Coleção pessoal de Lenisil
“QUERO QUE CADA SER HUMANO NÃO TEMA A MORTE OU A VIDA, QUERO QUE CADA SER HUMANO CHEGUE À MORTE EM PAZ, RODEADO DO MAIS SÁBIO, CLARO E TERNO CUIDADO, ENCONTRANDO A FELICIDADE SUPREMA QUE SÓ PODE VIR DA COMPREENSÃO DA NATUREZA DA MENTE E DA REALIDADE”
Cada interacção subatómica consiste na aniquilação das partículas originais e na criação de novas partículas subatómicas. O mundo subatómico é uma dança contínua de criação e aniquilação, da transformação da [de] massa em energia e da energia em massa. Formas transitórias lançam-se para dentro e para fora da existência, criando uma realidade infindável sempre criada de novo.
[Gary Zucav, The Dancing Wu Li Masters, Bantam, Nova Iorque, 1980, página 197. Encontrado em "O livro tibetano da vida e da morte", Editorial Presença, tradução de Isabel Andrade. página 56. ]
A realidade é que nós tomamos para ser verdade.
O que assumimos como verdade é o que acreditamos.
O que nós acreditamos é baseado em nossas percepções.
O que percebemos depende do que buscamos.
O que procuramos depende do que pensamos.
O que pensamos depende do que percebemos.
O que percebemos determina o que nós acreditamos.
O que nós acreditamos determina o que fazer para ser verdade.
O que fazer para ser verdade é a nossa realidade.
De todas as pegadas,
A do elefante é suprema,
De todas as meditações focalizadas,
A da morte é suprema.
[O livro tibetano da vida e da morte, Editorial Presença, direitos de autor de 2016, 2ª ediçção, tradução de isabel Andrade. página 56. Citação do Sutra Mahaparinirvana.]
O que nasceu há de morrer,
O que foi reunido será disperso,
O que foi acumulado esgotar-se-á,
O que foi construido há de ruir,
E o que esteve no topo será derrubado.
[O livro tibetano da vida e da morte, Editorial Presença, tradução de isabel Andrade, página 57.]
A flor e a náusea
Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
É feia. Mas é flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.
Saiba que todas as coisas são assim:
Uma miragem, um castelo de núvens,
Um sonho, uma aparição,
Sem essência, mas com qualidades que podem ser vistas.
Saiba que todas as coisas são assim:
Como a Lua num céu brilhante,
Em algum lago límpido reflectida,
Ainda que para esse lago a Lua jamais se tenha movido.
Saiba que todas as coisas são assim:
Como um eco proveniente
Da música, sons e pranto.
Embora nesse eco não haja nenhuma melodia.
Saiba que todas as coisas são assim:
Tal como um mágico cria ilusões
De cavalos, bois, carroças e outras coisas,
Nada é o que parece.
[ Encontrado em "O livro tibetano da vida e da morte," Editorial Presença, direitos de autor de 2016, 2ª ediçção, tradução de isabel Andrade. página 57. Título original "The Tibetan Book of Living and Dying" copyright 2022 by Rigpa Fellowship. No Samadhirajasutra citado em Ancient Futures: Learning from Ladakh, Helena Norbert-Hodge, Rider, Londres, 1991, p.72.]
Todas as Cartas de Amor são Ridículas
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
Quando um homem quer matar um tigre, chama a isso desporto; quando é o tigre que quer matá-lo, chama a isso ferocidade. A distinção entre crime e justiça não é muito grande.
Não entendo como é que alguns escolhem o crime, quando há tantas maneiras legais de se ser desonesto.
Há livros de que apenas é preciso provar, outros que têm de se devorar, outros, enfim, mas são poucos, que se tornam indispensáveis, por assim dizer, mastigar e digerir.
Um pouco de filosofia leva a mente humana ao ateísmo, mas a profundidade da filosofia leva-a para a religião.