Coleção pessoal de leobosco
Quando os humanos inventaram a desigualdade e o status socioeconômico, eles criaram uma hierarquia de dominância que subordina como nada que o mundo dos primatas já viu antes.
Imagine que Fred olhe pela janela e diga: “O solo lá fora está úmido. Deve ter chovido.” Ele está dando um argumento. O que deveríamos pensar disso? Poderíamos dizer:
Oh, querido, como o pobre Fred é medíocre! Ele obviamente está afirmando o seguinte: se chove, o solo fica úmido; o solo está úmido, portanto choveu. Se ele alguma vez tivesse frequentado um curso de lógica e erística ele saberia que ele acabou de cometer a falácia da afirmação do consequente!
Sim, poderíamos dizer isso, mas (parafraseando Haldeman parafraseando Nixon) isso seria um erro. É simplesmente desarrazoado e, na verdade, injusto, acusar Fred de cometer uma falácia assim tão flagrante quando uma interpretação alternativa deste argumento está prontamente disponível. Pois, embora Fred pudesse estar raciocinando dedutivamente e cometendo a falácia em questão, o mais provável é que ele estivesse raciocinando indutivamente, mais ou menos da seguinte maneira:
Quando o solo descoberto fica úmido, a chuva é a causa usual, conquanto ocasionalmente existam outras razões, como uma inundação. O solo de meu quintal está úmido agora e não há razão para pensar que alguma destas outras causas possíveis estejam operando, e uma boa razão para pensar que elas não estão. De maneira que é bastante provável que tenha chovido.
Obviamente este é um exemplo perfeitamente respeitável de raciocínio probabilístico, e o que os logicistas chamam de “princípio da caridade” exige que presumamos que Fred tinha algo como isso em mente, em vez da interpretação alternativa falaciosa, a menos que estejamos de posse de fortes evidências em contrário. Se falhamos em proceder assim, somos culpados do tipo de irracionalidade de que estaríamos acusando Fred.
No primeiro caso, a «arte pela arte» marca uma discordância com o meio e uma resistência às forças conservadoras. No segundo caso traduz uma cooperação mais ou menos activa com elas. No primeiro caso a negação de uma arte «utilitária» é a recusa a servir as forças do passado; no segundo caso, a recusa a servir as forças do futuro.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Para Marx, a ordem mercantil é aquela que põe, em sua máxima radicalidade, a igualdade formal entre os agentes. E isto porque na troca mercantil os agentes intercambiantes são apagados; eles só valem pelo que eles portam de valor. Nesta troca, o único valor que interessa é o valor (de troca) das coisas; sejam elas mercadoria, seja dinheiro. O que leva à secundarização e, no limite, ao apagamento de qualquer estratificação social não-quantitativa. Se o “cliente” tem dinheiro, o fato dele ser muçulmano, judeu ou cristão; branco, negro ou asiático; homem, mulher, homossexual ou transgênero; adulto, velho ou criança; nobre ou plebeu; analfabeto, doutor ou com curso técnico; é de somenos importância. A tolerância com a diversidade – da qual a sociedade ocidental contemporânea tanto se vangloria como uma conquista ética e moral ímpar – deita suas raízes na universalização da indiferença que caracteriza as frias relações de mercado.
Não existe nada de terrível na vida para quem está perfeitamente convencido de que não há nada de terrível em deixar de viver.
Todo homem é uma criatura da época em que vive e poucos são capazes de se elevar acima das ideias da época.
Para reunir todos os cidadãos de um Estado numa perfeita conformidade de opiniões religiosas, é preciso tiranizar os espíritos e constrangê-los a vergar sob o jugo da força.
Não fazer caso da beleza, olhar fixamente nos olhos até que sejam abaixados, surpreender travando contato subitamente porém como se não se atribuísse muita importância a tal fato, ser sério, falar em tom de voz firme, ser curto e grosso, falar pouco, surpreender com longas falas acertadas, ignorar a presença supreendendo com contato súbito, discordar, contradizer as opiniões, liderar beneficamente, aconselhar severamente, "horrorizar" de forma calculada, "encurralar", "encostar contra a parede" as espertinhas esquivas, criar situações definitivas, ser distante, fechado e misterioso, falar pouco e corretamente, ser protetor, tocar fisicamente de forma rápida e ligeira como se não houvesse intenção, surpreender falando bastante tempo coisas acertadas e logo retornar ao silêncio, não falar besteiras, não ser prolixo e, principalmente, ser justo, sincero e correto.
Não se permita que seu nível de expectativa se eleve. Não se fascine pelas oportunidades maravilhosas que vislumbra. Mantenha-se em nível de expectativa zero. Não espere nada de bom, mas sim tudo o que não presta
Se você beber o veneno da paixão, o feitiço conduzirá o seu pensamento à força, de forma autônoma. Você tentará pensar em outras pessoas mas não conseguirá. Sua amada habitará os seus sonhos, a sua imaginação e a sua mente contra sua vontade
Acostume-a com sua presença e não com sua ausência. Se você se afastar com muita frequência, sua companheira irá se acostumar com a sua falta e seu plano por água abaixo. Por outro lado, se estiver sempre presente, não será valorizado.
Não a trate simplesmente com frieza e indiferença: seja seu espelho na maioria
das vezes. Diga que a ama somente quando ela disser, dê presentes quando recebê-los
mas seja distante quando ela for fria. Retribua aquilo que receber da mesma forma. Se receber carinho, retribua (não muito). Se receber frieza, retribua com frieza. Se ela o evitar, desmascare-a e evite-a. Se ela reclamar de tudo isso, jogue na cara. Isso exige desapaixonamento e descondicionamento comportamental. Devolva na mesma moeda e, algumas vezes, até com mais intensidade do que recebeu.
Muitas mulheres não conseguem sentir atração e piedade por um mesmo homem. Mas, infelizmente, algumas conseguem sentir atração e medo simultaneamente.
Talvez seja desonesto, a um primeiro momento, comparar a feitura de um cartaz antissemita à articulação da indústria nazista da morte. No entanto, como toda doença, também o ódio começa por apresentar seus sintomas sorrateiramente. O que começa como tosse, dor de cabeça ou gripe do dia-a-dia, aos poucos pode reverter-se no diagnóstico irreversível de metástase. E quem negligencia os sinais torna-se cúmplice das consequências.
O latifúndio escravagista exportador faz uma distinção ontológica entre sujeitos, de um lado aqueles reconhecidos como pessoas e que têm direito a um Estado protetor; do outro, sujeitos que caem ao estado de coisas e, para eles, não têm Estado protetor, só predador. Quando essas pessoas morrem, não tem dor, nem luto, nem lágrimas. Não tem história, nem nome, nem nada.
Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; Se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; Se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; Se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; Se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes.
No inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise.
Aqueles que são contra o fascismo sem serem contra o capitalismo, que lamentam a barbárie que sai da barbárie, são como pessoas que desejam comer carne de vitela sem matar o bezerro.