Coleção pessoal de jrwendell
E continuamos errando, ambos e todos. Mas não importa, a vida real é assim, continuamos perdendo e achando, juntos e sozinhos, entre achados e perdidos. O presente deve ser muito mais que um intervalo para reflexões passadas e planos futuros... E se o presente é o único momento que temos a ser realmente vivido, que seja vivido bem... Conosco, um segundo por vez, assumindo o amor que temos presente em nós, existente, correspondido ou não. Se do que passou, mentiras, sabidas, ocultas e incertas, formou-se a base das ilusões que constroem o que vem, a realidade restante é o presente do que somos agora... E o mais importante, o sentimento é real... verdadeiro... Pois nos faz companhia, mesmo que sozinhos, presente, longe ou perto, agora, ainda e sempre. E só assim nos tornamos presentes, quando somos reais e sinceros e fiéis a nós mesmos. A tristeza, que acompanhava as incertezas, deve morar no passado e ainda que surja de novo em novas projeções futuras, não tem lugar no agora; por que a felicidade ocupa todo aquele espaço infinito do presente... Se continuamos errando, é porque buscamos o acerto, que só o tempo de uma forma ou de outra tende a trazer, independente, quanto a felicidade, mora apenas na certeza do que sentimos hoje.
...ela sempre soube onde me encontrar, mas quando a distancia aumentou, se perdeu e não achava mais o caminho, eu acreditava; mas a distancia se fez por seus proprios passos, que só pelos rastros mais tarde eu notei. Sozinho... Fui perdendo as pistas, o rumo, as pegadas, e na esperança de esquecer que os laços que nos prendiam eram nós soltos, mas apenas de sonhos que eu mesmo criei.
O moinho dos sonhos
Vento forte, aurora dos tempos
tarda a chegar, pois ao leve impulso gira.
Inerte folga, de um sopro póstumo...
no tempo moinho, engenho de sonhos,
venta esperança e tritura forte,
ventando forte tritura a esperança
e a cada volta da mó tudo vai, nada volta...
Caminho absinto, pelo vento impulsionado
o sopro da vida é bem vindo, mas forte,
por sorte sou vago. Não espero por ninguém,
mas também ninguém me espera.
Entre as Mós vão girando, vez ou outra em falso,
mas depois que entre elas caem, os sonhos,
são pra sempre triturados...
Noto passos adiante, ainda que nem sempre, rastros
tento correr, bisonho, perco o pé e a aderência;
sonho alto...
Os amigos vão ficando para trás,
ao final de cada ciclo.
Alguns acompanham lembranças
outros nem em pensamentos alcançam
e entre as Mós vão todos ficando
Sozinho fico em pensamentos, inconsciente coletivo,
muitos me vêm em mente, entre dramas, retalhos e risos
vez ou outra, alguém da vida real me cerca,
aguçando ainda mais o meu individualismo
Algumas voltas passam, sim,
demasiadamente estendidas.
e outras que vêm e vão
nas lembranças já esquecidas
outras tantas preconizando futuras
sombras das que nunca virão,
Todas perdidas.
Da esperança restam ventos
que entre as Mós vão se entretendo
junto aos grãos amor e ira; e ainda que nelas não fiquem
vão aos poucos a si memos moendo
Do sonho ainda não disse, velha montanha
formou-se das coisas que o vento trazia
se não resistiu ao tempo, moinho de vento.
ainda que em menor tamanho são sonhos,
pequenos coloridos e esmos, parte de um todo
mosaico prosaico, sabem
as Mós moem a si mesmas
Penso em voltar a escrever à minha amada,
Mas ela dorme..
e nas mãos eu levo a carta - ainda em branco.
Pássaros Noturnos
Voamos alto contra o vento incessante,
e a cada instante, o alvo foge fugaz.
Suspira assim um lamento,
vendo que o pensamento,
tende a voar pra trás...
Muitas léguas perdidas na imensidão do ar
dizem de vidas vividas, profundamente rasas
onde o sim esconde o não, esquecendo-se a razão,
para que em novas asas pudessem voar
Voemos alto rumo ao paço desconhecido,
para que esquecido, o destino passe.
