Coleção pessoal de leager
DESABAFO DO LEO:
Das histórias de santos, a que mais gosto é de São Lourenço. Ele era diácono e morreu queimado vivo em uma grelha de ferro, quando o imperador da época o ordenou que entregasse todos os tesouros da igreja. No dia marcado São Lourenço levou todos os órfãos, doentes e pobres para o imperador e disse: “Eis aqui os nossos tesouros”. Baseado nisso fico observando algumas casas religiosas que demonstram ter mais preocupação com a sua autoimagem do que com as pessoas que ali frequentam. Eles querem fiéis que não têm problemas, para não terem trabalho.
Lembrei agora de quando uma mãe me disse que não queria que seu filho fizesse curso porque segundo ela, ele era “problemático”, e tinha dificuldade em aprender. Lembro de responder: “Ótimo, esses alunos são os que mais gosto! Pois são esses que precisam mais de mim.”
Tenho perguntado aos alunos o que fizeram de "BOM" nessas férias e tenho obtido vários tipos de respostas. A grande maioria começa dizendo: "Não fiz nada de bom..." e depois dizem o que realmente fizeram: "SÓ fui pra roça uns dias", ou "SÓ fui pra casa do meu tio uns dias", ou "SÓ fui em Divinópolis uns dias". Esse advérbio SÓ está em todas as respostas.
Hoje cedo perguntei a um aluno de 8 anos o que fez de bom, ele abriu um sorriso banguelo tão bonito, colocando à mostra seus dois dentões centrais com os laterais caídos, que logo pensei: "Ele foi pra DISNEY!".
Então o menino revela a razão de tanta alegria: "Eu fui andar de bicicleta com meu pai até na lagoa!".
Uma resposta simples do menino, uma atitude simples do pai e um aprendizado grande para nós, fazer uma criança feliz é simples. Essas férias o menino não vai esquecer tão cedo.
SILÊNCIO
Há pessoas que expressam seus sentimentos de várias maneiras. Quando estamos diante de alguém e precisamos dizer algo importante, têm pessoas que irão falar baixo e rápido, outras vão tremer, algumas desviarão o olhar e já outras irão preferir o silêncio. Esse tal “silêncio” pode ser a melhor resposta, mas nem sempre é o melhor aconchego para quem espera de você um acolhimento. Às vezes a pessoa quer que você fale algo, e mesmo sabendo disso você prefere silenciar-se, por timidez, falta de coragem ou simplesmente, como no meu caso, por ser cabeça dura. O silêncio pode ser barulhento, achamos que aquele momento irá causar uma bagunça dentro do outro, e causa. Então arrependemos, pois o silêncio não era necessário, mas sim as verdadeiras palavras que estavam pipocando para sair... gosto muito de você; estou preocupado com sua saúde; quero que fique perto de mim; ou você tem me decepcionado muito.
Mas agora o que resta, é se arrepender em silêncio e esperar outra oportunidade.
HISTÓRIAS DO LEO:
Teve uma época que eu dava aula a noite, íamos até 22hs. Numa dessas aulas noturnas, dois alunos de uns 15 anos não paravam de conversar. Incomodavam todos os colegas, estavam insuportáveis. Eu chamei a atenção deles o tempo todo. Assim que a aula terminou, a escola fechou e todos partiram, vi que um dos "bagunceiros" estava parado ali próximo esperando seu pai para buscá-lo. O menino estava inquieto, seu pai parecia estar demorando a chegar. Fui ao encontro do aluno e parei ao seu lado sem dizer nada, o clima não estava bom. Ele estranhando aquilo perguntou:
-Por que está parado aqui?
Respondi:
-Vou lhe fazer companhia, esse horário é muito perigoso para você ficar sozinho na rua.
O menino ficou surpreso, mas não disse nada. Passados uns 10 minutos sem conversamos, ele fez outra pergunta:
-Leo, atrapalhei sua aula toda hoje, você ficou bravo comigo e mesmo assim você veio aqui me fazer companhia. Por quê?
Naquele silêncio da rua sem movimento, respondi:
-Filho, meus alunos são meus amigos. E eu sempre fico ao lado dos amigos, até nos dias que vocês menos merecem.
NUNCA MAIS ESSE ALUNO ATRAPALHOU MINHAS AULAS.
HISTÓRIAS DO LEO:
Teve uma época que eu dava aula a noite, íamos até 22hs. Numa dessas aulas noturnas, dois alunos de uns 15 anos não paravam de conversar. Incomodavam todos os colegas, estavam insuportáveis. Eu chamei a atenção deles o tempo todo. Assim que a aula terminou, a escola fechou e todos partiram, vi que um dos "bagunceiros" estava parado ali próximo esperando seu pai para buscá-lo. O menino estava inquieto, seu pai parecia estar demorando a chegar. Fui ao encontro do aluno e parei ao seu lado sem dizer nada, o clima não estava bom. Ele estranhando aquilo perguntou:
-Por que está parado aqui?
