Coleção pessoal de laisheidemann

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Não dá. Posso começar falando isso? Foi como ela veio falar comigo no domingo a noite. Fiquei meio perdido. Pedi uma frase com mais sentido, ou com um “oi” antes, no mínimo. E ela “Oi.. Olha só, não dá”. Pensei que fosse ironia, implicância. Mas acho que ela só estava tentando ser objetiva. Embora tenha sido tão fria quanto as cervejas que eu tinha bebido um dia antes, juro que a imaginei com olhos lacrimejando e um semblante de quem quer acreditar que seja o melhor. Ela veio dando “oi” no maior clima de “adeus”. Controvérsias de só quem presencia o término de relacionamento sabe. Foi estranho. Eu não sei explicar sobre isso. Até porque relembrar é auto-tortura. Mas posso dizer que foi uma droga ir pro bar e saber que ela não reclamaria de eu ter ido de novo no meio de semana por não conseguir sossegar em casa. Ela entendia que era meu jeito, mas gostava de implicar com essas coisas só pra demonstrar que se importava, e eu gostava do modo como ela fazia isso. Não sei mais se gosto, se sei gostar. Não sei se eu ainda gostaria de ler em seus lábios a pronúncia do “eu te adoro” dito pra mim em bom tom. Mas eu sei que ela se arrepende. Me avisando que sentia falta e eu apenas dizendo que não esperava isso dela. Óbvio que não esperava. Acha que dá pra terminar e depois voltar dizendo que a saudade apertou e vai tudo regredir? Eu sinto muito mesmo. Falei que poderia vir conversar comigo quando precisasse da minha amizade, mas “melhor não” disse ela. Fui simpático, já que ela se encontra em uma parte da minha vida. Só que como antes não tem como voltar a ser. Desculpa, mas não dá.

Preciso falar que foi um equívoco. Jamais terá uma explicação plausível para esse "acaso" que você diz existir. Percebeu? Voltei a não acreditar em acaso. Logo eu que tinha dito que acreditava porque você também acreditava. Voltei a não imaginar nosso encontro, a não pensar em como deve ser tua voz, teu hálito, teu beijo.
Eu já nem te vejo mais em meus sonhos. Porém ainda te escuto sussurrando em meu ouvido com John Mayer tocando ao fundo. Ainda procuro nas costas de rapazes sinais que pareçam a galáxia que eu enxergava toda vez que tiravas a blusa. E ainda penso de que forma tragas teu cigarro, e como o segura entre os dedos como se fossem o pedaço de alguém que nunca sairá de dentro de ti. Quisera ser eu. Quisera eu estar entre teus dedos, percorrer teu pulmão, te fazer viciar em mim, e te matar aos poucos, consequentemente. Mas nem assim você correria para uma loja e me compraria. Você não me inalaria. Seria saudável. Usaria um adesivo daqueles de quem deseja parar de fumar. Fugiria e nunca mais voltaria. Se afastaria de qualquer um que tivesse meu cheiro. Talvez me trocaria por algo mais forte, se perderia no tal. E eu seria apenas algo na tua vida, entre tantos.
"Seria". Palavra um tanto irônica, observando nossa história toda contada no passado como se nunca tivéssemos um presente. Talvez porque nunca tivemos. Provável porque nunca teremos. Você deixou claro no momento em que me escreveu coisas falando sobre o que tínhamos. Assim, no passado mesmo. Não dando chance ao futuro, e nem oportunidade ao presente. E não refresque minha memória contando as vezes em que eu tentei te deixar. Não pense que eu fui por não te amar. Adorar. Amodorar. Eu fui por saber que nem presente fomos. Que dirá futuro. Mas é. Fomos passado até agora. E mesmo estando nesse exato momento, eu não sei falar "somos".
Acabou desde o início.

