Coleção pessoal de klebsil
A realidade é uma condição da e à existência, o fenômeno uma expressão, a descrição uma intenção e um caminho de descobertas, e estes se revelam mais ou menos de acordo com os focos e os propósitos dos sujeitos de conhecimento, porque se situam em face de suas circunstâncias de questionamento e de vida.
Descrever é situar o verbo e o pensamento coerentemente ante as complexidades do real. Logo, a aproximação relativa à realidade fenomênica, a exemplo da dimensão espacial, é basicamente uma experiência exercida pelo sujeito que deseja conhecer. E isso se traduz nas ações orientadas e nas concepções de razão e sentido que se direcionam a uma finalidade de esclarecimento.
Os sujeitos de conhecimento dependem da razão orientada às circunstâncias da realidade e das possibilidades de interpretá-la. E não há sentido ao conhecimento considerar a inexistência do real. Além do mais, não haveria o que se questionar ou o que se conceber intelectualmente. Antes de uma ilusão ou de uma ficção orquestrada como resultado de um campo de idéias vagas e independentes a comandarem a ordem dos saberes, urge a consideração de um alicerce de realidade sem o qual as referências à situação existencial concreta se desfazem.
As descrições são primeiras e fundamentais ações intelectuais, de caráter ao mesmo tempo epistemológico, metodológico e pedagógico, aos trabalhos em Geografia, seja na investigação ou no ensino. É a sinalização de atributos que possam ser lidos como significativos e representativos ao esclarecimento da existência e da presença das coisas e símbolos no espaço.
Desenvolver a criatividade é uma busca constante e central ao estabelecimento dos propósitos da educação. O objetivo, aliás, é elevar as potencialidades intelectuais humanas à arte de pensar e esta deve ser entendida como o esforço de esclarecimento pelo qual percorre a inteligência e a consciência.
O verbo incorreto e a afirmação descabida sobre a realização da existência e da presença dos seres humanos no mundo favorecem a cegueira e o descontentamento para com o saber e as prováveis certezas.
A criatividade parte da curiosidade e a enobrece, pois dela acumula energia e dívida positiva. A energia, já conhecida, é fruto da motivação inerente ao sujeito e ligada ao esclarecimento. A criatividade é a realização natural das coisas do conhecimento e, em vez de desconsiderá-la na educação, bastaria que sua realização obedecesse ao curso e ao hábito natural de afirmação essencial do próprio ser humano. A dívida positiva se liga à responsabilidade de se manter viva essa luz com a qual a inteligência persegue a iluminação do mundo.