Coleção pessoal de KarennChrystinne
E, no fim das contas, de que adiantava ficar reexaminando nossa tristeza o tempo todo? Era como cutucar uma ferida e se recusar a deixá-la sarar. Eu sabia o que tinha vivido. Sabia qual tinha sido meu papel. De que adiantava repassar isso?
— Stephen Herondale teria me matado se tivesse me encontrado — Tessa cortou-a. — Eu não teria uma vida segura entre as pessoas como você, ou como ele. Eu sou a esposa e a mãe de guerreiros que lutaram e morreram, e nunca se desonraram como vocês. Eu usei a roupa de combate, manipulei lâminas e matei demônios, e tudo o que eu queria era superar o mal para que eu pudesse viver e ser feliz com aqueles que eu amava. Eu esperava ter feito um mundo melhor, mais seguro para os meus filhos. Por causa do Círculo de Valentim, a linhagem Herondale, a linhagem que foi dos filhos dos filhos do meu filho, está terminada. Algo que aconteceu através de você, seu Círculo e seu marido. Stephen Herondale morreu com ódio em seu coração e o sangue do meu povo nas mãos. Não posso imaginar fim mais terrível para a minha linhagem e a de Will. Terei que levar para o resto da minha vida a ferida que o Círculo de Valentim me causou, e eu vou viver para sempre.
Alguns erros... Apenas tem consequências maiores que outros. Mas, você não deve deixar que o resultado de um erro defina que você é.
Primeiro a chama, depois, a tempestade
No fim, é sangue Blackthorn de verdade
Buscai esquecer o que é passado
Primeiros treze, e mais um, finalizado.
Não procure o livro dos anjos cinzento.
Vermelho ou branco o levarão mais longe que o vento.
Para recuperar o que foi perdido
A qualquer custo encontre o livro preto requerido.
E ela estava olhando para ele e enxergando o passado. O passado do qual tinha fugido e do qual tinha tentado esquecer.
Pelo peso de mil mentiras, contadas para o bem, pois mentiras contadas pelo bem, eram mentiras ainda assim.
Will soltou uma risada curta e incrédula.
— É verdade — concordou. — Não sou nenhum herói.
— Não — disse Tessa. — É uma pessoa, assim como eu.
Os olhos de Will examinaram o rosto da menina, mistificados; ela apertou um pouco mais a mão dele, entrelaçando os dedos nos dele.
— Não vê, Will? Você é uma pessoa como eu. Você é como eu. Fala as coisas que eu penso, mas que nunca digo em voz alta. Lê os livros que leio. Gosta das poesias que gosto. Me faz rir com suas músicas ridículas e com a maneira como enxerga a verdade de tudo. Tenho a sensação de que pode olhar dentro de mim e ver todos os lugares onde sou estranha ou diferente e adaptar seu coração, pois você é estranho e diferente da mesma forma — com a mão que não segurava a dele, ela o tocou na bochecha, levemente — somos iguais.
Os olhos de Will tremeram e fecharam; ela sentiu os cílios nas pontas dos dedos. Quando ele falou novamente, a voz estava áspera, porém controlada.
— Não diga essas coisas, Tessa. Não diga.
— Por que não?
— Diz que sou um bom homem — falou ele. — Mas não sou um homem tão bom. E estou... estou catastroficamente apaixonado por você.
— Will...
— Eu a amo tanto, tanto, tanto — continuou — e quando fica perto assim de mim, esqueço quem você é. Esqueço que pertence a Jem. Eu teria de ser a pior pessoa do mundo para pensar o que estou pensando agora. Mas estou.
— Eu amava Jem — declarou Tessa. — Ainda amo, e ele me amava, mas não sou de ninguém, Will. Meu coração é meu. Está além do seu controle. Está além do meu controle.
— Will. Por todos esses anos eu tentei te dar o que você não podia dar a si mesmo.
As mãos de Will apertaram as de Jem, que eram tão finas como um feixe de varas.
— E o que que é isso?
— Fé. Que você era melhor do que pensava que era. Perdão, que você não precisava sempre se punir. Eu sempre te amei, Will, do seu jeito. E agora preciso que faça por mim o que não posso fazer por mim mesmo. Que seja meus olhos quando eu não enxergar. Seja minhas mãos quando eu não puder usar as minhas próprias. Seja o meu coração, quando o meu parar de bater.
— Somos namorados oficialmente? Existe algum ritual de Caçadores de Sombras? Devo mudar meu status do Facebook de “em um relacionamento complicado” para “em um relacionamento sério”?
Isabelle franziu o nariz de um jeito adorável.
— Humm, mudar status do Facebook? Facebook...? Você tem um livro que também é um rosto?
"And now I’m looking at you,” he said, “and you’re asking me if I still want you, as if I could stop loving you. As if I would want to give up the thing that makes me stronger than anything else ever has. I never dared give much of myself to anyone before – bits of myself to the Lightwoods, to Isabelle and Alec, but it took years to do it – but, Clary, since the first time I saw you, I have belonged to you completely. I still do. If you want me." (City of Glass)
- Achava que ser um bom Caçador de Sombras significava não se importar - falou - Com nada, principalmente comigo mesmo. Corri todos os riscos que pude. Me lançava no encalço de demônios. Acho que deixei Alec complexado sobre a espécie de guerreiro que era, só porque ele queria viver - Jace deu um sorriso torto -, então a conheci. Você era uma mundana. Fraca. Não era lutadora. Nunca tinha treinado. E vi o quanto amava sua mãe, Simon, e como iria ao inferno para salvá-los. E entrou naquele hotel de vampiros. Caçadores de Sombras com décadas de experiência não teriam feito aquilo. O amor não a enfraquecia, a deixava mais forte do que qualquer pessoa que já conheci. E percebi que o fraco era eu.
“O menino nunca mais chorou e nunca
mais se esqueceu do que aprendeu:
que amar é destruir e que ser amado é
ser destruído.”
Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?