Me beije agora antes que eu lembre do motivo que eu quis estar agora na sua frente. Estou fitando a sua boca faz dois minutos e acho que você não percebeu minha inquietação por medo de soltar algo constrangedor, quem sabe porque acha engraçado essa minha agonia, ou porque adora saber que é esse o tipo de reação que você me causa. Mas desde o início houve essa inquietação, um embrulho no estômago pensando cautelosamente em cada palavra a ser dita, em prol de não passar mais vergonha do que já passo. Não me pergunte por quê, não há resposta, mas eu penso mil coisas e não te conto nenhuma. Como aquela noite que você fumava seu cigarro como se fosse o último, eu pensei em jogá-lo no chão e tragar tua alma como você traga o seu cigarro. E quando enxergo a imensidão dos teus olhos e penso que não preciso mais ver a luz do dia, porque a tua escuridão me protege. Eu quis te dizer que te precisava por perto mais do que uma carga positiva deseja uma negativa e vice-versa. É estranho, eu sei, porque você me escutou várias vezes dizendo que física não é desse mundo, e agora eu faço uma comparação desse tipo. Mas é isso que você faz comigo. Me tira o sentido, me tira do eixo, me tira do rumo. Eu estava bem indo na direção sul de sei lá onde, e de repente os ventos sopram você. E aí eu quis seguir o rastro do teu perfume e chegar beijando o seu pescoço. No entanto, não havia um rastro a ser seguido. Você estava em todo lugar. Sempre esteve, e ao mesmo tempo, nunca esteve. Contradição.
Eu procurei maneiras de te idealizar, e percebi que te quero a tal ponto, que eu pularia de um penhasco se fosses o perigo, e então eu te teria comigo por alguns segundos. Eu queimaria minhas retinas para te olhar se fosses o sol. Entende o que é isso? Eu ficaria cega se soubesse que você guiaria meus passos, J. Te deixaria drenar todo o meu sangue se você apenas bebesse isso, porque só há uma maneira que desejo te ver sedento, e sabes qual é. Eu beberia todas as tuas lágrimas se isso fizesse não haver mais motivos pra chorares. Esse é o meu caos. Porque ninguém bebe minhas dores. Você ficaria aí vazio, enquanto eu me afogaria bebendo as tuas lágrimas. E mesmo sabendo disso, ainda faria. Eu viraria esquizofrênica para te fazer parte do meu mundo se você fosse irreal. E talvez seja. Talvez toda a tua perfeição seja um semblante de alguém perturbado e eu não veja isso. Você pode existir ou não existir, e mesmo assim, eu seria tua. Seria de ninguém.
Eu me arrependeria de todos os meus pecados se você não fosse um deles.
Uma prova de amor.
Ou de insanidade.

Eu digo que você é a personificação da morte, porque desejo estranhamente tuas mãos em volta do meu pescoço. E que teus olhos persuadem, porque a partir do momento em que os olho, viro tua submissa, sem nem pensar nas consequências que teus pedidos podem me levar. Mas não há importância. Eu te devoraria metaforicamente pro resto do pequeno infinito que teríamos, de qualquer forma. Eu inventaria uma cura para todo tipo de câncer do mundo se isso me fizesse poder te levar do inferno até ao meu lado. Garoto, você é minha ruína. Interprete como quiser, mas entenda que nada é pior do que te escutar de longe e te ver perdido entre lábios vermelhos e irresistíveis. Tudo o que eu posso te dar são beijos apaixonadinhos, e amor, se tiver sorte. Talvez possa também te dar olhares amedrontados e um pouco de prazer, mas é só isso. Eu quero te levar para o fundo do mar, para o espaço, para o céu, ou inferno, se for mais apropriado. E então você descobrirá que eu anseio por você a tempo demais. E anseio por qualquer coisa que venha da tua boca, dos teus olhos, do teu corpo. Descobrirá que o que acontece em mim não é febre, e sim, desejo por você. Eu fervo por você. Eu entro em convulsão, eu decomponho. Eu enlouqueço. Eu continuo a mesma. Te faço ser minha cura. Te faço ser meu objeto se quiseres mudar as posições. Te faço sofrer. Te faço feliz. Te faço outro homem, embora você seja todo o mal e o bem em um só, de uma maneira positiva. Porque eu te vi chegar. E eu quis isso. Quis ficar eufórica, quis sair do monótono. Quis ficar acima da tua lista de prioridades. Quis ficar por baixo de você. Quis sentir teus lábios meus, fora de mim.

Quis sentir você dentro de mim.

