Coleção pessoal de JRUnder

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Mortais humanos

E quando dei por mim, escalava a íngreme ladeira da vida.
A brisa das horas batia em meu rosto e acariciava meu cansaço.
Ah! Tempo, tempo...
Por que quanto mais me apresso, mais você se distancia?
São milhões de relógios loucos “tictaqueando” os meus passos, seguindo-me nessa jornada vazia e inexplicável.
O ontem hoje já é passado e corro em busca do amanhã, que não sei o que me reservará. Mas haverá sol e talvez à noite se veja o luar.
Os anos passaram como ventania e enrugaram minha face. Deixaram gravados em meus olhos perdidos a história que me foi emprestada e que interpreto a cada sopro.
Em meio à multidão de iguais, sinto-me diferente, assim como cada um.
Rio-me da soberba, da riqueza dos materiais, do ego maltrapilho.
Mal consigo balbuciar meu grito de liberdade. Pra que? Ninguém o ouvirá.
Será olvidado sob essa montanha de folhas manuscritas, onde se eternizará a saga dos mortais humanos...

⁠Deixe que a vida te leve em suas ondas,tal qual um barco à deriva.
Ou tome o leme em suas mãos enavegue rumo a seu porto.
Mas jamais permita que esta escolha não seja sua.

⁠VIROSE (REFLEXÃO)

Uma virose pode matar milhares de pessoas.
A ignorância tem feito pior e pode destruir toda a humanidade.
Para ambas, existem vacinas.

⁠A beleza mora na paisagem.
A felicidade no olhar.

A Paz.

A paz pode ser apenas olhar o céu.
Pode ser o som do mar no quebrar das ondas,
pode ser o voo do pássaro,
pode ser a gota da chuva que cai e brinca ao desenhar no chão seco...

A paz pode ser um ombro abrigo,
o calor de um abraço, o contágio de um sorriso,
uma palavra amiga, aquela se ouve bem na hora certa...

A paz pode ser ficar, pode ser partir, pode ser um aceno de adeus
ou um agitar de mãos que querem dizer: Olha, cheguei, estou aqui!
A paz pode ser o caminhar inseguro de uma criança
ou o andar apressado que quer chegar ao momento certo.

A paz pode estar no tempo, pode estar no espaço,
pode estar na convivência ou mesmo na ausência.
A paz pode ser branca, ou colorida quem sabe?
Pode estar vindo do sul, do leste, do alto
ou bem do fundo, talvez do fundo da alma.

A paz pode estar no sim, ou não?
O “talvez”, talvez nos dê mais tempo para encontrar a paz.
é... talvez sim, talvez não.
A paz pode estar na esperança de vida
ou na espera da morte.
Pode estar na sorte, pode até ser forte
ou sempre apontar para o norte... Quem pode saber?

A paz pode conter, pode estar contida,
pode ser indolor ou pode até ser doída,
mas se for paz, ser desejada, querida...
Pode ser um caminho ou mesmo um fim,
pode estar em você, pode estar em mim.

Pode fugir, correr, se esconder,
tal qual o menino que brinca nas ruas,
pode ser de alguém, pode ser sua,
pode ser tudo ou até nada ser.

Pode ser encontrada, pode ser perdida.
Pode ser odiada, amada, desejada ou mesmo desprezada,
só não pode quando se tem,
deixar de ser vivida... ⁠

VOCÊ PASSA...

E você passa por mim
Altiva, linda e segura,
Posso até ver sua áurea
E a sua alma, tão pura...

E você passa sorrindo,
Cheia de charme e jeito
Com o olhar, vou seguindo,
E quase explodindo o meu peito.

E você passa cheirosa,
Com esse toque de flor
Nem percebe que eu fico
Aqui, morrendo de amor...

