Coleção pessoal de jpbueno
— Me explica, por quê essas lembranças têm que ficar?
— Pra você olhar pro passado e pensar “não posso ser idiota daquele jeito novamente”.
Só sei que na vida algumas coisas funcionam assim: ou você tenta e consegue, ou dá errado e você tem que abandonar tudo de vez. E não importa o quanto doa o fato de ter dado errado, você ainda vai ter que suportar a dor de se conformar e seguir em frente de mãos abanando.
Não importa quantos “eu te amo” verdadeiros eu ouça. Nenhum deles fará sentido se não estiver vindo de você.
É terapia… Ligar o som alto, deitar na cama e começar a pensar em tudo aquilo que não deu certo. E sorrir por tudo aquilo que ainda vai dar.
Não importa quantas evidências existam de que a gente nunca vai dar certo, no fundo eu vou continuar acreditando em nós dois.
Você tem um jeito todo complicado e confuso. Uma hora me faz acreditar, em outra me faz arrepender por ter criado tanta expectativa. Sabe quando alguém te diz alguma coisa e você passa dias pensando naquilo, se perguntando se era verdade ou não? Então, você me faz sentir assim. A cada dia você me confunde mais e se torna mais indecifrável. Mas não se preocupa, eu ainda quero ver o que você vai dizer quando eu decifrar cada detalhe teu, quando eu finalmente te entender. Aí é só correr pros teus braços e dizer: você atrapalhou a minha visão, mas mesmo com a vista embaçada eu sabia que o meu caminho era você.
Passaria um dia inteiro apenas olhando nos teus olhos, observando seu sorriso e ouvindo sua voz. Acredite, eu não me cansaria.
— Tem certeza do que está fazendo?
— Não.
— Então por que faz?
— Porque não dá pra ficar parado esperando as dúvidas serem respondidas com o vento. Uma hora a gente tem que arriscar um caminho qualquer mesmo sem ter certeza dele. Só pra ver se com sorte aquele não é o certo.
— E se não for?
— Aí eu digo “pelo menos eu tentei”.
Eu sei que o tempo passa e que as coisas não param de mudar. Que o ponteiro do relógio continua, independente de qualquer coisa — a não ser da bateria. Sei também que daqui alguns meses eu vou olhar pra como eu era antes e me espantar ao ver o quando as coisas mudaram, o quanto eu mudei. Mas às vezes as mudanças são tão imperceptíveis, que tempo passa, tempo voa, e parece que tudo continua igual, monótono. Tempo passa, tempo voa, e demora pra gente notar alguma mudança. Por mais que, de fato, elas estejam mudando o tempo todo.
Sabe aquele meu jeito frio? Ele derrete quando você chega perto. Sabe aquela minha memória fraca? Ela se torna forte quando o assunto é decorar as palavras que você me diz. Sabe aquele meu jeito desatento? Ele se concentra quando é pra te observar. Sabe essa coisa minha de esquecer as coisas com facilidade? Isso muda quando é pra lembrar de você a todo segundo. E sabe aquele meu eu, tão eu? Ele se perde quando o assunto é você.