Ele veio como um flash naquelas fotografias espontâneas. Você nem percebe que estava sorrindo, porque ele te cegou. E depois, quando volta a enxergar tudo normalmente, pensa que deveria ter sorrido mais bonito, ou então se escondido. Acho que deveria ter me escondido dele. Porque eu nunca conseguiria sorrir de forma que o fizesse vir atrás de mim implorando um abraço, um beijo, ou amor. Ele não fez nada além de me encontrar e me deixar perder em mim mesma. Sequer soube me explicar o que ele é, e não me deu tempo para desvendá-lo. Ou deu tempo demais. Eu enlouqueci. Fiquei entre a linha tênue de ser o melhor e o pior para ele. Mas talvez nossas exatidões não dão certo. Talvez somos uma anomalia da física porque nossos opostos não se atraem. E eu não sei ser o positivo para combinar com o positivo dele. Não sei me concentrar em qualquer outra coisa que não sejam seus sinais nas costas sendo percorridos por outros dedos, se não os meus. Porque deveria ser eu o esperando deitada na cama depois de um dia cansativo, ou puxando seu cabelo em um daqueles momentos que tiram o fôlego. Não posso com isso. Não há como se acalmar e esperar que em algum momento eu o encontre na rua e ele encare meus olhos dizendo que ainda lembra de mim. Desafiaria meus limites tentar ser paciente, enquanto não aguento um dia sem notícias dos olhos tão escuros quanto a noite. E eu continuo aqui me auto torturando, imaginando quais coxas ele está confundindo com as minhas, porque além de saber que ele é um grande canalha, também sei que ele encontra resquícios meus em qualquer lugar que seus olhos focam. É a unica coisa que me reconforta. Que não sou a única que é torturada pela pessoa que se encontra do outro lado da linha. Eu esperava que ele me salvasse do que eu sou. Mas talvez ele que precisa ser salvo, e espere que eu faça isso.

E eu salvaria. Com uma, duas, ou três palavras. Com apenas um ato. E um pouco sem fôlego.

Isso. Volta. Volta e rasga todo tipo de documento que eu tenha assinado confirmando que não cairia nos teus encantos mais uma vez. Prove para mim que eu sou a vítima e você o vilão. Prove que você só está na história para me confundir, mas não para ficar comigo. Me diga palavras ácidas que não pareçam doces saindo dos teus lábios. Vai, J., faz qualquer coisa que mude o rumo dos meus atos. Me faz jurar pro papa que eu nunca mais vou te escrever, que nunca mais vou continuar num pensamento de que futuro teríamos se déssemos certo. Você tem a vida inteira para me fazer culpada, e apenas um dia para me fazer tua. Tome sua decisão, e nunca mais olhe para trás. Nunca mais pense “e se”, porque o início da frase acaba com meu final. Destrua todos os rastros teus aqui na minha vida. Porque talvez você não saiba, mas no primeiro mês eu me senti insana. Sentia dedos em minha pele e podia jurar que eram teus. No segundo mês, me senti deslocada. Me perguntei os trinta e um dias que tipo de raciocínio me levou estar prestes a me jogar no chão, tentando fingir que só daquela forma que desabei, e não emocionalmente. E aí chegou o terceiro mês. Talvez eu esteja incompreendida, já que tudo o que escuto são vozes alertando o meu futuro arrependimento, mas talvez eu esteja os três meses juntos, porque ainda sinto teus supostos toques, ainda penso nas consequências que tive e em voltar pro começo. Não para reviver. Para recomeçar.

"Eu queria ter te conhecido em outra vida."

Quando tudo começa, você acaba revelando coisas que não diz em qualquer momento. Como muitos que me conhecem, talvez não conheçam tão bem ao ponto de saber que considero um tanto quanto pitoresco ser instigada. Acho que você levou a sério quando falei que gostava disso, já que em momento algum resolveu recuar e me dizer tudo o que eu perguntava, se entregando à minha teimosia. Também acho que esqueci de avisar que não era uma sensação tão boa assim. Brinquei com fogo. Não fui capaz de te desvendar suficiente, e por isso me queimei, e feio. Lamento dizer que você soube me machucar da maneira certa: me arrependendo de gostar tanto de algo perigoso. Talvez você tenha sido fogo demais, ou eu valente de menos. De qualquer forma, agora tanto faz. Um fim previsível veio à tona, embora eu esperasse que tivesse terminado de uma forma menos clichê no meu histórico de decepções. Você foi uma delas, e como se não bastasse isso, me frustrou de uma maneira cruel. Porque saio na rua e o meu vizinho tem o teu nome, meu avô tem o teu nome, aquele garoto que eu acho lindo tem um sinal no rosto bem como o seu, e o colega da minha sala tem mania de dizer coisas que você costumava falar. Tudo isso me remete você, e isso me persegue. Sei que é coisa da minha cabeça, que antes eu não me importaria com isso, o problema é que agora importa, e a chuva lá fora cai da mesma forma que eu caí nos teus braços. A trovoada reflete o vulto de consciência que falava em voz alta, mas não durava por muito tempo. Porque eu gostava de me sentir um pouco desnorteada, meio fora de um estado psíquico normal, achei que isso fosse uma forma de estar em paz. Mas agora essa tormenta me faz perceber o quão errada eu estava, que a calmaria nunca esteve nos meus planos, que meus olhos não foram feitos para encontrar os teus. Eu sempre quis essa relação tempestuosa. E o meu luto é o arco-íris.
Amanhã o sol vem.

