Coleção pessoal de laisf

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E eu ando tentando ler outras coisas, ver novas pessoas, buscar outros caminhos. Assisto seriados com longas temporadas, vejo o quanto a vida das personagens mudam, os amores vem e vão. Peguei até um livro empoeirado que eu já li, com toda a coragem do mundo para conhecer a história outra vez, com outros olhos. Doei minhas roupas coloridas de menina, ando abusando dos tons cinzas e escuros. Até meus olhos estão mais marcados pelo delineador preto. Já não sento mais no mesmo lugar dos transportes, mudei de calçada, uso óculos de sol. Estou começando a sentir um gosto diferente nos velhos hábitos da minha antiga nova vida. É tudo novo, de novo. Recomeçar.

Fiquei pensando na nossa história e no quanto venho realizando meus desejos pessoais e ainda assim não esqueci de nós. Acredito que não pelo tempo, e sim pela intensidade, somos inseparáveis. Não que precisemos compartilhar tudo, mas conseguimos nos entender sem ao menos dizer uma palavra. Com tantas pausas, despedidas e reencontros só posso me convencer que não me encaixo em mais nenhum abraço.

Ainda assim pensei no quanto aprendemos quando nos tornamos uma pessoa só. Amigos, confidentes, parceiros. As lembranças não conseguem se desfazer na minha mente, mas eu nunca tentei apagá-las. Por incrível que pareça, sem ter forçado nada, sempre aceitei o fato de você ser algo permanente na minha vida. Assuntos novos, questões banais numa mesa de bar, traços e objetivos futuros… e nós. Não há como evitar, sempre haverá esse capítulo na minha história. Fico feliz por ter te encontrado e principalmente por te manter estagnado em uma das minhas partes mais bonitas, assim eu posso relembrar quando sentir sua falta.

É preciso muito mais do que somente amor. Somente amor? Como assim, somente? Amor é imensidão. Entretanto, amor em um relacionamento torna-se um dos ingredientes principais para a receita dar certo. É preciso respeito, companheirismo, amizade. Há algo melhor do que namorar seu próprio amigo (a)? Rir dos defeitos irrecuperáveis e sutilmente belos do outro? É preciso cumplicidade. Colo. Chão. O amor complementa todos os outros fatores necessários. Os Beatles que me perdoem, mas love isn’t all you need.

Todos julgam antecipadamente, de diferentes maneiras, mas julgam. Poucos são aqueles que assumem.

Hoje percebo quão falta faz a presença dos meus amigos em minha vida. Era estranho passar mais horas com eles do que comigo mesma, porém quando tudo acabou, eu senti. Senti falta das aulas jogadas fora, com direito a coral estudantil e uma professora de inglês que nos achava lindos... “Sometimes I feel like I don’t have a partner, sometimes I feel like my only friend. It’s the city I live in, the city of angels, lonely as I am, together we cry.” Senti falta dos planinhos, abraços comunitários, estresse pré-peça, pré-prova, pré-cola. Saudade da velha rotina, dos horários, da irresponsabilidade e do icegurt. Sinto falta das conversas, dos dias sentados sob a luz do sol, das partidas de uno. Saudade das personalidades distintas, dos amigos fiéis e daqueles não tão fiéis assim. Cada partícula daquelas pessoas hoje me faz falta. Faz falta porque já não as tenho. Faz falta porque agora é tudo diferente. E novo, de novo.

Sei que ando com vontade de mudar o mundo, queimar os impostos, e por que não o governo? A sujeira embaixo do tapete, da cadeira, da conta bancária. Mas acima de tudo, vontade dar uma pancada na cabeça do povo brasileiro, pra ver se ele acorda e larga de achar que burrice serve para algo, além de retardar o crescimento individual e público. A população merece o governo que tem. E vice-versa.

Não acredito em predestinação. Mas acredito em vidas passadas e em vidas futuras após a morte. E reconheço que ambas as coisas não estão interligadas ao destino. Não acredito em religião. E quanto mais eu a conheço, menos tenho vontade de segui-la. Eu acredito em fé. Fé em qualquer coisa. E confesso que gostaria de senti-la com intensidade.

Confesso que ao passar do tempo, algumas emoções cessam. E o meu desejo voraz de escrever resolve brincar de esconde-esconde consigo mesmo, trancando-se em um armário escuro em alguma parte do meu cérebro.

Apontar o dedo pra alguém é fácil, difícil é colocar uma mão inteira na cabeça e reconhecer os próprios erros ocultos por pura hipocrisia.

