Coleção pessoal de larissapin

Encontrados 9 pensamentos na coleção de larissapin

Antitérmico, analgésico,
Anfetamina, antidepressivo,
Tudo que é corrosivo
Para aliviar nevralgias,
Dores de viver...
Sedativo paliativo reativo
Placebos para matar o tempo,
Para curar da vida.





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antes chorar

definhar-me em rosários
e hóstias bestiais
de meus pensamentos impuros
em ti

mas não há lágrima
há fúria e desencanto
rasgo-me em devassidão torpe
e condeno-me à loucura inerte
aqui

sorrio como Salomé
debochada e despudorada
enquanto o largo das apnéias
teimam em tirar-me
o ar

respiro-te
inspira-me
tão distantes
tão entregues
sós.





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anônimo


André, Antônio, José
sou sua
tenha o nome que tiver

Fernando, Henrique, João
assim que gosto
tendo nome ou não

Joaquim, Pedro, Flaviano
é meu homem
e sigo amando





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Anjo, que destoa da podridão da batida
da toada lasciva dessa vida
que me olha por baixo
desses longos cabelos
que me encara de frente
para esconder suas asas
toma-me em devoção
colorido e fastio
que se despe de tudo
que te obriga
que é livre...
não me olhe assim
sou descrente
duvido de sua existência
e se te vejo pode ser alucinação
efeito das drogas e dos calmantes
seu coração puro, imaculado
toca minha essência
mas não converte-me
apenas rende-me
não há diferenças entre nós
aqui
não me dê suas mãos
pois terão o molde perfeito
da imperfeição impregnado
em cada dedo atrevido
tenha-me em prantos
por entender
que já sei das verdades.





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angústia

sem acolhida
viagem longa
solitária
a herança sinuosa
impedia-lhe a nitidez da vista
era o abandono em carne
meia-noite
meio-dia
um silêncio em melodia
sem cantorias de chegada
ou flores de partida.





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Ampulheta cega

Grãos na cintura passam cálidos
Ah, hora, é fissura no furo da proa
Idolatra Argos e hinos vãos, entoa
Crê, mesmo tendo olhos inválidos

Nunca lambeste o tempo em estado,
Ah, areia, é volátil, pelo centro escoa
Impunemente, a pária lasciva ecoa,
Como milhões de pingos sem reinado,

À primeira vista se apresenta formosa,
Naquela luta do não esvair-se pela greta,
Ao fazer-se livre, alforriada, jaz saudosa

Cada minuto manco traz uma muleta,
A jura presa em promessa duvidosa
Que fere, mata nessa imutável roleta.




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amor

sim
palavra que dói
utopia das utopias
quando me lê
deveria gravar
te ouço Melamed falando
poesia

"amor"
palavra gasta
sem vincos
sem orelhas
traspassada
quase uma piada
truncada
que poucos riem

é a pedra-mor
esmaga
espatifa o grão
mas faz trigo
ser farinha
pro pão



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amado meu

se as noites frias
apagarem nosso passado
saiba que ainda
há o que queimar

o fogo arde ainda
em meus olhos tardios
que anseiam os seus
tão vencidos

não desisto da falta de lirismo
na verdade a ausência
por vezes me inspira
aqui não perduram
declarações de amor

a insistência vive
apenas para buscar
o que encontramos
quando nos vestimos
de nós mesmos.





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álbum de fotografias

quanta sorte sonhar quando se é verde
não gosto de falar de minha infância
não há atos nobres nessa época
o que tenho certeza é que queria
crescer logo e me livrar da caolhice
do manco de pés tortos
da aparência desengonçada
e da opressão dos adultos

mal sabia eu que a miopia aumentaria
que os pés continuariam tortos
que a aparência piora com a idade

mal sabia que a opressão maior
é a da realidade e não dos velhos
mal sabia que ser cuidada e oprimida
é mais acolhedor que ser ignorada
ou ser preterida

não me recordo de tempos para sonhar
havia um medo velado em meus olhos miúdos
e um silêncio imposto
naquela casa sempre cheia de visitas importantes
era proibido correr
dizer palavrões ou se manifestar

ali criança não tinha vez
pular o muro e viver uma alegria clandestina
rendeu-me ora a cinta ora a palmatória
quem dera ter tido a glória
de saborear da liberdade

luxo seria ser uma criança
numa casa de velhos burgueses
não me recordo de um momento
de êxtase livre de culpa
ou de uma satisfação
não fadada à mentira

sou fruto do que fui
no fundo ainda sou
aquela criança.






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