Sobre a falta de sentido em pensamentos, palavras, e emoções.

Talvez alguém possa entender controvérsias ditas por mim e que eu não repare até o momento em que elas me afetam. Não possuo momentos de muita clareza nos últimos meses, devido aos meus atos entorpecentes e inconsequentes. Venho sentindo falta de minha sanidade mental, e de quando não era necessário minhas ilusões, aquelas de que esquizofrênicos tem. Eu não havia ninguém favorito no mundo, foi quando eu ousei sorrir por um elogio feito de sabe-se lá quem, e um resumo nada mais claro do quê: aqui estou eu, escrevendo lembranças de uma realidade não tão real assim. Escutando músicas que me tragam uma sensação de encontro, pois noites mal dormidas me fazem lembrar de que ando perdida há muito tempo. E procurando algo que me mostre esperanças, além dos fins de semana, pois apenas nestes me esqueço do caos formado por mim mesma, me fazendo entornar copos desesperadamente - não considero um ponto negativo, porém não posso deixar de fora tal característica. E então eu sinto aquilo de novo, como se ainda corresse sangue em minhas veias, e talvez até mais que isso.
Eu espero encontrar algo que preencha as lacunas vazias e traga razão para tudo, ou apenas em alguma coisa. Talvez eu ache um encaixe perfeito nos braços de um bom rapaz, talvez até algo mais que braços, talvez em rapaz algum. Eu não tenho certeza. Aliás, de nada.

Meu bem, eu sou uma contradição.
Eu quero ir para a cidade que nunca dorme e deitar na cama ao lado de uma companhia perfumada e disposta a aturar o que se passa em minha mente. Não há problema nisso, a não ser que você não goste de pessoas que mudam fácil de ideia. Você gosta? Não responda.
Eu tenho uma tremenda cisma com quem não sabe aceitar meus erros. Afinal, sou imprevisível. Sei que é uma péssima desculpa, mas é pura verdade. Nunca fiz algo tentando fazer o certo na perspectiva dos outros. O meu certo pode ser o seu errado, acontece. Mas é por isso que não vejo futuro em uma junção de duas pessoas, sendo que suas ideologias de mundo são diferentes. Muitos vasos, pratos e copos quebrariam até fazerem-se as pazes em gestos não tão cavalheiros e não tão de boa moça. As pazes não são ruins, pelo contrário, porém paciência é uma virtude de poucos, por isso não estou incluída, e é essa desavença que deixaria a casa de cabeça para baixo. Não há concordância em nossas noites juntos. Eu te quero por perto, porém de longe pareces melhor e menos estressado. É como se a versão boa sumisse perto de mim, tirando algumas horas entre paredes que guardam bons segredos nossos.
Apesar de seus bons argumentos, meus olhos te encaram de uma forma, tal qual você se perde no seu falatório e ninguém vence. Porque minha chance passa e eu não me pronuncio. Não sou injusta, como o fato de estarmos aqui frente a frente e eu ter pensado em tudo, menos no pedido de desculpas. Desculpas, pois é um erro meu querer mais teu corpo despido do que andar de mãos dadas em ruas cheias de pessoas, mas instintos não se vencem com argumentos de “você é moça comportada”, você sabe. Não há braços que me segurem firme o suficiente a não ser os teus. Essa é a contradição. Por eu te querer tão perto de uma forma afetiva, e imaginar teu corpo deitado por cima do meu. Você me disse que odeia quando coloco esse lado cético a vista, mas eu o pratico muito para deixar essa minha melhor interpretação escondida, querido. É nesse momento em que você pensa duas vezes para não segurar meus ombros e me chacoalhar como quem tenta por uma pessoa em seu estado são. Deixe-me avisar que eu estou sã e continuo olhando para cama numa forma de te fazer entender o que quero e você insiste em expor os sentimentos em um sábado à noite, quando a única coisa certa para ambos seria gastar nossas energias em coisas mais interessantes. Não pense que é uma forma proveitosa de te entreter e deixar o clichê para amanhã, mas eu simplesmente não gosto disso em sábados.

