Coleção pessoal de levimattos
Faz de conta que ela não estava chorando por dentro – pois agora mansamente, embora de olhos secos, o coração estava molhado; ela saíra agora da voracidade de viver.
Então isso é amor? Lutar contra a afobação e a resistência de alguém até que ele se acalme? Eu devo te decepcionar: Eu não vou me acalmar. Minha afobação é eterna, eu tenho convulsões ininterruptas e meu desequilíbrio se alimenta dele próprio. Você pode dizer que me ama, e talvez nisso eu consiga com algum esforço acreditar, mas não tenha a ilusão utópica de um futuro adestramento.
Se era para se viver, que se vivesse como um carro em alta velocidade e não um pedestre letárgico. Ela já não suportava mais a letargia. Tinha pressa, tinha sede.
Não me ajeito com os padres, os críticos e os canudinhos de refresco: não há nada que substitua o sabor da comunicação direta.
Eu não te culpo, meu bem, eu nunca te culpei. Você sabe que a culpa é algo que escorre da minha boca para a tua em sincronia, em sintonia, é via de mão dupla, eu sei também. E o erro que eu joguei nas tuas costas tem o traço do meu lápis, tem o som da minha voz, tem as minhas digitais. Mas, veja bem, era mais fácil assim, entende? Teu sorriso já é manchado de arrependimento e eu não quis sujar as minhas mãos.
Eu me repito porque não sei ser outra coisa, eu me desgasto porque só sei ser muito. Não sei diversificar e não sei falar de outra forma, só conheço meu próprio modo. E, se me perguntar, não, não estou insatisfeita.
É de se apostar que toda idéia pública, toda convenção aceita seja uma tolice, pois se tornou conveniente à maioria.
A vida real do ser humano consiste em ser feliz, principalmente por estar sempre na esperança de sê-lo muito em breve.
Simplesmente eu sou eu. e você é você. É vasto, vai durar. (...) Olha para mim e me ama. Não: tu olhas para ti e te amas. É o que está certo.