Coleção pessoal de laran
Todas as mulheres são princesas, só esqueceram de contar a algumas delas. Todos os homens são sapos e cônscios disso. Alguns sapos beijados por princesas viram príncipes, outros viram para o lado e dormem. Da mesma forma, alguns príncipes beijados por princesas viram reis, outros, sapos. Mas, no fundo (da lagoa) todo sapo sonha receber um beijo de princesa.
Aquele que tem por vício a leitura, droga alucinógena das mais leves, acabará cada vez mais dependente dela. E o pior, passará para drogas mais pesadas, como a escrita. Nesta fase crítica, o leitor, agora escritor, tende a fugir regularmente da realidade e ter devaneios de que, assim como Deus, é criador de universos inteiros.
Tu e Eu
Somos diferentes, tu e eu.
Tens forma e graça
e a sabedoria de só saber crescer
até dar pé.
En não sei onde quero chegar
e só sirvo para uma coisa
- que não sei qual é!
És de outra pipa
e eu de um cripto.
Tu, lipa
Eu, calipto.
Gostas de um som tempestade
roque lenha
muito heavy
Prefiro o barroco italiano
e dos alemães
o mais leve.
És vidrada no Lobão
eu sou mais albônico.
Tu,fão.
Eu,fônico.
És suculenta
e selvagem
como uma fruta do trópico
Eu já sequei
e me resignei
como um socialista utópico.
Tu não tens nada de mim
eu não tenho nada teu.
Tu,piniquim.
Eu,ropeu.
Gostas daquelas festas
que começam mal e terminam pior.
Gosto de graves rituais
em que sou pertinente
e, ao mesmo tempo, o prior.
Tu és um corpo e eu um vulto,
és uma miss, eu um místico.
Tu,multo.
Eu,carístico.
És colorida,
um pouco aérea,
e só pensas em ti.
Sou meio cinzento,
algo rasteiro,
e só penso em Pi.
Somos cada um de um pano
uma sã e o outro insano.
Tu,cano.
Eu,clidiano.
Dizes na cara
o que te vem a cabeça
com coragem e ânimo.
Hesito entre duas palavras,
escolho uma terceira
e no fim digo o sinônimo.
Tu não temes o engano
enquanto eu cismo.
Tu,tano.
Eu,femismo.
O jornalismo moderno tem uma coisa a seu favor. Ao nos oferecer a opinião dos deseducados, ele mantém-nos em dia com a ignorância da comunidade.
Se soubéssemos quantas e quantas vezes as nossas palavras são mal interpretadas, haveria muito mais silêncio neste mundo.
A diferença entre a literatura e o jornalismo é que o jornalismo é ilegível e a literatura não é lida.
MENINOS
Espécie inconstante.
Máquina ambulante.
Age por instinto.
Pena, eu não sinto.
Meninos sensíveis.
São aqueles incríveis.
Fazem de tudo pra agradar
e não têm medo de chorar.
Meninos cruéis.
São aqueles infiéis.
Fazem de tudo pra te ter
e depois pra te esquecer.
Meninos carentes.
São aqueles freqüentes.
Pois precisam de carinho
nem que seja um pouquinho.
Meninos espertos.
São aqueles incertos.
Despertam amor numa mulher
sem saber ao certo se quer.
Meninos tolinhos.
São aqueles novinhos.
Que ficam apaixonados
no primeiro beijinho.
Amor é síntese
Por favor, não me analise
Não fique procurando
cada ponto fraco meu
Se ninguém resiste a uma análise
profunda, quanto mais eu!
Ciumenta, exigente, insegura, carente
toda cheia de marcas que a vida deixou:
Veja em cada exigência
um grito de carência,
um pedido de amor!
Amor, amor é síntese,
uma integração de dados:
não há que tirar nem pôr.
Não me corte em fatias,
(ninguém abraça um pedaço),
me envolva todo em seus braços
E eu serei perfeita, amor!