Uma história não tão fictícia.

Ela tinha lábios rosados, um pescoço lindo, uma respiração um tanto quanto ofegante, e um péssimo paladar, mas parecia degustar bem dos meus beijos com gosto de morango e clichê. Quisera eu refletir no par de esmeraldas que havia em seu rosto, porém tenho olhos escuros e nunca soube impô-los a ela. Eu provavelmente a abraçaria de tal forma que quase a faria parar de respirar, se não fosse o fato de que ela não pretende morrer de amor, e então eu me contentaria com um abraço fraco, como se o nó que nos juntava fosse um laço simples de desatar. Sempre houve algum motivo para tirar nossos sorrisos do rosto, só que o termo de ir do inferno ao paraíso era sair do carro e encontra-la com cabelos arrumados e um olhar confuso. Houvera noites regadas a whisky, outras de tequila, e eu sempre tive o incomum desejo de beber sua dor como vinho. Eu podia ouvir seu coração batendo alto demais para quem tinha uma expressão serena no rosto, que, embora fosse imperturbada, nunca soube ocultar seus pensamentos aflitos. Havia algo pitoresco no meio de tantos sorrisos comuns e olhares lançados numa tentativa falha de me fazer mudar de ideia e ir embora, como se ela não estivesse me esperando de pernas cruzadas. Por várias vezes me desculpei de que nunca fui um tipo de homem que merece toques ou sussurros de mulheres como ela. Eu pensava em fechar os olhos nesses momentos em que ela abria seus belos lábios e não ousava falar algo, talvez tentar ler algum tipo de pensamento que entregasse o que ela não tinha coragem de dizer, mas nunca obedeci aos meus pensamentos, pois eu me encantava ao vê-la, e piscar era coisa de apenas os que não veem coisas bonitas faziam. Eu a olharia por milhares de anos se isso não a deixasse vermelha. Mas ela era envergonhada. E era dramática, impetuosa, e tentava esconder seus sentimentos nos momentos errados. Suas veias transcendiam em sua pele quando o assunto éramos nós, eu nunca soube o porquê. Talvez fosse aquela insana vontade de ser ela quem comanda a própria vida, e não um destino que nunca soube colaborar com o tempo que ela precisava para superar angústias ainda presentes em seus sonhos. Ela possuía cicatrizes que eu não podia tocar, e eu compreendia isso, exceto o fato de que eles sangravam esporadicamente. Ah, querida, o que te fez perder o sorriso na madrugada? Eu nunca soube entendê-la bem, foi esse motivo pelo qual ela me mandou embora. Agora me encontro na frente de sua casa perguntando a mim mesmo o que eu fiz de errado, sabendo que o errado foi o que eu não fiz. Ela era a covarde, mas fui eu que não me arrisquei.
Éramos realmente um laço. E desatamos.
Desculpa por não saber dizer adeus direito, J. Eu apenas não aguentava mais..

