Coleção pessoal de kraftwork
— Sabe, Yorick? Quem ganha uma discussão nem sempre é quem tem o melhor argumento, mas, sim, quem dela sai transformado.
Por qual motivo silenciamos mentes inquietas? Ora, o caos tem mais a contribuir em uma mente preparada para metralhar o papel e externar suas ideias que a paz. Lucidez é caos, paz é sedativo.
- Se eu pudesse lhe dar um espelho, onde o mesmo lhe mostraria uma imagem totalmente despida através de sua carne e mostrasse quem você é. Suas escolhas e concepções. Seus acertos e seus erros. Você gostaria do reflexo deste? Quebraria o espelho e tentaria viver ignorando o que viu ou procuraria soluções para essa visão aterradora?
O mantimento das relações humanas não consistem no quanto gostamos das qualidades, no quanto nos identificamos com as pessoas. Isso é fácil. Elas se tratam do quanto conseguimos conviver com as diferenças. Até que ponto essas diferenças nos atingem e comprometem o nosso conviver com as mesmas. É a partir disso que as relações se dissipam ou não.
- Você tem se abstido de discussões. O que aconteceu? Não tem mais opinião sobre nada?
- Tenho, o motivo é que as discussões perderam o seu sentido mais puro. Há um, não tão discreto, jogo sujo para ver quem faz a sua opinião prevalecer sobre as outras. Não é mais em prol da evolução conjunta a respeito de um tema, mas sim na elevação do ego.
O pior lugar para se frequentar e ter contato com demônios não era no inferno, mas, sim, em nossas mentes.
Procuramos por ideias que digam por nós e exacerbem como qualidades os nossos defeitos. O perigo é que sempre encontraremos pretextos desse tipo...
Quando há um profundo desinteresse da segunda parte, qualquer esforço da primeira será patético e vergonhoso.
O ser humano será mais nobre quando ao invés de rir do sofrimento alheio, passar a rir do seu próprio sofrimento.
A vida é a pior das prisões, o amor a pior das rameiras e a covardia o pior dos enfermos. Somos forçados a viver de uma forma preestabelecida pela sociedade, e qualquer ideia que saia desse fluxo nos é temida.
Somos covardes.
Eu sou um covarde.
Quem melhor que eu para saber como devo viver? Mas o medo nos toma e acabamos por viver como está pregado. Somos escravos condenados à morte pelo lamento eterno de uma vida reprimida.
Não viemos do barro ou da costela, viemos dos excrementos da natureza. É isso o que somos, parasitas que aprenderam a negar o que são e a criarem véus para travestirem os seus lados mais obscuros. Vivemos em um constante disfarce!
Se eu pudesse desmaterializar o meu corpo e materializá-lo no momento em que se faz presente para estar ao seu lado, acredite, eu o faria.
Muitas pessoas estão mais preocupadas em julgar coisas a partir dos seus interesses do que entender o real caráter daquilo que se fala.