Coleção pessoal de LaraFlores
NÃO ENTENDO. NÃO DÁ (LARA FLORES)
Seu silêncio me enlouquece,
Me entristece, me aborrece.
E me irritar é algo que você nem gosta, não é?
Só pra constar.
Por que você não fala o que tem que falar?
Por que não esclarece sem que eu tenha que perguntar?
Para que me deixar tão aflita?
Não entendo. Não dá.
Ora, por que será que alguém se aproxima, te cativa, expressa estima,
Para depois se afastar?
Não é maldade fazer alguém pensar tanto em você, te querer, te desejar,
Só por fazer? Só pelo conquistar?
Juro que não entendo. Não dá.
Não sei o que pensar.
Medos adolescentes novamente a me apavorar.
E não devo interpretar?
Não tenho palavras que me esclareçam.
E em compensação, as minhas palavras não param de me incomodar.
Não. Não entendo. Não dá.
Também não sei como me portar.
Te procuro? Deixo estar?
Puxo assunto, mesmo sabendo que você vai visualizar e nada responderá?
Não. Não consigo entender. Não está dando. Não está.
Brincadeira perigosa, que eu não quis começar.
Mas você insistiu, espaço alcançou, meu carinho conquistou...
E agora simplesmente desinteressou?
Não entendo. Nem sei se algum dia conseguirei.
PORTA (LARA FLORES)
Se não era amor, por que tanto se aproximou?
Se nunca de uma brincadeira passou, ganhou o quê causando-me tanta dor?
Perguntas sem respostas,
Vazio, silêncio, angústias sobrepostas.
Meu mundo é confuso, constante em indagação e agora demasiadamente obscuro.
Como pôde ser fazer de amigo
E me deixar em tantos apuros?
Chegou persistente, de mansinho,
Decidido o suficiente a envolver-me em seu joguinho.
E quando conseguiu minha atenção,
Carinho, afeto, completa paixão,
Simplesmente desinteressou,
De frieza se cobriu e de mim se afastou?
Ora, ora, ora... Sabes por acaso o quanto o fracasso desta história fez nublar meu coração?
Não. É possível que não.
E provavelmente nem se importa,
Pois teimoso feito porta,
Buscava apenas aventura
E pra trás deixou só lágrimas,
Muitas amarguras e grande desilusão.
CONSTATAÇÕES (LARA FLORES)
Quem poderá me condenar porque cansei de esperar pelo momento certo,
Pela hora exata, pelo seu desejo de conversar?
Não vai chegar...
Eu sei: Não vai chegar.
E a quem eu quero enganar?!
Pessoalmente? Oportunidade ideal?
As palavras ressoam e é claro que me pergunto:
É mesmo preciso um tempo favorável?
O que tem mais importância:
o modo como é feito ou o assunto?
Não. É necessário predisposição, interesse, empolgação,
Aquele brilho no olhar que vem acompanhado de uma vontade incontrolável.
Porque quem quer mesmo conversar, dialoga até sobre feijão.
Todo o restante é contornável.
Não. Não necessito mais de justificativas.
Sentimento quando é bom, dura.
Amizade verdadeira, fica.
Se o contrário ocorre, então, só deve significar que não existem raízes.
Erro sobre erro. Vazio. Decepção.
Eis que passa da hora da inadiável constatação:
Se é que algum dia tive espaço,
não pertenço mais ao seu coração.
Porque se ainda o fizesse,
O desejo do contato não estaria só em mim.
As palavras também te saltariam à boca e me buscariam,
Insistentes e sem fim.
E se sofrer a ausência calada é o maior desafio,
Quero prometer, aos menos a mim mesma,
Que estas são as últimas lágrimas que correrão.
Não. Você errou: eu não sou para aventuras.
Nem pra ser usada, esquecida e abandonada, quando não representar mais diversão.
Eu amo, penso, sinto, espero, me preocupo, sou humana.
Mulher por inteiro, de carne e osso, não de papelão.
Não sou perfeita, sei que não.
Mas reconheço que mereço mais:
Mais carinho, amizade e atenção.
Mas desisti desta busca,
porque entendo também que não vou ter.
Pelo menos de você não.
Vá, voe, siga, divirta-se com seu valioso "boralá",
Com quem ou quantos "quens" desejar.
Se os beijos sempre serão tão apaixonados como os meus, não posso mesmo te precisar.
Mas lembre-se apenas disto:
Melhor do que estou hoje, garanto que me verá.
ÚLTIMA PARADA (LARA FLORES)
Sentir ou não sentir a onda que passou: eis a questão?
Não. Dizer que entendo é mentira.
Não posso fazê-lo.
É muito simplório. Reles opinião.
Não há nada que me faça compreender.
Se foi um furacão que te trouxe,
Um caminhão me atropelou para me separar de você.
Ou, talvez, seja só a inevitável verdade que tantas vezes quis esquecer:
Não tinha por que terminar?
Nem começar, nem acontecer.
Hoje, ficaram sim algumas dúvidas, páginas amassadas e muitos apertos no lugar daquele coração que disparava ao ouvir o som da voz, da risada, do andar.
Ah! O bolo caçarola!
O perfume gostoso!
A vontade de deixar rolar...
Mas hoje as janelas estão fechadas e as palavras não ditas.
Não há mais visto por último.
Quantas vezes me perguntei se alegria daquelas conversas foi mesmo esquecida...
E as respostas?
Bem, não importam
Não as quero mais.
Se antes não sabia se era pra esquecer ou lembrar,
Atual e certo é que fui boba sim, me envolvi, me apaixonei, muito sofri sozinha
E hoje quero só apagar.
Não. Não era só o certo pelo duvidoso.
Era imaginário. É silencioso.
E o silêncio é também cortante,
Congelante e sempre a me ignorar.
Não. Não posso mais ocupar meus pensamentos com tudo isto.
Nem mais me perguntar como ou onde irá parar.
Se dependia de mim, eis então o ponto final:
A última e feliz parada deste ônibus desgovernado.
Entenda apenas que não me amar não é desfeita.
Não me querer, não me desejar, é antes me poupar de problemas presentes
E sobretudo futuros.
Não sei brincar disto e talvez nunca vá aprender,
O que sempre será ótimo para mim:
Preservo o que conquistei a duras penas
E que fiz valer a pena viver.
E assim, sigamos então os nossos caminhos independentes por ai.
Sim, sim, sim!
Decidida e oficial despedida, enfim...