⁠Novo velho ano.
E mais um novo ano se inicia...
Novos objetivos, novas promessas,
Novos prazos, velhos e renovados sonhos.
Porque passamos a maior parte de nossas vidas, sonhando.
Sonhando com o amanhã, com o “quando tivermos”,
Sonhando com o novo, com o “como gostaríamos se fosse”.
E o tempo implacável, passa sem nos dar atenção...
Assim, novos anos se tornaram velhos e deixamos de vivê-los.
E amargamos o quanto deixamos para trás.
Sofremos tentando mudar outras pessoas,
Talvez para conseguirmos que elas nos façam felizes.
Esquecemos de ama-las assim como são.
Por egoísmo quem sabe, julgamo-nos sempre com a razão.
Mas a razão nos entrega menos do que a tolerância e a compreensão.
E passamos toda a vida na expectativa de um novo ano...
Que nunca virá, se o novo não acontecer dentro de nós.

⁠ETERNAMENTE

E a eternidade passou assim, como em um piscar de olhos...
Em um repente, haviam se passado horas, dias, meses, anos, vidas...
Foi tudo tão inesperado que ao abrir os olhos, nada mais era como fora um dia.

A infância, a juventude, a maturidade... Os sonhos, os planos para o futuro.
Ah! O futuro... Hoje ele anda curvado pelo passar dos dias e seu nome agora é: Passado!
Fatos que o tempo transformou em histórias, mesmo que sequer reais possam parecer.

As juras de amor eterno? Sobreviveram às rugas que hoje se estampam em nossos rostos?
Nossos olhares vívidos, em que se parecem com o fosco de nossas vistas cansadas?
Nossos risos abertos, gargalhadas produzidas com uma matéria hoje tão rara: A felicidade.

Não existem mais os largos sorrisos. Um tímido sorrir deixa sempre nos lábios, o desenho de uma saudade.
E a saudade é uma fornalha alimentada pelas chamas das lembranças que ardem sem compaixão consumindo nossa memória.
Não sabemos mais de expectativas, apenas de esperas. Vivemos cada minuto, cada hora, cada dia... Desafiamos o relógio a cada novo segundo.

Hoje sabemos, que o eterno é apenas o quanto se vive, procurando entender o quão longínqua é a eternidade.

⁠EVOLUÇÃO

E as palavras desciam pelas íngremes ladeiras da literatura, como fossem águas advindas de um temporal. Eram verdadeiras torrentes violentas, desprendidas...
Arrastavam impetuosamente qualquer resquício de cultura que encontrassem pela frente!
Eram milhares que se misturavam sem significado algum, mas traziam em si o poder das multidões. O ruído que provocavam era avassalador!

Ah! O poder das palavras... Nunca o subestime...

Mesmo as palavras mais desconexas podem eliminar as razões mais sólidas.
Das bocas que falam; dos sons que emitem; dos bancos que ocupam; dos espaços que tomam.

E os corações se fecharam, por não conseguirem digeri-las.
E as paixões se aquietaram, sem compreendê-las...
E os amores se banalizaram pela superficialidade de seus conteúdos.

Das nascentes contaminadas formam-se rios poluídos pela ignorância secular.
O pensamento não para, o entendimento não chega, os valores se acovardam.
Quando não existe a sabedoria, julga-se pela ausência. E nasce a sentença:
- Que se açoitem os desiguais!

⁠Quando morrem as expectativas, morremos nós...
Talvez isso explique as grandes mudanças que ocorrem com aqueles que viveram a certeza da morte...Que não veio!
É que daí para a frente, viver passa a ser urgente!
É que daí, passamos a viver a prorrogação da partida.
O placar parou empatado e é preciso continuar a jogar!
Talvez vencer a sorte. Quem sabe ir rumo ao norte onde o fim está de mãos dadas com o começo... Ou recomeço.
Corrigir erros, olhar o céu e imaginar o infinito.
Olhar o feio e lhe imaginar muito bonito...
Olhar o que não se entende e entender o que somos: Pequenos demais para carregar prepotências e arrogâncias.
Na prorrogação, outra chance...
A última para dar tudo de si e vencer a inércia e o desinteresse.
E compreender que vencer é apenas um acaso. O importante mesmo, é participar.

⁠SOB A LUZ DA LUA.

Cantei juras, sob a luz da lua.
E ouvi cânticos de amor eterno!
Palavras de encantamento.
Promessas de dias felizes!
A lua, como testemunha...
Na noite, criando matizes.