Provações no mesmo passo, tentações no mesmo laço
E aos tropeços, novo impasse...
Céu espesso, brisa forte, peço, me dê um norte,
enquanto ao sul padeço.
Entristeço e espero a morte, mas ainda prefiro a sorte,
pois quanto a ti não esqueço.
Um voo alto rumo a um sonho impossível
que invisível, ao manto da noite embala.
Enquanto dormes te procuro, escuridão,
mas condeno a boca então,
pois que ao invés de falar se cala.
Mas somos pássaros noturnos, daqueles que voam alto
trazendo e levando sonhos, procurando momento oportuno.
Nossos pensamentos ecoam e por mais que as palavras doam
impulsionam novo salto.
Voamos alto rumo ao lugar comum, e
assim como qualquer um, buscamos felicidade.
Sós estamos, sem que nos vejam voar,
restando pouco a falar
pois que ao amor corresponde a verdade.
Toda vez que despertamos, perdemos a essencia de mais um sonho que se vai... E tantos em vão se foram. Cedo ou tarde despertamos à nossa propria revelia.
A vida tinha perdido o brilho. Eu estava só e no escuro. Quem me dera ter um fiapo de luz naquele momento, uma vela que fosse, para que ao menos a minha sombra projetada em qualquer parede me fizesse companhia.
Lagrimas brotavam quentes mas conforme esfriavam lentamente face abaixo, me despertavam daquele sonho ruim.
Eu sentia medo daquele entardecer. A noite sempre me parecera um refúgio nada insólito... cheia de segredos, que servira como esconderijo dos culpados. As noites eram sempre anunciadas com a morte do sol. Mas a esperança amenizava o medo, na profecia anunciada de que o sol nasceria de novo em algum momento.
No final tudo perece, cada qual com seus vermes, seu cupim, sua ferrugem, seu vapor, para em qualquer coisa se transformar, inclusive o nada da indiferença de quem olha.
Não aprendemos nada com as palavras de grandes mestres. Ainda somos surdos para tudo que ainda possam dizer caso aqui ainda estejam, repetindo suas convicções utópicas, como nós próprios o fazemos, mas sem contudo conhecer o conteúdo e o contexto. Nos deixaram paginas amareladas, é certo, mas como somos cegos, de nada servem. Tampouco temos tato, ainda que em braile tais palavas nossas mãos pusessem alcançar. Só nos resta mesmo a fala, mas falar de nada adianta pois não temos consciência nem audiência. Falamos para que nossa saliva seque, para que não escorra pelos cantos das nossas bocas. Somos loucos... sim, loucos de babar.
O meu desejo era de me incorporar a ela, agarrar seus movimentos, beijar seu espírito, chegar perto perto quase que ao ponto de ocupar o mesmo espaço... mas como bom conhecedor das leis da matéria, olhar para ela, mesmo que de longe, me bastava.
Tem dias que sinto que estou com o miolo meio mole... evito abrir a boca com medo que ele vaze por ela.
Entre as coisas que não quero lembrar, e as que não consigo, me deparo com sombras e sobras existenciais que comporam minha vida.
O tempo é a cura, a doença, o amigo presente, o inimigo invisível, as vezes ajuda, outras atrapalha, o tempo leva, o tempo traz, o tempo passa e não volta.
Sinto um vazio e mergulho no nada que representa a minha angústia, então fico contando estrelas que não existem e afundo cada vez mais, esperando que o fundo apareça, mas ele não aparece. Perco de vista o ponto de onde comecei a cair e fico sem referências. Já nao sei mais onde estou. Começo a enxergar o fundo, a realidade, mas na velocidade que caio, o impacto seria forte demais pra mim. O fundo então desaparece, e com ele a realidade e todo esse pensamento. Ja sei novamente onde estou.
Penso que nem sempre a conclusão seja a coisa mais importante, mas sim os argumentos que levam a ela.
Eu estava seguro de mim... até que uma noite acordei por causa de barulhos noturnos.. daqueles que nunca sabemos se são verdadeiros ou não. Aquele era.