Eu estava te olhando hoje e me perguntei que tipo de coisas passam pela sua cabeça. Você ao menos sabe? Ou é daquele tipo de rapaz que sai de casa apenas para respirar ares diferentes e nem pensa direito? Não, nem precisa responder. Eu notei já. Você sabe usar as palavras, mas não sabe colocá-las em prática, não sabe o que sente, e nem como saiu da balada. Tem noção de como tomou o rumo de entrar na minha casa, no meu coração, nos meus textos? Não tem. Você não sabe o que fazer, João. Eu sei que pensas em desistir de tudo e que fugir sempre foi teu desejo insano, escondido na parte inconsciente que nem você reconhece. Sei do teu mal gosto em se vestir, mas sempre compra o que a vendedora recomenda, porque sei também que você liga pro que os outros pensam. É, João, eu sei desse teu medo de ser julgado, de falar o que pensa mesmo, e por isso espalha pros teus pseudo-amigos que nunca pensa em nada, na verdade. Tem medo do que dirão se soubessem do teu lado romântico e que só sai pra balada e “pega” alguém por ser cabeça fraca. Você se deixa levar e agora nem sabe pra onde o vento está soprando. Eu quero te mostrar o que você não viu, João. Me deixa te mostrar um quadro naquele museu, que aliás, eu prometi te levar no mês passado, mas esqueci e você finge que não liga. Acha que por ter essa barba mal-feita e esse rosto de confiante, pode me enganar sem antes entregar o que sente só pelo olhar. Você notou que desvia o olhar? Não consegue nem me olhar fixamente por meio minuto porque sabe que eu te desvendo e você se sente incomodado por isso. Sabe que eu posso te mostrar o lado bom da vida, e que irás perder o costume desse lado “ruim-meio-bom”, que eu posso ir embora e você não saber se virar sozinho, mas já sabes, caramba. Só não se tocou. Pensa bem. Fingir ser forte, acaba te fortalecendo, de alguma maneira. Você sabe disfarçar o que muita gente não sabe, mas disfarçar sempre é desespero, João. Eu vejo isso nos teus olhos também, assim como eu vejo a forma que você me olha, mas muda o foco dizendo da garota do fim de semana que não te entende, mas que te dá prazer. E se esquece da nossa experiência no começo do ano, que você disse que nem uma morena de cabelos compridos faria melhor do que eu fiz, e me tornei inesquecível em apenas uma noite.

"É só um lugar cheio de pessoas incompreendidas."

Sim, eu sei que é. Eu sou uma delas, lembra? Sempre que tentei explicar algo para alguém via aquela expressão de quem espera o cérebro processar toda a baboseira sentimental que ponho em minhas palavras. Foi daí que desisti. Esse negócio de desabafar não adianta, não pra mim. Agora eu que me salvo do lado obscuro que vem consumindo uma boa parte da minha mente, só preciso pensar em coisas reconfortantes e pronto, sou a garota com a aura pura por algumas horas de novo. Não é difícil, tirando as dores de cabeça constantes. A questão é que não vejo motivos suficientes para evitar esse meu lado. Todos precisam tirar a auréola de vez em quando, o meu problema é ficar tanto tempo sem ela às vezes. Eu sei que parece ser algo maligno, mas não é. Não temos culpa de gostar tanto do errado. Ninguém é igual a ninguém o suficiente para entender os nossos propósitos. Por isso aqui é tão incompreensível. Tento fazer a coisa certa, e faço a errada. E me sinto terrivelmente bem. Há um tempo tenho sido atormentada por um medo de ser tomada pelos meus erros e me mostrando que talvez fazer a coisa errada possa ser meu ápice de atingir minhas metas. Nos meus sonhos eu sou tão “nem me importo”, que estou me encaminhando pra essa estrada de quem não olha nem pros lados. Eu não preciso saber o que estão achando. Pela primeira vez, eu sinto que estou fazendo a coisa certa pra mim. E se é errada para eles, adivinha? Nem me importo.

Você sabe que gosto da cor da sua pele, da sua barba e desse sotaque aí, mas não sabe que gosto quando você conta as estrelas, e que te acho tão lindo quando tenta me dizer a imensidão da via láctea e fica bravo por não conseguir. O infinito poderia não existir, mas tua barba, ao me tocar, estende qualquer noite quente de um coração ferozmente frio. Como hoje, quando acordei e não te vi do lado direito da cama, pensei por um minuto que todos os cabelos puxados e a imagem da tua tatuagem cravada na altura dos meus olhos foram apenas sonho, mas aí escuto de longe você falando que durmo demais e que a sua mania de tomar café logo quando acorda se encaixa perfeitamente com meu bom gosto de viver movida ao mesmo líquido. Me fez perceber que posso ficar alguns dias sem tomar café, mas que passar uma semana sem sentir o gosto dos teus lábios é a maior tortura de todos os últimos meses. Eu implorava para não rires das minhas caretas, mas no fundo gostava do sorriso que lhe proporcionava, pois um eclipse lunar nunca seria tão lindo quanto o reflexo dos teus olhos ao me olhar. De tantos verões que eu desejava sair ao sol, hoje desejo ficar em uma sombra ao teu lado. De anos, apenas meses ao teu lado fariam uma vida vazia se tornar completa, e ruins seriam os dias que tua respiração não ecoaria pela casa calmamente quieta. Que da minha vida, parte dela se encontrava em tua alma e epiderme. E que do meu sorriso, uma força do destino guiou-o em tua direção, me fez deixar de ser eu, pra ser tua, e reinventou tudo o que eu pensava em apenas no que se define o que temos, o que teremos, o que nos tornaremos. E me satisfez ao concluir que o importante é o que somos agora. Somos dois em um. Um em dois.