Talvez o luar possua,
Uma mágica de pura influência,
Uma mágica de rara inocência,
Que nos faça acreditar ...
Que as palavras das ruas
Sob o clarão desta lua
Crie a alquimia do amar.

⁠EU QUERO


Eu quero correr pelas campinas,
Subir ao cume de uma colina,
E bem lá do alto, poder ver o mar.
Sentir a vida, tranquila e serena
Na brisa que sopra suave e amena,
Trazendo magia na luz do olhar.

Eu quero os anseios de uma criança,
Que faz do futuro um lugar de bonança,
De manhãs douradas, noites de luar.
A vida, um ninho criando esperanças,
As horas passadas somando lembranças,
Da felicidade de quem quer sonhar.

Eu quero as certezas da juventude,
De quem por paixão por vezes se ilude,
E crê em um mundo feito de paz.
Nas asas da ave que passa ligeira,
No tempo da vida, igual passageira,
Na força que tem, o poder de amar.

⁠CHORAM OS CÉUS.

Céu cinzento, chuva fina, tarde fria ...
Uma nostálgica névoa, turva minha visão.
Molham os olhos as mágoas,
Que inundam o meu coração.

Apenas restou a tristeza, herança da despedida...
Apenas se viu um aceno. Nas mãos, o sinal da partida.
Restou somente o vazio, na alma de quem ficou.
Assim como as marcas do tempo, que a saudade gravou.

Na velha estação suburbana, sumiram da vista os vagões,
Assim como no peito, findaram as ilusões.
Talvez chorassem os céus, testemunhando a dor,
De quem morria por dentro, vendo partir seu amor.

Os sonhos que foram desfeitos, jamais sairão da memória.
Os dias de felicidade, escreverão nossa história.
Na parede fica uma imagem, retrato de uma paixão...
Que um dia me disse adeus... Deixando-me na solidão.

⁠A ignorância humana manifesta-se em sua pluralidade de formas.
O racismo é apenas uma delas.

Vida

Nasce de uma flor. É apenas mais uma semente de sua espécie.
Cai ao solo, talvez fértil ou talvez árido. Assim já aprenderá que durante toda a sua existência, estará submetida aos fatores “sorte” e “azar”. Nunca em vida saberá exatamente o que significam.
Talvez germine.
Verá ao longo do passar do tempo, muitas alvoradas onde o sol irá presenteá-la com luz, calor e energia.
Assistirá a cada espetáculo do entardecer, sem nunca se cansar de vê-los.
Verá as noites cobrirem com seu manto negro o chão que a acolheu. Em cada uma se deslumbrará com diferentes imagens do infinito, ora apenas vazio, ora forrado de estrelas. Sob a luz da lua, se fará banhar de luar. Será nova, crescente, cheia, minguante...
Talvez cresça, se torne viçosa e adorne a paisagem com seus encantos. Conhecerá muitas espécies de insetos e pássaros que sugarão do seu mel, mas irão lhe fornecer o pólen da vida eterna.
Assim conhecerá o amor e dele fará surgir um novo botão, que protegerá com espinhos, até que se torne uma bela flor.
Assim será, até que suas pétalas percam a cor, o aroma, o brilho e se dobrem, deixando cair ao chão, uma nova semente...

Texto: JRUnderavicius
Direitos reservados

Sobrevoo


Eram deuses no templo aceitando oferendas...
Eram retas no espaço, sentidos opostos
Eram poses nas fotos, eram mares, eram rios...
Eram vidas unidas, eram mundos vazios...

Seja o gado estourado, seja a queda da água,
Seja o sol de amanhã, seja o pouco do nada
Seja o tudo do pouco, seja o quase do fim
Seja o são, seja o louco, seja um pouco de mim...

Tão distante do perto
Tão igual ao espelho
Tão real quanto incerto
Tão sutil... qual guerreiro...

Mostre a uva do vinho, mostre a pedra do tombo
Mostre o ramo do ninho, mostre o reio no lombo,
Mostre o não que consente, mostre o sim que proíbe,
Mostre a dor que se sente, mostre a mão que agride.