Respondi:
-Vou lhe fazer companhia, esse horário é muito perigoso para você ficar sozinho na rua.
O menino ficou surpreso, mas não disse nada. Passados uns 10 minutos sem conversamos, ele fez outra pergunta:
-Leo, atrapalhei sua aula toda hoje, você ficou bravo comigo e mesmo assim você veio aqui me fazer companhia. Por quê?
Naquele silêncio da rua sem movimento, respondi:
-Filho, meus alunos são meus amigos. E eu sempre fico ao lado dos amigos, até nos dias que vocês menos merecem.
NUNCA MAIS ESSE ALUNO ATRAPALHOU MINHAS AULAS.
Numa manhã um homem de meia idade, sujo e aparentemente bêbado entrou na loja em que minha tia trabalhava. Conversou assuntos sem sentido e ao sair esticou a mão para nos cumprimentar. Quando se aproximou de mim, eu recusei a apertar-lhe a mão, deixando-o no vácuo. Eu tinha uns 16 anos na época e não sabia nada da vida. Quando o homem saiu, minha tia sempre muito dura, me deu um puxão de orelha. “Nunca deixe de estender a mão para alguém que lhe cumprimenta. O pior sentimento para alguém é sentir-se ignorado.”
Hoje fico extremamente entristecido com certas mães que perdem seu tempo em gritar e descontar seus problemas nos filhos, repreendendo-lhes por coisas tão fúteis que se esquecem de corrigi-los no que realmente importa. Queria muito que algumas mães tivessem a sabedoria que minha tia teve aquela manhã e se sentasse com o filho e dissesse: “Presta atenção! A gente nunca ignora alguém que um dia nos estendeu a mão. Principalmente nos momentos que a gente precisou!”
Da mesma maneira que existem pais que fazem tudo para os filhos, existem pessoas que fazem de tudo para os outros, mesmo sem nenhuma conexão genética. Essas pessoas têm uma característica muito forte, elas gostam de se sentir úteis. A dependência do outro para com elas alimenta o seu ego e minimiza sua carência de atenção. Porém o que muitas dessas pessoas não conseguem lidar, é com o fato posterior a ajuda dada, a solução do problema. Quando o problema é solucionado, o ajudado desaparece. E assim como os pais criam os filhos para o mundo e os médicos curam os pacientes e esses não voltam mais ao doutor. Temos que aceitar que a fila anda, que passado é passado e que as crianças crescem. Não deixar esse ressentimento se aflorar é o melhor a fazer. Nosso propósito de vida não é ajudar o próximo, mas ajudar os próximos. O próximo vai embora, mas sempre terá outros próximos.
Quando você tem alguém que te ajuda nos momentos difíceis de sua vida. Procure-o também nos momentos felizes, diga um "oi", "como vai?". Pois quando a felicidade acabar e a dificuldade voltar, é com ele que você pode contar.
A ordem é essa: primeiro amar, depois educar. Pois o aluno/filho aprende melhor quando percebe que é amado.
Quando comecei a trabalhar em Formiga lembro que toda manhã em Divinópolis eu entrava no carro às 7hs e vinha dirigindo para a Pet Cursos. E todos os dias eu reparava que minha mãe sempre saia até a porta comigo e ficava olhando eu indo embora. Como nossa rua é muito longa e tem algumas árvores, ela dava uns passos até o meio da rua para me ver melhor e ficava observando a traseira do carro indo e diminuindo, até eu virar lá na frente. Eu via aquela cena no retrovisor e não entendia o motivo, na realidade achava até engraçado. Hoje, quando meu afilhado passa o final de semana comigo, assim que ele despede de mim e desce do apartamento, eu vou até a janela e fico observando ele saindo do prédio e indo embora, até virar a esquina. Agora eu entendo o que minha mãe sentia.
365 dias é o suficiente para concluir muito sobre a vida. Reposicionar pessoas na sua lista de “pessoas que quero perto”, incluir algum nome aqui, apagar outro ali... Em 365 dias tive um aprendizado imensurável, conheci pessoas maravilhosas, sorri, chorei, ensinei, aprendi, evolui, compartilhei... E encerro 2015 compartilhando aprendizados que esses longos dias me proporcionaram:
Aprendi que crianças curam dores no coração.
Aprendi que temos amigos que não são nossos amigos;
Aprendi que tem gente que diz eu te amo e nas atitudes demonstra o contrário;
Aprendi que no jogo da vida as pessoas jogam com a gente;
Aprendi que realmente todo mundo mente;
Aprendi que as pessoas não ligam se você diz “não estou bem”;
Aprendi que há pessoas que nos admiram mesmo sem nos conhecer pessoalmente;
Aprendi que tem famílias mais loucas que a minha;
Aprendi que orações, meditações, mantras, ir à igreja são importantes APENAS se você estiver em conexão com o cerne da sua alma e continuar assim durante o dia todo.
