Coleção pessoal de julianwatsuk
A ultima melodia da andorinha.
A andorinha lamentou em sua gaiola o triste fado que o tempo lhe opusera, murmurava um canto tão belo e triste que parecia a água caindo sobre uma bandeja de prata. Pedia sonhadoramente pela liberdade, mas mal sabia ela que o tempo seu principal carrasco, velaria seu canto.
Pobre andorinha, presenteada por um jovem a sua venerada amada, que tão pouco se importava com ela.
Dia após dia seu canto desfalecia, e com ele sua própria vida. Queria subir aos céus, queria voltar ao Egito, para encontrar seu amor que agora estava perdido.
Por fim percebeu que morreria, pois o frio intenso havia trazido consigo a neve clara e brilhante, e por isso a pobre andorinha morria de frio.
Cantou sem demora uma ultima canção em homenagem a amada.
Aqueles que por ali passavam e puderam ouvir sua triste canção, comoveram-se e choraram sem saber os motivos que preenchia seus corações.
Por fim com um estranho estalido pendeu as assas para voar, mas caiu morta ao fundo da gaiola.
Deus naquele instante mandou que seus anjos a ressuscitassem bendizendo sua alma e o amor da querida andorinha, que agora poderia voar até o Egito cantando a sua maravilhosa melodia.
O poeta sofre duas vezes. A primeira é a dor dos mortais, o segundo dos mágicos que desatina a doer: a dor das palavras.
Cada poema é um parto de ternura, paradoxal, pois na ternura não deveria haver dor.
O poeta canta um canto angelical empregando em suas palavras maduras, o amor universal.
Que imporá a imortalizarão do nome.
Gravem, querendo, sobre a sepultura:
-Teve por gloria a própria desventura. A dor suprema de ter sido só.
Ombra mai fu, di vegetabile.Cara ed amabile, soave pi`u. ((Nenhuma sombra de arvore é mais serena e adorável do que você minha querida.)