleção pessoal de lglimadeaf
Não consigo entender por que as pessoas importantes me amam, enquanto eu sinto que estou em depressão.
Carrego dores e lutas silenciosas, buscando equilíbrio entre amar os outros, cuidar de mim mesmo e encontrar significado na minha jornada.
Não sou muito fã de comer. É óbvio que sinto fome, mas perco a vontade de comer quando me falta motivação, quando estou magoada ou quando tento economizar dinheiro, seja tendo muito ou pouco. Infelizmente, minha magreza carrega dores escondidas, resultado de hábitos que adquiri na infância. Mas, pelo amor de Deus, isso não é culpa dos meus pais! Eles são muito maiores e melhores do que consigo imaginar. Não sei como fazê-los ainda mais felizes, assim como as pessoas que amo. Parece que nasci para omitir sentimentos e lutar por um equilíbrio na saúde.
As escritas, as frases, os poemas e outros tipos de expressão servem para desabafar, refletir e argumentar. Essas coisas me ajudam a falar profundamente e verdadeiramente sobre mim.
Despedida de Mim
Canso-me dos sonhos que não alcanço,
Mesmo lutando, perco o balanço.
Não cuido de mim como deveria,
E a vida escorre, dia após dia.
Sou maravilhosa, disso eu sei,
Mas por que insisto em me perder?
Como uma despedida sem razão,
Vivendo migalhas, fugindo do chão.
É egoísmo, eu bem percebo,
Uma escolha que em silêncio aceito.
E o pior, no fundo, é saber,
Que só isso eu sei fazer.
Segurando o Silêncio
Senti o atraso em cada momento,
Confusão no ar, um turbilhão por dentro.
O coração, doído, em silêncio grita,
Segurando lágrimas, a dor se evita.
Tantas dúvidas a me rodear,
Incomodos que não sei calar.
Perguntei ao amor, buscando clareza,
Chamou-me "mulher farda" por minha franqueza.
Quis consertar, mas deixei passar,
As palavras presas, sem lugar.
A quem amo, quis dar alegria,
Mas escondi brigas e agonia.
Para aliviar, fiz-me mudo,
Carreguei o peso de um silêncio bruto.
E, no fundo, só queria paz,
Para eles, um alívio que não me satisfaz.
Quando era criança, meu pai sempre cuidava de mim porque estava afastado do trabalho devido a cirurgias em ambos os ombros. Ele me levava e buscava no ônibus e aproveitava os momentos comigo. Em uma cena, ao descer do ônibus, meu pai desceu primeiro e o ônibus fechou a porta, fazendo com que ele tivesse que caminhar acelerado. Eu fiquei paralisada, com os olhos e o corpo congelados, e vi meu pai assustado e correndo. Não consegui gritar nem chamar por ajuda; pensei que minha intimidade estava se rompendo naquele momento. Esforcei-me para mostrar a mão para uma pessoa sentada, e ele gritou. Desci abraçada de forma forte e quente, com meu pai dolorido por correr e sofrer com os tratamentos, e ele me pegou.
Enfim, o nome dele é Argeu Bezerra Lima, melhor herói.
Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na saúde física e mental sob as pressões das culturas ouvinte e surda. Minha identidade estava em crise, e eu não tinha o poder de fazer escolhas, o que me levou a ser inserido na comunidade ouvinte. Hoje, minhas escolhas e decisões são guiadas pelo conhecimento que minhas mãos animam.
Nunca esqueci de uma doutora em Linguística. Ela é conhecida por ser uma professora exigente e, apesar disso, me apoiou muito. Ela me deixou uma frase cheia de metáforas, pois havia feito graduação em Fisioterapia e vivenciava a inclusão, assim como eu.
A frase era: "Para muitos surdos, como um carro ao longo da estrada, as árvores representam algo vazio e sem significado. No entanto, para mim, cada árvore, com suas folhas, madeira e diversidade, simboliza o meu conhecimento."
Isso me deixa sem reação no cérebro. Minha paixão é o conhecimento, e apesar das adversidades—cada obstáculo, pressão, perda, confusão, reparo, desafio e luta—sinto que o Letras Libras é rápido e proporciona oportunidades e ganhos para outros. A sensação é de que, apesar das dificuldades, meu conhecimento se expande, mesmo que o processo traga novas e inesperadas complexidades.
Enfim, o nome dela é Carolina Ferreira Pego.
Sou reflexiva e sempre agradeço a todos que lutam, geração após geração, pela proteção, incentivo, segurança e valorização da língua Libras. No entanto, é crucial reconhecer que, apesar dos esforços, o cofre que deveria garantir e preservar esses valores como uma proteção duradoura e um museu histórico ainda está vulnerável e muitas vezes negligenciado. Cada construção, esforço, pressão e estratégia são fundamentais, mas precisamos assegurar que o cofre seja realmente sólido e mantenha sua integridade ao longo do tempo.
Minhas lutas diárias causam incômodo a todos, mas não desisto. Não abandono os que estão quebrados; por isso, tento melhorar e ajudar a consertar. Entretanto, as barreiras aumentam, tentando reduzir minhas necessidades de acessibilidade.
Por que escolhi Ciências Sociais? A sociedade frequentemente age como uma porta inacessível para os surdos, oferecendo informações inadequadas. Essa falta de clareza e equidade é inaceitável e precisa ser desafiada. Por isso, busco conhecimento como uma chave para abrir essa porta, com o objetivo de resolver problemas, melhorar a comunicação e entender melhor áreas cruciais como o sistema político e a opinião sociológica. Não é apenas uma questão de interesse pessoal, mas uma necessidade urgente de transformar e desafiar estruturas que falham em incluir todos os cidadãos de forma equitativa.
Conviver com surdos em qualquer lugar é o meu equilíbrio, pois minha identidade e cultura fazem parte da comunidade surda. Sem eles, minha depressão me afetaria.
Correr atrás dos sonhos é como pegar uma moto acelerada enquanto carrego medos e traumas. Sem a palavra 'ir', quero corrigir com ajustes para encontrar equilíbrio, pois isso depende das minhas lutas. Se eu não fizer isso, minhas necessidades ficarão perdidas e quebradas.
Sem voz, você não impacta. Como é o mundo para quem vive com surdez? Eles impactam todos os dias com esforços dolorosos.