Há um momento em que você se vê com cada parte da alma sendo puxada por outra, que parece encaixar no seu corpo. E a partir disso, tudo parece mais lindo. “Tá vendo o céu? Tem uma partezinha ali mostrando o azul”. É assim, você vê através do ruim. Vê o azul através do nublado, a alegria perante a tristeza, pensa no bem-estar depois da ressaca.. Tudo convicto, tudo tão claro que você nem consegue imaginar quando esteve dando passos no escuro. Como se alguém tivesse trocado aquela lâmpada velha e colocou a melhor que pudera e barata. De repente aquela ideia não foi tão ruim, você ri até das piadas sem graça, aquele medo de desafiar a vida desaparece e você só pensar em ser feliz. E sorrir, sorrir, sorrir. Começa a chorar de felicidade e pensa em coisas que nunca pensaria se tudo não estivesse tão certo. Agora 2 e 2 são 4 e você tem certeza disso. Que foi tudo equívoco, que esse é o momento que te fez esperar anos de uma miséria de sentimentos. É isso que vai te fazer acordar todo dia com um sorriso, porque isso tá acontecendo e não é uma hipótese, nem um sonho. É real. Você está leve, se sente voando sem nem precisar tirar os pés do chão.
Estar feliz é se achar sem ter que se perder.

Você consegue ser a pessoa doce, entre tantas amargas que se passaram pela minha breve vida. Você se expressa bem com palavras e sabe ser gentil de uma forma diferente. Quase que machuca meu coração, mas teu carinho cicatriza, e aí eu me acalmo. Podes ser meu céu e meu inferno de uma só vez, querido. Me tentando a fazer o certo e errado que é me entregar a quem não parece me desejar. Você atinge muito mais que as borboletas do meu estômago, alcança minha alma.

Sobre amar demais:
meu coração continuaria batendo, mesmo fora de mim.

É provável que quem me conhece sabe que não sou do tipo de pessoa que espera a hora certa pra fazer as coisas. É o melhor motivo que acho pra explicar essa dose de realidade que engoli agora pouco. A questão é que estou abrindo uma nova ala no meu coração, e não está nomeada. É o lugar onde ficam as coisas perdidas, como a minha coragem que se foi à muito tempo e quando fui procurá-la, quase acabei caindo nessa ala: quase me perdi. Vamos apenas dizer que eu seja um tanto quanto peculiar quando se trata em guardar sentimentos, lembranças e mágoas. Medo também, quando o caso é entregar aquela parte do coração que não deveria sair nunca - nunquinha - daqui de dentro. É como quando a noiva joga o buquê pro tumulto e sempre o malvado que pega. Pobre coração. Lamento sempre quando ele volta reclamando que nunca miro bem, e que preferiria cair no chão do que nos braços de um novo canalha. Eu pediria desculpas se fosse adiantar algo, mas erros são erros, e minha especialidade, sem querer me gabar. Também não é nada que me orgulho, mas prefiro ver pelo lado positivo, se é que há. Mas se eu conheço bem minhas sensações, há algo certo em tudo que acaba: o finito. Acho melhor, mais seguro. O infinito sempre foi lindo, mas parece o tipo de caminho que alguém segue parar viver uma vida sem limites, e se há uma coisa que eu conheço em mim é que eu tenho limites absurdos, que dirá sem eles. Eu seria o caos em pessoa, se já não sou. Deixo assim, mal dito, pois o que foi nunca mais será, e eu já fui muito segura do que fiz. Agora apenas improviso, esperando alguma brecha que me faça ser livre e ultrapassar os limites que me prendem aqui.

