Coleção pessoal de josepaulorama
Como pode o poeta viver em 2009 ou mais
sem um porto seguro
sem amor
remoendo seus antigos desencantos?
À beira de um mar
Sem cais!!
No burburinho do morro
Sob a atmosfera difusa
A jovem grita e geme
É tudo dor
É suor que salga a boca
Que arde nos olhos
O silêncio se faz
A jovem se cala
Para sempre
Um rebento chora
Não é choro de rebento
Nascido
É choro de rebento
Órfão
Rebento que tudo arrebenta
Rebento que mata
Que manda
Manda no morro
Que odeia
Que odeia a cidade
Que ama
Ama
Se alguém lhe mostrar o amor
O de mãe
O de rapariga
O de barriga cheia
Olha
Lá vai o rebento
Que só tem apelido
Nome ele carrega na cintura
É o cospe-fogo
Coisa de macho
Coisa de vida
Curta
A cada passo
Um tempo a menos
A cada gole
Um homem a menos
É o homem da seleção
Artificial
É o rebento que garante a força do senhor do capital.....
Tome seu tempo como nunca
Beba cada gota e não derrame
Se derramar não chore
Seque com seus poros
Ame segundo a segundo
Beije como nunca
Olhe o seu amor como o mara
Brinque mesmo que não ame
De amar
Peque em porções pequenas
Não confesse
Se valeu à pena
Vague quanto for preciso
Até que encontre no óbvio
O prazer da insanidade
Volte quando quiser
Como foi bom encontrar Aquiles e derrubá-lo do meu calcanhar.
Viver aquém de minha sombra, sem chamá-la de Própria.
É um prazer poder entrar na minha estranha órbita.
É bom ser o pequeno planeta que orbita em volta de ti...meu grande satélite.