Aprendi que dinheiro é útil, mas não é necessário perder a saúde por ele.
Enfim aprendi que vivemos correndo atrás de algum sucesso, sendo que sucesso é simplesmente VIVER.
Um dia percebemos que atrás daquele “vem aqui pra casa”, “quer que vou aí ajudar”, “vamos almoçar hoje”, “estou só passando pra te ver” era um pedido desesperado de uma pessoa que estava precisando de sua companhia. Se tiver um amigo assim aceite o convite ou a ajuda, pois às vezes ele está precisando. E será você que estará ajudando alguém.
Pai? Mãe? O que é isso?
Pai no site dicionário informal significa “Aquele que se sacrifica para dar o melhor”. E mãe é “Mulher muito dedicada”. Diante disso resolvi escrever várias definições do que para mim são Pai e Mãe, baseado... na minha vida, sei lá... só sentei à mesa, pensei e escrevi.
Pai é... mãe é...
Aquele que adivinha o pensamento do filho, até antes do próprio filho pensar;
Sentir o que o filho sente, dor... alegria;
É encontrar o filho numa foto com centenas de pessoas em 1 segundo;
É adorar a presença do filho, mesmo sem demonstrar. E sentir falta quando ele não está em casa;
É sentir de longe quando seu filho está em apuros;
É preocupar com os estudos;
É reconhecer o filho numa fotografia que aparece somente uma mão, ou pé, ou qualquer outra parte do corpo;
É conhecer cada marca no corpo do filho, cicatrizes na perna, pintas no braço, atrás do pescoço, tudo;
É sempre dizer... “Quando eu era da sua idade...”;
É reclamar da cabeça dura do filho e ouvir dele que você é mais cabeça dura ainda;
É sentir o coração apertado quando o filho está na rua a noite;
É dizer “Pode comer o último pedaço”, mesmo estando com fome;
É achar que o filho foi assaltado, sequestrado, morto, sendo que ele está apenas tomando sorvete com os amigos;
É ter um pé atrás com a nora ou com o genro;
É ficar olhando para o filho atoa;
É estar no trabalho e ficar pensando nos filhos em casa;
É ter ciúmes de qualquer um que o filho aparenta se dar bem;
É tentar fazer do filho uma pessoa melhor do que seus antepassados foram;
Ser pai ou mãe é amar... mesmo sendo desrespeitado, xingado e às vezes agredido;
Enfim, ser pai não é GERAR um filho. Ser pai é SER!
Ser, tudo isso acima e muito mais.
Todo pai espera que o filho vá bem na escola, tenha um bom emprego e seja uma pessoa boa e honesta. Deseja que o filho seja igual ou melhor que eles. Mas lá no fundo, mesmo que nada se realize, o maior desejo de um pai é que seu filho esteja sempre por perto. E que ele volte, quando partir da porta de casa.
O bonsai e as crianças"
Muitos sabem o quanto aprecio Bonsais. Seu significado é “árvore no vaso”. Mas poucos sabem que antes de se tornar aquela pequena árvore linda e vistosa, o bonsai necessita de cuidados especiais, como uma terra apropriada, um vaso de cimento ou cerâmica, poda e aramação. O vaso correto serve para não deixar as raízes esquentarem, a poda mantém a árvore saudável e aramação vai definir a forma da árvore no futuro. Hoje percebi que a criação de nós humanos é bem parecida. Se a terra da árvore é ruim, isso refletirá na cor e brilho das folhas. Já nas crianças é igual, elas são esponjas, elas absorvem e reproduzem o que veem ao seu redor. Assim como o vaso a criança necessita de um lugar adequado para seu crescimento. A poda se mal feita, causa a morte do bonsai. Nos jovens, se “podados” erroneamente por seus pais causam sua morte interior. Já a aramação tem melhor efeito quando os galhos estão novos, é quase impossível aramar um galho já velho e duro, pois ele pode quebrar. A aramação das crianças é a mesma coisa. Se os direcionarmos para os lados errados da vida, quando estiverem mais velhos será muito mais difícil redirecioná-los, pois estarão velhos e duros. Enfim, tenho lutado a vida toda para criar bons “bonsais” para o mundo, mas tem sido tão difícil, pois não depende só de mim. Há pais que são como galhos velhos, mas não os culpo, pois eles também foram aramados errados. A vida é assim! Fazer o quê?
O pior julgamento é aquele do qual somos julgados, por termos atitudes corretas em não fazer algo. A nossa ausência às vezes é importante para dar espaço à outras pessoas que precisam ocupar aquele espaço.