Segue o raio da luz, pegue a sombra da ave,
Ouça o grito que dói, o fim da eternidade...
Segue o instinto felino, seja a fome da fera
Siga em frente, caminhe, seja a pedra que espera.

DESENCONTROS


Quem sabe, seja tarde...
Não posso dizer que ainda sejamos os mesmos.
Como poderiamos fingir, quando sentimos que muita coisa mudou.

Quem sabe, nunca mais...
Parece difícil que venhamos a sorrir de forma franca e aberta,
Considerando que hoje, por dentro, nossos mundos estão destruídos e desacreditados.

Quem sabe, venhamos a entender...
E um dia, talvez conseguiremos reconhecer um no outro, alguma razão.
Porque a ferida aberta ainda sangra e agora, estamos acuados e com medo.

Quem sabe, percebamos...
O mal que fizemos e o quanto nos ferimos para fazer valer, nossas verdades.
Falsas verdades que foram nossas bandeiras, cravadas a fundo no nosso amor próprio.

Quem sabe, iremos refletir...
E ver que afinal, somos apenas pessoas que possuem sentimentos.
Que assim como qualquer humano, nos abalamos, sentimos, sofremos e amamos.

Quem sabe, um dia...
Nos encontremos em um momento ou em uma rua qualquer.
Iremos tentar sorrir, fingindo que as mágoas já passaram?

Quem sabe, fique claro...
Que apenas estejamos fazendo parecer ser,
Mas um dia será, sei que sim, só precisamos mesmo, de tempo.

Quem sabe, o perdão chegue...
E venha junto com o entendimento, mas agora, ainda não conseguiremos.
Tudo ainda está recente, latente e marcou demais.

Quem sabe, sejamos felizes...
Afinal, sempre perseguimos a felicidade, não é mesmo?
Mas se não for agora, pode acreditar, nossos corações irão abrandar essa dor.

Quem sabe, voltaremos a amar...
Hoje, parece ser impossível, mas o amanhã irá dizer.
Ainda temos muito a entregar e talvez, depois, reencontraremos a paz.

Quando precisei de você para ser feliz,
eu descobri que me amava.
Quando abri mão da minha felicidade
para que você encontrasse a sua, foi que descobri que te amo.

Virose antiga

Que estranha a humanidade, que precisou de um vírus, para entender a igualdade...
Todos estão solidários, preocupam-se com o futuro...
Até o mais desligado, agora desceu de seu “muro”.
Fico pensando no vírus, que a muito mata de fome, miséria, ignorância... Apenas um vírus sem nome...
Será que se esse vírus, atingisse a todos humanos, todos unidos em um plano, poderiam sobreviver?
Mas essa virose atinge, aqueles que estão distantes, e nem por só um instante, vejo o mundo se mover.
Talvez esse poema, soe como um “casuísmo”,mas o vírus da fome tem nome: Ele se chama: Egoísmo!

ESPERANÇA

Um dia ela chegou...
Sorriso de quem sabe, certeza de quem vive.
Desafiou o impossível, jogou com a razão...
Fez do minuto uma existência, das palavras um elixir mágico,
Das letras, um poema...

Um dia ela chegou,
E no ninho velho e desarrumado deste pássaro errante
O sol amanheceu mais cedo, a lua tardou, o tempo parou
A paisagem se fez quieta. Ninguém mais falava, pois nada mais
Se queria ouvir...

Um dia ela chegou e com seu jeitinho de menina
Fez um coração bater forte, fez vida, fez luz...
Fez renascer o amanhã, na espera do ontem...
Fez do véu da tristeza um manto de alegria.

Um dia ela chegou atrevida
Dizia o não pelo sim, o talvez pela certeza,
Deixava nas entrelinhas, o desejo...
Do acaso fez história, da dúvida acerto...
Fez como chuva que alimenta, no peito cansado brotar forte ...
A flor perfumada do amor...

Um dia ela chegou e como uma deusa,
Tomou posse do meu reino, mudou os móveis, arrumou a casa...
Alterou os rumos, o lado do vento, assim, discreta,
Secreta e apaixonadamente, verdadeira.