Coleção pessoal de Seuamorumautopia
Eu lembro de tudo ainda. Lembro de cada detalhe, cada palavra, cada gesto de cada olhar. Cada abraço, cada beijo, de cada promessa. Cada detalhezinho que inclue você. E isso é uma das coisas que mais faz doer em mim. Lembrar de tudo isso. Lembrar das tamanhas promessas que fazia, e eu cegamente, acreditava em absolutamente todas elas. Você me fazia acreditar com suas palavras mansas, seu olhar de carícia, seu toque de brisa. Seus beijos de por do sol e seus abraços eclipse. Fazia-me acreditar com seu malabarismos de palavras e encantos, que não havia ninguem no mundo! Que amasse mais que eu. E eu, mais uma vez, afogava-me em seus enlaces. Perdida entre vitrines de amor, andando descalça em ruas feitas de afeto, te seguia a onde quer que fosse. Meu amor debruçava-se diante de ti como água que despeja impiedosamente das mais altas cachoeiras. Minha alma despia-se de todo orgulho e de todo o medo quando o assunto era você. Meu corpo repelia absolutamente tudo que impedisse que eu me perdesse em você.
E eu me perdi. E agora? Como voltar? Como achar o caminho de volta? Como me encontrar? Como te encontrarei? Estou perdida! Corro fujo, me debato entre paredes. Respiro choro grito berro, peço teu socorro. Busco tua palavra tua ajuda teu caminho teus conselhos tua mão. Nada encontro.
De tanto amar-te, de tanto insistir em mergulhar em você, perdi-me sozinha nesse labirinto chamado amor. Como uma grande ilusão, agora percebo que apenas eu entrei. Sua voz apenas me guiou, me levando cada vez mais pro centro, me perdendo, me confundindo. Colocando o centro daquilo tudo como uma grande utopia. Me fazendo caminhar cada vez mais depressa, mais avidamente, ambiciando por aquele clímax do amor. Do seu amor.
Ja não consigo mais sair daqui. Virou casa, virou lar. Quem sabe um dia, aqui se transforme em apenas minha pousada, meu hotel. Quem sabe um dia minhas idas sejam maiores que minhas vindas. Quem sabe um dia todo meu rio de lágrimas se escasse. Quem sabe um dia irei de me encontrar novamente. E quem me dera que o encontrasse junto... Mas enquanto estou presa nessa bolha de ilusões e ficções, vagararei sozinha entre essas infinitas vielas, tentando coibir minha consciência de lembrar da mais simples e óbvia afirmação: "Eu sinto sua falta."
As vezes pensamos que perdoar é algo fácil. Uma simples ação. Lá no fundo, não parece ser tão complicado... Mas quando a raiva bate em nossa porta, a mágoa governa nossos sentimentos e a decepção e a amargura fazem morada de nossos corações, é difícil nos libertarmos.
E assim conhecemos o ódio. O sentimento de termos sido traídos e até mesmo desonrados por aqueles que mais faziam guarda de nossas tamanhas expectativas e perspectivas, é como um cavalo teimoso, arisco. Ele parece indomável. O rebelde! Mas sabemos que é preciso que seguremos as rédeas e assumamos a liderança, o controle. Afinal, somos os cavaleiros, não? Depende de nós e de como lideramos aquele selvagem animal, evitando assim que se revolte. Evitando assim, a vingança.
O segundo passo é lutar contra o orgulho. Expelir de nós o rancor, pois ele já usufruiu por tempo demais da nossa hospitalidade. É hora de acolher o perdão e deixá-lo limpar o ambiente. Abrir as portas e janelas do nosso interior, permitindo a alforria dos maus ares.
E o que acontece depois? Nos libertamos. Progredimos...
É como dizem: "se você se vinga, estará à regredir. Se sabe perdoar, estará à progredir."