Coleção pessoal de kriany
“Se o amor estivesse no ar, ele usava uma daquelas máscaras de oxigênio, não ousava respirar. Ele não era demais, demais era uma palavra tão insignificante na frente daquele garoto. Ele ia muito além. Ele dominava quem queria e quando queria. Ele transformava qualquer encontro casual num relacionamento e um relacionamento em qualquer encontro casual. As melhores línguas já tinham provado aquela boca, as melhores mãos já tinha tocado aquele corpo. Muita gente já tinha o possuído em corpo, em corpo mesmo, porque em alma ele sabia que não era de ninguém, e nunca foi. Nem o corpo aliás, porque dia era de alguém no seguinte já de outrem. Ele nunca era dominado, ele dominava. Ele era pior do que qualquer rapariga que se encontra por ai, ele não roubava carteiras nem cigarros, ele roubava o que não podia ser recuperado. Ele roubava almas, corações, pensamentos e vidas. E ele tinha certeza apenas de uma coisa: foi dele um dia, será dele pra sempre.”
“O céu tá me chamando, repetindo aquelas cores do dia vinte e sete: meio azul, meio turquesa, meio a cor do seus olhos, meio tudo, “tudo, tudo que não me deixa em paz” e o fio está por um fio, os fios grossos dos seus cabelos negros que agora não mais se encontram por entre os meus dedos. ah, moça… o meu sonho ruim é constante e corta e fere, fere e necrosa, e a ferida está aberta como nunca esteve antes. descobri que se você viesse (mas você nunca vem) a dor seria a mesma, mas o estrago menor. eu não tô aguentando mais, traz teu colo e as curvas do teu pescoço pra me abrigar por alguns segundos. traz teu cheiro pra grudar na minha roupa novamente. Vem de novo e faça com que eu acredite que a vida pode ser bonita, mesmo que somente por algumas horas. As tuas músicas não param de tocar e os teus poemas ficaram gravados na minha pele, as tuas fotos estão grudadas em minhas paredes desmoronadas e o teu rosto está colado na minha iris castanho-escuro e parece que dali não sai jamais.”