Preciso tanto de um abraço caloroso e um colo aconchegante, de um beijo interminável e dois olhinhos intrigantes olhando em minha direção. Eu preciso sentir você. Preciso ouvir reclamações diárias de uma alma necessitada de atenção, de uma grama verde e de um céu azul com a melhor companhia que alguém jamais terá. Eu preciso sentir você. Preciso de poucas palavras sussurradas em meu ouvido capazes de transformar o céu mais cinzento em um dia cheio de luz, preciso reduzir distâncias, aumentar algo que já é infinito: o amor. Eu preciso sentir você, melhor coisa que me acontece todos os dias.

Surpreendente é notar que minha barriga ainda enche de borboletas ao te ver. Tenho vergonha quando você me olha de longe, derreto-me por inteira quando você me abraça forte e diz que vamos ficar juntos para sempre. Se eu morresse agora, você permaneceria vivo dentro de mim. Meu amor por você é imortal, nosso brilho ofusca qualquer pedra em nosso caminho.

Mesmo longe, eu posso sentir você.

Esperar é demasiadamente cansativo para pessoas inconstantes como eu. As expectativas são frustrantes e o que resta é esperar o futuro, que como o passado, não sabe o seu lugar e está sempre presente, como diz Mário Quintana.

Esse clima de verão me faz lembrar das minhas antigas férias. Tardes jogadas no tempo ao som de desenhos animados e filmes de ação, comida de todos os lados, uma preguiça sem fim. Minha expectativa para comprar o material escolar era imensa, lembro-me detalhadamente do cheiro da papelaria. Ainda fico ansiosa com detalhes, sinto o friozinho na barriga de pensar na véspera de volta às aulas. Último ano. Sei que vai deixar rastros. Último ano. Sinto em meu sangue mais uma nova responsabilidade. Último ano. Queria voltar a ser um feto indefeso e semi-formado, no ventre da minha mãe.

Apoiei meus medos em cima de barrancos tombantes. Construí minha alegria segurando-me em ombros que não eram meus. Aluguei sonhos, ignorei o resultado final. Agora sangro sozinha, necessitando reconstruir meu eu e a verdade horrorenta que deixei para mais tarde.

Um novo dia amanheceu, o sol estava radiante. A luz, de uma maneira sutil, percorria os buraquinhos da janela dela. O som do canto dos pássaros percorria vagamente até seus ouvidos. Não havia como negar, era mais uma típica manhã de verão. A junção de olhos pesados e mente cansada a fizeram mergulhar no travesseiro. Remexer lembranças do passado era sua atividade favorita. Surgiam cores e lugares, momentos não-vividos a não ser em sua própria mente sonhadora. Era seu refúgio. Ela se baseava plenamente em uma utopia empoeirada.

Hoje é o início de mais um ano de sua vida. A soma do número de aniversários resulta em quem você é e no que você fez. Convenço-me de que se você continuar sendo tão maravilhoso, vou ter que me esforçar mais pra tentar ser tão boa como você. Nunca irei conseguir, isso é fato. Você é a melhor pessoa que eu conheço. Hoje é seu aniversário, 17 anos após seu nascimento. Agradeço à Deus por ter te colocado em minha vida. Hoje é seu aniversário, mas você é o meu presente de todos os dias.

O som do inesperado é ensurdecedor.
Hoje sorrio pela metade, queria minha rotina maçante de de volta. Pra poder ser feliz por inteiro, pra poder ser mais quem eu costuma ser do que quem sou.

Os dias parecem anos. Maus anos. Longamente tediantes. Anos em que a vida se arrasta, em que cada abrir de olhos no amanhecer fosse como um soco, um soco interno. A ausência me corrompe. Alguns amigos permanecem fielmente à rotina, à alma. É como se a felicidade também dependesse disso. Descobri que mudar dói. Que abrir mão é impossível quando se está preso a um passado estagnado. Vivo de saudade. Saudade dos outros, saudade de mim.

Ando sem inspiração, ando sem alma. Sempre vagando no escuro, fazendo paradas nas esquinas do passado. A dor me dissipa. A vulnerabilidade me incomoda. A inconstância me preenche, me dopa. Entra e faz o que bem entende, sem me dar o direito de sair correndo para qualquer direção, para um lugar extinto desse presente apático.

Não me lembro como eu era.

E às vezes me encontro aqui, perdida entre cores e flores, pensando em como eu estaria se estivesse ao seu lado a todo instante. Concordo, com plena veracidade, que meu brilho venceria o das infinitas estrelas do céu. Minha alma cegaria mais do que a luz do Sol, que escurece a vista dos humanos quando os mesmos transcedem de ambiente. Ah, como é bom te amar! E como é ruim sentir saudade. Essa danadinha que não larga do meu pé.