Eu acho que você não entende a gravidade do dilema que destrói todo fio de esperança e me liga à minha sanidade mental. Resquícios teus me marcam tanto, que prefiro não me observar, não prestar nem um pingo de atenção no estado psíquico que eu possa estar. Porque à essa altura a fantasia pode ser um caminho melhor do que a realidade. Acredite em mim quando eu digo, querido, louca eu sempre fui. Só havia esquecido disso no meio de tantos seres que poderiam se dizer normais se não fossem os olhos de quem deseja ser o dono do próprio ser. Tais olhos demonstram que ninguém deixa de ser insano por saber que é errado. Pelo contrário, eu diria. Não há mais uma linha que traça e diferencia o errado do certo, porque certo é ser quem você quer ser, não quem deveria. Por isso somos todos errados por achar que pecado é ansiar por uma noite de prazer, ou simplesmente não ligar pro que dizem por aí: que todos querem alguém ao lado para passar o resto da vida. Até eu, que acredito em amor, prefiro pensar que o “pra sempre” é só um tempo pré-determinado e que não há infinito em um lugar onde se entregar pode ser teu maior arrependimento.

Nunca tive vontade de conhecer pessoas, as achava sem algo que me interessasse, mas tinha aquela garota. Uma beleza estampada em seus 1,64 de 17 anos bem vividos. Haviam histórias em seus olhos e eu nunca tive a oportunidade de lê-las, porém, as más bocas sempre falam do seu último ano na antiga cidade e do rapaz que a enganou e soube espalhar aos quatro cantos sua vitória. Ela perdeu a esperança, e eu o fôlego. Lamentei por uma boca tão linda não ter o costume de abrir um sorriso, mas conseguia pegar seus momentos mais únicos de uma felicidade clandestina. Eu nunca tive certeza do que ela era, ou do que queria ser. Sei que Alice não era sociável e que fazia bom uso de sua voz ao cantar baixinho Beatles ao caminho da escola. Eu a via olhando as estrelas, tentando falar com alguém que viveria mais que ela. Poucos metros daqui, se encontrava a garota de cabelos escuros que caprichou na arte de me entreter. Ela era minha vizinha. Eu esperava que em algum momento ela me visse, ou me notasse, mas Alice sabia das palavras soltas em seu olhar e por isso olhava apenas para o chão. Ela nunca soube o quão bonita era, e decidiu testar sua coragem. Ah, Alice, mal sabia ela que coragem não se testa assim. Não se atira de cima de um prédio pra saber que está viva. Ela existiu, mas viver foi apenas o tempo do voo que sempre almejou. Ela sempre será lembrada por aqueles que a viram com olhos de garota inocente e desnorteada, mas mesmo assim, não sabiam da sua dor. Sua inexplicável dor por aquilo que nunca fora consertado. Eu tentaria, se ao menos pudesse descobrir o que a fez subir os dez andares e descer em queda livre. Mas agora é tarde. Naquela única noite em que eu resolvi sair da janela, ela tomou seu rumo. Se eu desistisse da ideia de ficar sem olhá-la, quem sabe eu teria a salvado. A salvado de si mesma.

Acho que você não entenderia se eu dissesse que eu sou estúpida e você é um doce de pessoa. Nem eu entendo. Porque eu sei que, ou nós dois somos estúpidos em pôr esperança nesse caso perdido, ou somos um doce de pessoa, mesmo não provando do teu sabor e todos confirmarem a minha amargura explícita. Só que os olhos que me encontram na rua não são como os que me veem da forma que sou de verdade, e nem as línguas que me provam sabem que não sou só acidez. Eu tenho lábios doces, será que ninguém sentiu? Eu não sou assim tão amarga, arrogante, e grossa como todos falam, você pode confirmar isso. Há alguma razão nessa cor pálida em mim. Eu não preciso da cor do pecado pra te fazer perder os sentidos, mas também não sei te fazer encontrar o caminho da minha casa. Da mesma forma que teus olhos não precisam ser claros para me cativar, e você não precisa ter o melhor corpo do mundo, nem uma mão grande. Eu só espero um pouco de coragem de ambas as partes. Talvez se atirar daqui do alto não seja tão ruim e nós encontraremos um final pacífico lá em baixo. Você só não pode ter um maldito carro e deixar as chaves jogadas aí do teu lado, sem vir me ver. É uma oportunidade desperdiçada. É ridículo. Tão ridículo como teu nome ser comum. O trágico é que meu coração bate menos a cada pensamento ligado ao teu, e tudo bem, eu sempre soube que morreria de amores. Vai ver você admire isso em mim. Talvez você goste desse meu lado masoquista que pede pra levar um tapa ou dois por essas coisas que penso, e sabe-se lá se é no bom sentido ou não.